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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

168<br />

MATERIAIS & MÉTODOS<br />

A RNV localiza-se no norte do Espírito Santo,<br />

sobre terrenos com pequena variação de altitude,<br />

geralmente entre 30 e 60 m. O clima é considerado<br />

estacional, embora a vegetação florestal seja<br />

classificada como Floresta Estacional Perenifólia.<br />

Para o período de janeiro de 1975 a dezembro de<br />

2004, a precipitação média anual foi igual a 1.227<br />

mm (desvio padrão ± 273 mm), a temperatura<br />

média anual foi de 23,3 o C, variando muito pouco<br />

ao longo do ano, entre 20,0 o C e 26,2 o C (médias<br />

das mínimas e máximas anuais). A umidade relativa<br />

média anual foi de 85,8%, também variando muito<br />

pouco ao longo do ano, entre 82,2% e 89,2%<br />

(Rolim et al., 2016a).<br />

Na RNV ocorrem quatro tipos principais de<br />

fisionomias vegetais. A de maior extensão é a Floresta<br />

de Tabuleiro, uma fisionomia florestal madura sobre<br />

Argisolos Amarelos, onde as árvores chegam a<br />

atingir mais de 35 m de altura (Jesus & Rolim, 2005;<br />

Peixoto et al., 2008). As florestas de muçununga<br />

ocorrem geralmente como enclaves no interior<br />

da Floresta de Tabuleiro, sobre depósitos arenosos<br />

(espodossolos), onde o dossel atinge cerca de 10 m<br />

de altura e ocorre grande penetração de luz no subbosque<br />

(Simonelli et al., 2008). Nesta fisionomia,<br />

os solos são pobres e existe um grande estresse<br />

hídrico, os quais são limitantes para o crescimento<br />

das árvores (Saporetti-Júnior et al., 2012).<br />

Os campos nativos ou “nativo” é uma fisionomia<br />

variando de herbácea a arbustiva, ocorrendo<br />

também sobre solos arenosos e pobres. Do ponto<br />

de vista florístico o nativo é uma vegetação de<br />

restinga, embora alguns autores prefiram fazer<br />

a diferenciação fisionômica, deixando o termo<br />

restinga para a vegetação que ocorre sobre os<br />

terraços marinhos do quaternário (Araujo et al.,<br />

2008). Esta fisionomia é considerada por alguns<br />

uma variação da muçununga, assim como a<br />

variação que ocorre entre fisionomias de cerrado<br />

(Meira-Neto et al., 2005). A variação fisionômica<br />

nos campos nativos é provavelmente condicionada<br />

pela frequência e duração do alagamento do solo<br />

em épocas chuvosas (Ferreira et al., 2014).<br />

Uma análise detalhada do mapa da RNV,<br />

apresentado na abertura deste livro, apresenta as<br />

fisionomias vegetais da reserva numa imagem de<br />

satélite (Figura 1).<br />

As áreas permanentemente inundadas, aqui<br />

denominadas várzeas, também apresentam um<br />

gradiente fisionômico difícil de definir, podendo<br />

variar de herbáceas a arbóreas com dossel a 12 m<br />

de altura (Peixoto et al., 2008).<br />

Para elaborar a lista de angiospermas foram<br />

consultados 15.568 registros do Herbário CVRD,<br />

da RNV, depositados até a data de 28 de janeiro<br />

de 2016, sendo excluídas as briófitas, monilófitas<br />

e licófitas (tratadas em outros capítulos deste<br />

livro), as coletas realizadas fora dos limites da<br />

RNV e os registros indeterminados. Contudo,<br />

espécies colocadas apenas até gênero, mas que<br />

são consideradas por especialistas como “novas”<br />

foram mantidas na lista. Gêneros sem a completa<br />

identificação até espécie, mas com apenas uma<br />

espécie também foram mantidos na lista. Apenas<br />

para Myrtaceae foram mantidas algumas morfoespécies.<br />

Espécies naturalizadas, exóticas e/<br />

ou ruderais foram excluídas do presente estudo,<br />

seguindo recomendação de Moro et al. (2012).<br />

Algumas poucas espécies sem duplicatas no<br />

Herbário CVRD foram incluídas, após a confirmação<br />

de especialistas, utilizando-se os dados de exsicatas<br />

depositadas em outras coleções. A lista de espécies<br />

foi submetida à checagem de nomes através da<br />

ferramenta Plantminer (Carvalho et al., 2010),<br />

o qual faz uma correção automática dos nomes<br />

válidos e sinônimos, através de consulta à Lista de<br />

Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.<br />

gov.br). Posteriormente, a listagem foi checada<br />

para verificar inconsistências.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Riqueza de espécies<br />

Foram contabilizadas 1.999 espécies de<br />

angiospermas na RNV, distribuídas por 145 famílias<br />

(Anexo 1). Esse número representa 13,5% do<br />

total de Angiospermas citadas para a Floresta<br />

Atlântica (Stehmann et al., 2009). O número de<br />

registros indeterminados é de 480, pertencentes<br />

principalmente às famílias Salicaceae, Myrtaceae,<br />

Euphorbiaceae, Rubiaceae, Marantaceae,<br />

Solanaceae, Fabaceae e Peraceae. Assim, é possível<br />

que a riqueza aumente sensivelmente com a<br />

identificação destes materiais.<br />

As famílias mais ricas em espécies na RNV são<br />

Fabaceae (186), Myrtaceae (116), Orquidaceae

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