Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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16 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />
originais <strong>do</strong> NT foram li<strong>do</strong>s e reli<strong>do</strong>s pelos cristãos apostólicos até se<br />
desfazerem por completo e literalmente caírem aos pedaços. Seja<br />
como for, perderam-se to<strong>do</strong>s. Providencialmente, porém, antes que se<br />
tornassem ilegíveis ou desaparecessem, foram copia<strong>do</strong>s. Isso leva-nos<br />
ao segun<strong>do</strong> fator que evidencia a seriedade <strong>do</strong> problema em questão:<br />
os erros introduzi<strong>do</strong>s no texto mediante o processo de cópias manuais.<br />
As cópias <strong>do</strong>s autógrafos, por sua vez, converteram-se em originais<br />
no que diz respeito a outras cópias, e assim sucessivamente. Durante<br />
esse processo de cópias e recópias manuais, que se estendeu por 14<br />
séculos até a invenção da imprensa, inevitavelmente muitos e varia<strong>do</strong>s<br />
erros foram cometi<strong>do</strong>s, resulta<strong>do</strong> natural da fragilidade humana. E, à<br />
medida que aumentavam as cópias, mais se multiplicavam as<br />
divergências entre elas, pois cada escriba acrescentava os próprios<br />
erros àqueles já cometi<strong>do</strong>s pelo escriba anterior. E essas variantes<br />
textuais10 têm suscita<strong>do</strong> sério problema para os estudiosos <strong>do</strong> n t —<br />
dan<strong>do</strong> margem para que os céticos questionem sua pureza textual:<br />
“Qual a forma correta <strong>do</strong> texto, ou que dizia exatamente o original?” .<br />
A essa pergunta é que tratam de responder os críticos textuais. Seu<br />
objetivo é examinar criticamente a tradição manuscrita, avaliar as<br />
variantes e reconstruir o texto que possua a maior soma de<br />
probabilidades de ser o original ou a forma primitiva <strong>do</strong> autógrafo.<br />
Esse objetivo, por si só, já traduz toda a importância da crítica<br />
textual, pois, se os mss. apresentam divergências e nós não podemos<br />
recorrer aos originais para verificar a forma correta, então a<br />
credibilidade <strong>do</strong> texto sagra<strong>do</strong> que chegou até nós aparentemente<br />
estaria por demais ameaçada. Conseqüentemente, o próprio corpo<br />
<strong>do</strong>utrinário e ético <strong>do</strong> cristianismo estaria ameaça<strong>do</strong>, além da própria<br />
historicidade de seus <strong>do</strong>cumentos originais, o que seria ainda pior. Sir<br />
Edwyn Hoskyns e Noel Davey colocaram a questão da seguinte<br />
forma:<br />
Se o exame <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> de importantes palavras gregas que<br />
aparecem muitas vezes nos <strong>do</strong>cumentos <strong>do</strong> NT suscita grave<br />
problema histórico, visto que apontam para um acontecimento<br />
10 Variantes: assim chamadas as diferentes formas conhecidas <strong>do</strong> mesmo texto,<br />
conforme encontradas nos diversos mss.