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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 10: Curva do coletor relativa às amostras fecais<br />

de morcegos capturados com redes de neblina durante<br />

o período noturno na Reserva Natural Vale, estado do<br />

Espírito Santo, sudeste do Brasil.<br />

Assim como na amostragem por meio<br />

dos coletores, interações identificadas pelas<br />

amostras fecais e por diásporos transportados<br />

oralmente mostram um predomínio no uso de<br />

espécies pioneiras e secundárias iniciais (82%)<br />

e de porte arbóreo (59%). Além disso, também<br />

predominou a endozoocoria (91%), havendo<br />

apenas duas espécies cujo diásporo foi trazido<br />

na boca dos morcegos (estomatocoria). Essas<br />

espécies estomatocóricas foram as mesmas<br />

registradas nos coletores de sementes<br />

(Byrsonima stipulacea e Humiriastrum<br />

mussunungense). Também foi registrado o<br />

uso de uma espécie exótica, a Mimosaceae<br />

australiana Acacia mangium, por morcegos.<br />

Artibeus lituratus e C. perspicillata (Figura<br />

6) foram os morcegos mais abundantes na<br />

RNV, representando, respectivamente, 27% e<br />

24% das capturas entre os indivíduos dos quais<br />

se obteve amostras fecais ou orais, enquanto<br />

a terceira espécie mais abundante, Artibeus<br />

obscurus, correspondeu a apenas 7% da<br />

amostra (Tabela 4). Embora ambos representem<br />

cerca de 25% das capturas, C. perspicillata<br />

alcançou IID quase duas vezes maior do que A.<br />

lituratus, tendo apresentado amostras fecais<br />

positivas para diásporos em cerca de 50% das<br />

capturas, contra 27% dessa última espécie. Em<br />

número de diásporos, tanto A. lituratus (47%)<br />

quanto C. perspicillata (39%) tiveram elevada<br />

contribuição (Tabela 5).<br />

Carollia perspicillata consumiu frutos de 14<br />

espécies em nove famílias, mas 88% de suas<br />

amostras fecais continham diásporos de apenas<br />

três famílias (Solanaceae, 55%; Clusiaceae, 39%<br />

e Piperaceae, 33%), com um gênero em cada<br />

(Solanum, Vismia e Piper). Artibeus lituratus<br />

interagiu com um número similar de espécies<br />

(n = 12) e com o mesmo número de famílias,<br />

mas 87% de suas amostras fecais/orais eram<br />

de Urticaceae (49%) e Moraceae (18%), com<br />

apenas dois gêneros representados (Cecropia<br />

e Ficus). Embora A. lituratus e C. perspicillata<br />

tenham preferências alimentares distintas,<br />

elas compartilham seis itens alimentares<br />

(Tabela 5). Artibeus obscurus e P. recifinus<br />

apresentaram padrão similar ao de A. lituratus<br />

(dominância de Cecropia spp.), enquanto<br />

Vampyressa pusilla utilizou principalmente<br />

Ficus spp.. Para Sturnira spp. (Figura 6), apenas<br />

uma dentre as 12 amostras fecais obtidas<br />

não continham diásporos pertencentes ao<br />

gênero Solanum. Chiroderma villosum (Figura<br />

6) consumiu apenas Ficus sp. e apresentou<br />

número relativamente elevado de sementes<br />

nas três amostras fecais obtidas para essa<br />

espécie (n = 47, 65 e 67). Rhinophylla pumilio<br />

(Figura 6) foi a terceira espécie em número de<br />

amostras fecais e interagiu com nove plantas<br />

de seis famílias (Tabela 5). Houve domínio de<br />

Clusiaceae (41%) nas amostras dessa espécie,<br />

mas o consumo de Araceae também deve ser<br />

destacado, visto que 50% das amostras fecais<br />

nas quais essa família foi registrada foram<br />

produzidas por R. pumilio (C. perspicillata e<br />

A. lituratus produziram as demais). Outras<br />

interações que merecem destaque são as de<br />

B. stipulacea e H. mussunungense (Figura 11)<br />

com A. lituratus. Esse morcego foi o único<br />

observado consumindo frutos dessas plantas,<br />

sendo a última delas endêmica da Floresta de<br />

Muçununga da RNV.<br />

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