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RESERVA NATURAL VALE

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LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

da Reserva, sugere ampla gama de interações Morcegos frugívoros são bem conhecidos<br />

(Fleming, 1991; Kalko et al., 1996; Lobova et por suas interações mutualísticas (Mello et al.,<br />

al., 2009). Conforme esperado, A. lituratus e C. 2011), mas em pelo menos duas situações podem<br />

perspicillata, espécies mais comuns na RNV e ter impacto negativo nas comunidades em que<br />

com maiores índices de importância de dispersão, atuam. A primeira delas seria quando morcegos<br />

mantiveram como núcleo de sua dieta gêneros atuam como predadores de diásporos e não<br />

usualmente a elas associados (Cecropia e Ficus, e como dispersores (Nogueira & Peracchi, 2003;<br />

Piper e Vismia, respectivamente) (Gonçalves da Wagner et al., 2015). Embora morcegos do gênero<br />

Silva et al., 2008; Lobova et al., 2009; Mello et al., Chiroderma apresentem modificações morfológicas<br />

2011). Carollia perspicillata também se alimentou e comportamentais que aparentemente evoluíram<br />

muito frequentemente de solanáceas, o que já havia para o uso eficiente dos recursos nutricionais das<br />

chamado a atenção de Pedro & Passos (1995) sementes de Ficus (Nogueira et al., 2005; Wagner<br />

durante breve estudo na RNV. Esses autores et al., 2015), no presente estudo foi evidenciado<br />

sugeriram que a elevada intensidade no uso de um número relativamente elevado de diásporos<br />

solanáceas por C. perspicillata pode estar associada não danificados em amostras fecais de C. villosum.<br />

à abundância relativamente baixa de Sturnira spp. Ao contrário das amostras com poucos diásporos,<br />

na Reserva (espécies fortemente associadas a essa que sugerem ter havido predação, mas não total<br />

família botânica), o que ainda precisa ser testado, (p. ex. alguns diásporos escapam da quebra e são<br />

levando-se em consideração a disponibilidade de engolidos), esses casos indicam que a adoção dessa<br />

piperáceas e solanáceas na região.<br />

estratégia pode ser facultativa. Na segunda situação<br />

Embora a maioria das espécies com as quais de interação mutualística com impacto negativo,<br />

morcegos frugívoros interagiram na RNV apresente morcegos podem atuar como disseminadores de<br />

hábito arbóreo, as aráceas constituem notável plantas exóticas, o que já foi demonstrado em<br />

exceção. Espécies dessa família são frequentemente relação a A. lituratus e Terminalia catappa (Sazima<br />

epífitas, como os filodendros, e têm sido registradas et al., 1994; Zortéa & Chiarello, 1994). No presente<br />

na dieta de diversos morcegos frugívoros (Lobova caso, o agente dispersor na RNV também é A.<br />

et al., 2009). Na RNV, como em outras áreas lituratus e a planta exótica em questão, a australiana<br />

(Henry & Kalko, 2007; Lobova et al., 2009), foi A. mangium, representa sério risco à conservação<br />

encontrada em associação com R. pumilio e C. da muçununga (Meira Neto, 2012). Essa espécie<br />

perspicillata. Também incomuns foram os registros também tem sido cultivada em áreas de savana na<br />

de plantas estomatocóricas, o que pode não refletir Amazônia, onde seu potencial de dispersão natural<br />

a importância dos frutos com sementes grandes na por longas distâncias foi demonstrado (ca. 900 m<br />

dieta dos morcegos. Estudos em abrigos diurnos das áreas cultivadas; Aguiar et al., 2014). Nesse<br />

ou mesmo noturnos (p. ex., Zortéa & Chiarello, caso, a ornitocoria foi sugerida como possível<br />

1994) são necessários para avaliar um possível mecanismo de dispersão de longa distância (Aguiar<br />

viés associado às redes e coletores de sementes. et al., 2014), mas morcegos também podem estar<br />

As poucas descobertas relativas à estomatocoria, envolvidos, conforme demonstrado no presente<br />

entretanto, se mostraram importantes. Byrsonima estudo.<br />

stipulacea era indicada como possivelmente dispersa A RNV é uma das áreas mais ricas em espécies<br />

por morcegos e o presente estudo veio a confirmar de plantas na Mata Atlântica (Peixoto & Gentry,<br />

essa interação. Já H. mussunungense trata-se 1990), suportando um grupo diversificado de<br />

de registro novo, tendo em vista que o gênero morcegos frugívoros (Peracchi et al., 2011).<br />

Humiriastrum ainda não havia sido assinalado na O presente trabalho vem somar aos dados<br />

dieta de morcegos (Lobova et al., 2009). Essa inicialmente levantados por Pedro & Passos<br />

planta é endêmica da muçununga, que, por sua vez, (1995) nessa Reserva, mostrando que morcegos<br />

representa formação endêmica da Mata Atlântica, contribuem para a chegada de diásporos de plantas<br />

com áreas de ocorrência restritas ao norte do Espírito pioneiras/sucessionais iniciais em áreas abertas e<br />

Santo e sul da Bahia (Simonelli et al., 2008). que eles interagem com diversificado conjunto de<br />

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