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Critica-Textual-do-Novo-Testamento

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FONTES DOCUMENTAIS • 59<br />

continuaram aumentan<strong>do</strong> em número e variedade à medida que a fé<br />

cristã se difundia cada vez mais. As mais antigas e importantes são a<br />

Siríaca, a Latina e a Copta, as quais remontam a protótipos gregos<br />

anteriores à grande maioria <strong>do</strong>s mss. gregos hoje conheci<strong>do</strong>s. Assim,<br />

embora os mais antigos mss. sobreviventes dessas versões não<br />

ultrapassem o início <strong>do</strong> século IV ou, quan<strong>do</strong> muito, o final <strong>do</strong> III, o<br />

texto que evidenciam representa um estágio de desenvolvimento<br />

provavelmente não posterior ao final <strong>do</strong> século li.28 Daí o valor das<br />

versões para a crítica textual não estar propriamente nelas mesmas,<br />

mas nas indicações que dão <strong>do</strong> texto grego de que foram traduzidas.<br />

Convém destacar, no entanto, que as versões só devem ser usadas<br />

com muita cautela como testemunhas <strong>do</strong> texto grego, em razão das<br />

limitações que mesmo as mais antigas apresentam. Além de algumas<br />

delas haverem si<strong>do</strong> preparadas por pessoas sem completo <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong><br />

grego, 29 há também o fato de que a sintaxe e o vocabulário gregos<br />

apresentam peculiaridades não encontradas em outras línguas. O latim,<br />

por exemplo, não possui artigo defini<strong>do</strong>, o siríaco não pode distinguir<br />

entre o aoristo e o perfeito gregos e o copta não tem voz passiva.<br />

Muitas vezes, uma variante de versão não passa de simples<br />

interpretação de um texto grego difícil. Há que se destacar ainda que,<br />

ao serem copiadas e recopiadas, as versões também ficaram expostas<br />

aos mesmos erros cometi<strong>do</strong>s nos mss. gregos. De qualquer maneira,<br />

as primeiras versões permitem-nos retroceder a uma forma <strong>do</strong> NT que,<br />

<strong>do</strong> ponto de vista cronológico, aproxima-se quase como nenhuma<br />

outra <strong>do</strong> texto original e possibilitam conclusões seguras a respeito <strong>do</strong><br />

texto grego que se achava em uso nos lugares onde foram feitas.<br />

2H Werner Georg KÜMMEL, Introdução ao <strong>Novo</strong> <strong>Testamento</strong>, p. 695.<br />

Referin<strong>do</strong>-se às primeiras traduções latinas, Agostinho declarou: “Os que<br />

traduziram as Sagradas Escrituras <strong>do</strong> hebraico para o grego podem ser conta<strong>do</strong>s,<br />

mas os tradutores latinos não o podem, pois cada um em cujas mãos caía um<br />

códice grego, nos primeiros tempos da fé, imaginan<strong>do</strong> possuir certo conhecimento<br />

de ambas as línguas, atrevia-se a traduzir” (A <strong>do</strong>utrina cristã, II, 11).

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