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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Belém diz respeito a pesquisas de longo prazo.<br />

Sabe-se que pesquisas de longo prazo podem<br />

produzir dados essenciais para o entendimento<br />

das alterações ambientais e para subsidiar ações<br />

e programas de manejo visando adaptações ou<br />

mitigações de impactos de larga escala (Barbosa,<br />

2013). Pesquisas de longa duração instaladas<br />

na RNV, algumas com quase meio século, são de<br />

importância ímpar e necessitam ser não apenas<br />

mantidas, mas monitoradas, de modo a possibilitar<br />

respostas a perguntas chave em ecologia, manejo<br />

e conservação em florestas tropicais. O Conselho<br />

Nacional de Desenvolvimento Científico e<br />

Tecnológico (CNPq) desde 1999 tem investido em<br />

programas de Pesquisa Ecológica de Longa Duração<br />

(Peld) e, desde 2004 no Programa de Pesquisa em<br />

Biodiversidade (PPBio), por considerar a importância<br />

que estes estudos vêm ganhando no cenário<br />

mundial. Acompanhar experimentos, por longos<br />

períodos, buscando entender o comportamento<br />

das espécies em ambientes naturais e quando<br />

submetidas a cultivo e reintrodução em programas<br />

de restauração ambiental, são fundamentais para o<br />

planejamento de estratégias de conservação para a<br />

mata atlântica e para as florestas tropicais em todo<br />

o mundo, especialmente em função dos futuros<br />

cenários do clima.<br />

A quarta prioridade refere-se à restauração<br />

da Mata Atlântica. O Pacto para Restauração da<br />

Mata Atlântica propôs um objetivo ambicioso de<br />

restaurar mais de 15 milhões de ha até 2050, o que<br />

pode aumentar a cobertura vegetal em até 30%,<br />

conectar fragmentos e viabilizar a conservação<br />

em grande escala (Calmon et al., 2011), embora a<br />

legislação brasileira em vigor (Lei Federal 12.651,<br />

de 12/05/2012) possa dificultar que esta meta<br />

seja atingida (Garcia et al., 2013). No Espírito Santo<br />

a área estimada para restauração é de pouco mais<br />

de 1,04 milhão de ha. Se fosse admitido plantar<br />

em 50% desta área, com uma densidade de 1.111<br />

mudas/ha e estimando-se a mortalidade de mudas<br />

em 20%, seriam necessárias quase 700 milhões de<br />

mudas. Ou seja, para atingir 50% da meta proposta<br />

no Pacto da Mata Atlântica, seriam necessárias 23<br />

milhões de mudas ao ano. Se considerarmos apenas<br />

a Floresta de Tabuleiro do norte do Espírito Santo,<br />

são cerca de 7 a 10 milhões de mudas ao ano,<br />

durante 30 anos. Tecnologia e pessoal treinado<br />

não faltam, mas faz-se necessário uma estreita<br />

parceria pública-privada, e principalmente, o<br />

desejo dos proprietários de terras em adequar suas<br />

propriedades agrícolas.<br />

Embora a chamada “consciência<br />

conservacionista” esteja muito mais difundida<br />

hoje na sociedade, ainda são grandes os conflitos<br />

de interesses nas negociações e especialmente<br />

em práticas que visem conciliar a expansão de<br />

atividades ditas geradoras de riquezas econômicas<br />

e a conservação de espécies e dos ambientes onde<br />

elas vivem. Um traço inicial da RNV – a sua ligação<br />

e envolvimento em parcerias com instituições e<br />

organizações do Brasil e do exterior, par a par com<br />

o setor empresarial e político – possibilitou que<br />

circulassem ideias, fluíssem debates em atividades<br />

de campo diversas, em cursos ou disciplinas de pósgraduação<br />

e graduação, em publicações e exposição<br />

em eventos. Essa cooperação interinstitucional,<br />

ao mesmo tempo em que ajudava a estabelecer<br />

um nicho próprio de experimentação em campo<br />

na área da RNV, criava possibilidades de levar os<br />

resultados para implantação de programas em<br />

outros ambientes, enriquecidos pelas discussões<br />

que provocava, propiciando a geração de<br />

conhecimentos e o desenvolvimento de ações de<br />

conservação e restauração ambiental.<br />

Tomamos a liberdade de afirmar que os<br />

ensinamentos foram aprendidos. A equipe de<br />

técnicos da RNV e os cientistas e estudantes de<br />

diferentes instituições do Brasil e do exterior que lá<br />

trabalharam e aqueles que lá trabalham atualmente<br />

vêm demonstrando compromisso de preservar<br />

as lições aprendidas e disponibilizá-las para a<br />

sociedade.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Aguirre, A. 1951. Sooretama – Estudo sobre o parque<br />

da reserva, refúgio e criação de animais silvestres,<br />

“Sooretama”, no município de Linhares, Estado do<br />

Espírito Santo. Rio de Janeiro: Min. Agricultura-<br />

Serviço de Informação Agrícola, 49p.<br />

Barbosa, F.A.R. 2013. Uma breve história do Programa<br />

de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD-<br />

CNPq), do Brasil: da semente ao fruto. P 13-27. In:<br />

Tabarelli, M. et al. (Eds.) PELD-CNPq Dez anos do<br />

Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração<br />

no Brasil: Achados, Lições e Perspectivas. Editora<br />

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