Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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128 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />
Como resulta<strong>do</strong> de suas investigações sobre a relação entre os<br />
vários testemunhos <strong>do</strong> texto neotestamentário, Westcott e Hort<br />
distinguiram quatro principais famílias textuais, as quais<br />
denominaram: siríaca, ocidental, alexandrina e neutra, sen<strong>do</strong> essa<br />
última a mais importante, por haver preserva<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> pensavam,<br />
uma forma textual relativamente pura, bem próxima <strong>do</strong>s autógrafos,<br />
sen<strong>do</strong> representada principalmente pelo Códice Vaticano e depois pelo<br />
Sinaítico. Eles afirmavam que não era seguro rejeitar totalmente<br />
nenhuma variante desses <strong>do</strong>is mss. e que suas leituras combinadas<br />
podiam seguramente ser aceitas como genuínas, a menos que houvesse<br />
forte evidência interna que demonstrasse o contrário.49<br />
Evidentemente, essa opinião não era partilhada pelos defensores <strong>do</strong><br />
Texto Recebi<strong>do</strong>, o qual, apesar de praticamente não ser mais aceito<br />
nos círculos acadêmicos, ainda o era pelas lideranças eclesiásticas; e,<br />
dentre aqueles que se opuseram a Westcott e Hort, destacam-se John<br />
W. Burgon, Frederick H. A. Scrivener, George Salmon e Edward<br />
Miller, religiosos e pesquisa<strong>do</strong>res de relativa influência na Inglaterra,<br />
mas os argumentos que apresentaram não tiveram a ressonância<br />
esperada e, após morrerem, pode-se dizer que a polêmica foi para<br />
sempre encerrada.50 A teoria textual de Westcott e Hort representou<br />
para o Texto Recebi<strong>do</strong> o que Colwell chamou de “tiro de<br />
misericórdia” ,51 aquele que provocou sua derrota final, embora ainda<br />
m Veja p. 559-60.<br />
50 O Texto Recebi<strong>do</strong> continua a ter uns poucos defensores, principalmente nos<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Em 1956, Edward F. Hills publicou, em Des Moines, o livro<br />
The King James Version Defended! A Christian View o f the New Testament<br />
Manuscripts. Ataque um pouco mais recente ao texto crítico veio em 1977, por<br />
Wilbur N. Pickering, em sua obra The Identity of the New Testament Text,<br />
publica<strong>do</strong> em Nashville. Em 1982, Arthur L. Farstad e Zane C. Hodges<br />
editaram, também em Nashville, The Greek New Testament According to the<br />
Majority Text. Além disso, há o popular H KAINH AIA9HKH, freqüentemente<br />
edita<strong>do</strong> em Londres pela Sociedade Bíblica Trinitariana, que tem como autoridade<br />
primária a edição de Beza de 1598 e corresponde ao The New Testament in the<br />
Original Greek According to the Text Followed in the Authorized Version, edita<strong>do</strong><br />
por Scrivener e publica<strong>do</strong> em Cambridge em 1894 e 1902. Essas obras, todavia,<br />
não têm encontra<strong>do</strong> resposta favorável, senão em alguns círculos muito restritos.<br />
51 Op. cit., p. 35.