Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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32 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />
uncial,20 também chamada maiúscula. Nas inscrições oficiais, essas<br />
letras eram grandes e regulares, destacadas umas das outras. Nos<br />
mss., diferem das unciais das inscrições basicamente pela forma mais<br />
arre<strong>do</strong>ndada de certas letras e por haverem si<strong>do</strong> escritas mais<br />
rapidamente; contu<strong>do</strong>, também não são ligadas umas às outras, não há<br />
espaço entre as palavras, não há pontuação, e as abreviações limitamse<br />
a um setor bem defini<strong>do</strong> de palavras. A forma da escrita é bela e<br />
de fácil leitura, mas exige tempo e espaço.<br />
Havia também outro tipo de escrita, caracterizada por letras<br />
menores geralmente ligadas umas às outras e por isso chamada<br />
cursiva, onde ocorriam ainda muitas contrações e abreviações. Era<br />
usada apenas em escritos corriqueiros, como cartas de família,<br />
recibos, contratos, testamentos e outros. Como não dispomos, porém,<br />
de nenhum <strong>do</strong>s autógrafos <strong>do</strong> n t , apenas podemos supor, com base<br />
nos usos da época e nas cópias mais antigas que sobreviveram, que<br />
eles foram escritos em escrita uncial. O. Roller destaca ainda que, por<br />
ser um tanto áspero, o papiro dificultava o emprego da cursiva, em<br />
que várias letras eram traçadas sem que a pena fosse erguida.21<br />
A partir <strong>do</strong> século IX, com base na cursiva, houve uma reforma na<br />
maneira de escrever, e uma escrita com letras pequenas, chamadas<br />
minúsculas,22 passou a ser usada na produção de livros.23 Eram<br />
20 O termo “uncial” vem <strong>do</strong> latim uncia, que significa “a duodécima parte de um<br />
to<strong>do</strong>”, e designava a princípio a escrita latina empregada em obras literárias, <strong>do</strong><br />
século IV ao v i. Depois passou a designar também a escrita grega de traça<strong>do</strong><br />
análogo. O termo foi emprega<strong>do</strong> pela primeira vez por Jerônimo (no prefácio de<br />
sua tradução latina de Jó), numa citação que permite várias interpretações, sen<strong>do</strong>,<br />
talvez, a mais correta a que se refere à altura das letras, que ocupariam a<br />
duodécima parte de uma linha comum para a escrita.<br />
21 Ap. WiKENHAUSER, Introducción al Nuevo <strong>Testamento</strong>, p. 70.<br />
22 Os termos “cursivo” e “minúsculo” muitas vezes são emprega<strong>do</strong>s de maneira<br />
intercambiável, mas é melhor manter certa distinção entre ambos, ou seja,<br />
empregar o primeiro para a escrita informal de notas pessoais e <strong>do</strong>cumentos nãoliterários<br />
e o segun<strong>do</strong> para a escrita literária desenvolvida a partir da cursiva.<br />
Uma comparação entre notas cursivas que sobreviveram e mss. em minúscula <strong>do</strong><br />
NT mostra que, de fato, existe diferença entre essas duas escritas.<br />
23 Bruce M. METZGER, em Manuscripts o f the Greek Bible, p. 25, declara que<br />
atualmente essa reforma tem si<strong>do</strong> atribuída a humanistas interessa<strong>do</strong>s num<br />
reavivamento cultural em Constantinopla, durante o segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>