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Critica-Textual-do-Novo-Testamento

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ANÁLISE DE TEXTOS • 203<br />

outra vez em to<strong>do</strong> o NT.<br />

Com relação ao estilo, não 6 difícil perceber que o relato to<strong>do</strong> tem<br />

muito mais afinidade literária com os sinóticos que com João, mas há<br />

também afinidades lingüísticas, como as seguintes: òpdpov (8 .2 ), como<br />

em Lucas 24.1, quan<strong>do</strong> o costume ile João é usar irput (18.28; 20.1);<br />

Aaóç (8.2) é usa<strong>do</strong> muitas vezes em Mateus e Lucas, ao passo que é<br />

muito raro em João, que prefere ôxXoç; à i r ò t o v vvv (8.11) não é<br />

encontra<strong>do</strong> em João, mas é freqüente em Lucas (1.48; 5.10; etc.).<br />

Além dessas, existem ainda aquelas construções que simplesmente são<br />

um tanto estranhas à dicção joanina, como o uso freqüente de ôé em<br />

vez <strong>do</strong> ovv de João, e Tropevofim eiç (7.53), sen<strong>do</strong> que o apóstolo<br />

prefere irpóç (14.12, 28; 16.28; etc., embora eiç seja usa<strong>do</strong> em<br />

7.35) . 47 Na verdade, to<strong>do</strong> o relato parece estranho ao texto de João,<br />

sen<strong>do</strong> muito pouco apropria<strong>do</strong> o lugar que ocupa, entre 7.52 e 8 .12.<br />

Conclusão. Com base nas evidências tanto externa quanto interna,<br />

portanto, parece não haver dúvida de que a perícope da adúltera não<br />

é de origem joanina. Os editores <strong>do</strong> The Greek New Testament<br />

descrevem essa evidência como “esmaga<strong>do</strong>ra” .48<br />

Tem-se afirma<strong>do</strong>, às vezes, que o relato teria si<strong>do</strong> deliberadamente<br />

omiti<strong>do</strong> <strong>do</strong> quarto evangelho, porque poderia ser entendi<strong>do</strong> como uma<br />

espécie de indulgência para com o adultério. 49 E há uma declaração<br />

de Agostinho na qual ele afirma que certas pessoas haviam tira<strong>do</strong> de<br />

seus códices tal seção por temerem que as mulheres a usassem como<br />

desculpa para sua infidelidade.50 Todavia, em que pese toda a<br />

austeridade ascética que de fato existiu entre os séculos II e iv, essa<br />

hipótese é enfraquecida pela completa ausência de qualquer excisão<br />

escribal de uma passagem tão extensa unicamente para salvaguardar<br />

a moralidade, e além disso ela não consegue explicar, por exemplo,<br />

porque os três versículos preliminares (7.53—8.2), tão importantes<br />

para situar no tempo e no espaço os discursos <strong>do</strong> capítulo oito, teriam<br />

47 Para maiores detalhes, veja Henry Alford, The Greek Testament, v. 1, p. 785­<br />

90.<br />

48 M etzger, A textual commentary on the Greek New Testament, p. 219.<br />

49 Veja John Peter Lange, Commentary on the Holy Scriptures, v. 17, p. 270.<br />

50 O adultério conjugal, II, 7.

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