Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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ANÁLISE DE TEXTOS • 187<br />
omitida pela versão Siríaca Sinaítica, bem como por importantes Pais<br />
da Igreja, como Clemente de Roma, Clemente de Alexandria,<br />
Orígenes, Cipriano, Cirilo de Jerusalém, Atanásio e vários outros, que<br />
em nenhum momento sequer demonstraram conhecer sua existência;<br />
seus principais testemunhos patrísticos, no to<strong>do</strong> ou em parte, são<br />
Ireneu, Tertuliano e o Diatessaron — não há certeza de que Justino<br />
Mártir estivesse familiariza<strong>do</strong> com ela, pois ele menciona apenas cinco<br />
palavras que ocorrem no versículo 2 0 numa seqüência diferente ( t o u<br />
Àóyou t o u ioxnpoú ôv árcò ’ IepouoaÀfi/i oi òcTióaToA.oi aúuoü<br />
è^eÀOóvTeç Ttaviaxoü èicripuÇav,24 — o que equivale a dizer que os<br />
Pais da Igreja mais antigos que não conheciam esses versículos são<br />
muito mais representativos que aqueles que os conheciam.<br />
Eusébio de Cesaréia, no início <strong>do</strong> século IV, declara que a passagem<br />
estava ausente <strong>do</strong>s mss. mais “exatos”, e que bem poucos eram aqueles<br />
que a continham .25 Por isso, na forma original de seus famosos<br />
cânones, ele não fez nenhuma provisão de seções numeradas <strong>do</strong> texto<br />
de Marcos após 16.8. Nenhum <strong>do</strong>s mss. por ele menciona<strong>do</strong>s, todavia,<br />
sobreviveu; o mais antigo conheci<strong>do</strong> a registrar o referi<strong>do</strong> texto, o<br />
Códice Alexandrino, é <strong>do</strong> século V, e seu tipo de texto nos evangelhos<br />
não é outro senão o bizantino, o mesmo que se perpetuou na tradição<br />
protestante mediante o Texto Recebi<strong>do</strong>. E foi justamente a partir <strong>do</strong><br />
século V que o uso desses versículos começou a tornar-se mais<br />
freqüente, como demonstram os escritos de Afraates, Ambrósio,<br />
Crisóstomo, Epifânio, Dídimo e Marcos, o Eremita. Jerônimo, à<br />
semelhança de Eusébio, também declara que eram poucos os mss.<br />
gregos que continham essa passagem26 e por isso nunca a usou em seus<br />
escritos, mas, por tê-la encontra<strong>do</strong> nos mss. latinos que revisou, acabou<br />
sen<strong>do</strong> o responsável por sua fixação na tradição católica, ao inseri-la<br />
na Vulgata.<br />
Finalmente, deve-se observar que a evidência externa a favor da<br />
chamada pequena conclusão resume-se em testemunhos adicionais que<br />
apóiam a omissão <strong>do</strong>s versículos de 9 a 20, pois ninguém que tivesse<br />
à disposição, como conclusão <strong>do</strong> evangelho de Marcos, os versículos<br />
24 Apologia, I, 45.<br />
25 Para Marino, quest. I, 1.<br />
26 Cartas, CXX, 3.