Critica-Textual-do-Novo-Testamento
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196 • CRÍTICA TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO<br />
Os mss., portanto, dividem-se em basicamente duas leituras: de um<br />
la<strong>do</strong>, aqueles que omitem a expansão ou incluem-na com suspeitas de<br />
corrupção (indicada pelos asteriscos ou óbelos); de outro, aqueles que<br />
a incluem sem nenhuma restrição crítica (a variante 2), embora isso não<br />
signifique uniformidade textual. O aparato crítico revela que os<br />
testemunhos a favor <strong>do</strong> versículo 4 exibem diversas variações na forma<br />
como o texto foi preserva<strong>do</strong>, o que sem dúvida ajuda no julgamento da<br />
questão.<br />
Evidência externa. A análise <strong>do</strong>s testemunhos é bastante conclusiva.<br />
Por meio dela, verificamos que a expansão está ausente <strong>do</strong>s melhores<br />
e mais antigos mss. gregos, como os Códices Sinaítico e Vaticano e<br />
<strong>do</strong>is <strong>do</strong>s Papiros Bodmer (P66 e P75), que estão entre as mais antigas<br />
cópias <strong>do</strong> evangelho de João; e também está ausente das versões Siríaca<br />
Curetoniana, Copta Saídica, alguns mss. da Antiga Latina e o<br />
verdadeiro texto da Vulgata de Jerônimo (vgww). Outro importante fator<br />
é que, em mais de 20 mss. gregos que contêm a leitura (incluin<strong>do</strong>-se<br />
S, A, n , 047, 1079 e 2174), ela está assinalada como espúria, mediante<br />
o emprego de asteriscos ou óbelos. Por fim, os demais mss. que<br />
incluem o versículo 4 apresentam tanta variedade de formas em que o<br />
texto foi transmiti<strong>do</strong> que sua integridade textual fica seriamente<br />
comprometida.<br />
Assim, embora a leitura pareça remontar a uma época bastante<br />
antiga, como demonstram o Diatessaron e alguns mss. antigo-latinos e<br />
coptas, ela esteve completamente ausente da tradição manuscrita grega<br />
até o século V, o que é suficiente para que seja reputada como<br />
secundária.<br />
Evidência interna. Mediante as considerações internas, a conclusão<br />
anterior ganha ainda muito mais força. Quanto ao vocabulário,<br />
verificamos que a expansão contém vários termos ou expressões<br />
estranhos à dicção joanina, como ÉKÔexo/xai e K Ív r |a iç (final <strong>do</strong> v. 3),<br />
e íca ià Kocipóv, é/xPcavto (com o senti<strong>do</strong> de “entrar no tanque” ou “na<br />
água”), Tcxpaxfb koítexco e voorj/xcx (v. 4), sen<strong>do</strong> que k í v t |o i ç ,<br />
Tcxpax^ e v o a r i a ocorrem somente aqui em to<strong>do</strong> o NT.<br />
Com respeito à teologia, os problemas são ainda maiores, pois o<br />
versículo 4 sugere que o sistema de curas em Betesda era por demais