Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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O PREPARO DOS MANUSCRITOS • 29<br />
Eusébio de Cesaréia de providenciar 50 cópias das Escrituras para as<br />
igrejas de sua recém-inaugurada capital junto ao Bósforo,<br />
Constantinopla, conta-nos Eusébio haverem si<strong>do</strong> elas requeridas em<br />
pergaminho.11 E Jerônimo, pouco depois, relata que os volumes da<br />
biblioteca que procedia de Orígenes e Panfílio, em Cesaréia, foram<br />
substituí<strong>do</strong>s, pelo Bispo Acácio e seu sucessor Euzóio, por outros<br />
escritos em pergaminho.12 O trabalho foi realiza<strong>do</strong> aproximadamente<br />
entre os anos de 340 e 380, à custa de grandes gastos, mas conseguiuse<br />
assim evitar que as obras se perdessem.<br />
A escrita sobre o pergaminho era feita com penas de bronze ou<br />
cobre; também se usavam remígios de ganso, que depois chegaram<br />
mesmo a suplantar as penas metálicas. A tinta era uma combinação de<br />
substâncias vegetais ou minerais, e podia ser de várias cores,<br />
incluin<strong>do</strong> a <strong>do</strong>urada e a prateada, porém as mais usadas eram a preta<br />
ou a vermelha. As linhas eram feitas com estiletes, e, além das<br />
horizontais, havia também as verticais, que demarcavam as margens<br />
de cada uma das colunas <strong>do</strong> texto. A escrita, porém, não era feita<br />
acima das linhas, como se faz hoje, mas os antigos escribas<br />
(,Ka\\Lypá4>oi) normalmente escreviam abaixo delas, isto é, faziam<br />
com que as letras pendessem da face inferior da linha.<br />
O pergaminho, no entanto, era muito caro, e, quan<strong>do</strong> determinada<br />
obra não possuía mais valor, sua escrita original era raspada para que<br />
o material pudesse receber novo texto. O pergaminho submeti<strong>do</strong> a<br />
esse processo é chama<strong>do</strong> palimpsesto (Tra.\íp.\pr}OToç).n E, como<br />
geralmente o texto raspa<strong>do</strong> é mais valioso para a crítica textual, têm-se<br />
emprega<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s para que se possa restaurar a escrita<br />
original. Os reagentes químicos, que antes eram usa<strong>do</strong>s,<br />
freqüentemente estragavam o pergaminho. Hoje, com a chamada<br />
fotografia de palimpsesto, tem-se um méto<strong>do</strong> livre desse<br />
inconveniente, e com melhores resulta<strong>do</strong>s. O processo consiste em<br />
iluminar o pergaminho com raios ultravioleta, pelo que ele se torna<br />
fluorescente, enquanto a escrita irradiada permanece quase escura.<br />
Para isso, porém, é necessário que no texto <strong>do</strong> ms. se hajam<br />
11 Vida de Constantino, IV, 36.<br />
12 Cartas, XXXIV, 1.<br />
13 De “de novo”, e \páoi, “raspar”.