RESERVA NATURAL VALE
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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />
táxons como, por exemplo, na subtribo Euglossina<br />
(Apidae), mais conhecida como abelhas-dasorquídeas.<br />
Este fato pode estar relacionado à<br />
(I) facilidade na amostragem dessas abelhas em<br />
campo, através da atração dos machos da maioria<br />
das espécies por iscas aromáticas (Dodson et<br />
al., 1969; Nemésio & Silveira, 2004, 2006;<br />
Nemésio, 2012a) e (II) ao aumento no número<br />
de pesquisadores que se dedicam, parcial ou<br />
integralmente, a esse táxon. Levantamentos de<br />
outros grupos taxonômicos exigem a necessidade<br />
de um esforço de coleta mais exaustivo ao longo<br />
das estações do ano, utilizando-se da captura<br />
ativa em flores, aliada a outras estratégias como<br />
pratos armadilha, ninhos armadilha, armadilha de<br />
interceptação de voo e atração com substâncias<br />
açucaradas, para que a grande maioria das espécies<br />
seja amostrada (Silveira et al., 2002; Krug & Alvesdos-Santos,<br />
2008). Porém, não basta formar<br />
coleções; também é necessária a existência de<br />
especialistas nos diversos grupos taxonômicos<br />
a fim de proceder-se à correta identificação dos<br />
espécimes coletados. Por essas razões, as abelhas<br />
euglossinas constituem o grupo de himenópteros<br />
mais bem estudado da Reserva Natural Vale<br />
(RNV) (Bonilla-Gómez, 1999; Nemésio, 2013b).<br />
Essa discrepância torna-se ainda mais relevante<br />
quando se leva em consideração que nas últimas<br />
duas décadas, além de novas espécies de abelhas<br />
euglossinas (Nemésio, 2006, 2007a,b, 2009,<br />
2011b,d, 2012b; Faria & Melo, 2012; Hinojosa-<br />
Diaz et al., 2012; Nemésio & Engel, 2012),<br />
foram registradas e descritas algumas espécies<br />
novas de abelhas de outros grupos taxonômicos<br />
pertencentes ao centro de endemismo que engloba<br />
esta região (ver Pedro & Camargo, 2003; Graf &<br />
Urban, 2008; Santos Júnior et al., 2015).<br />
As vespas apoideas, por sua vez, são ainda<br />
pouco estudadas no Brasil. Embora tenham sido<br />
feitas importantes contribuições sobre a fauna<br />
neotropical de Sphecidae e Crabronidae (p. ex.<br />
Amarante, 2002, 2005), os estudos taxonômicos<br />
com estes grupos ainda são escassos e o material<br />
depositado em coleções entomológicas é incipiente<br />
em representar a fauna brasileira. Em geral, dentre<br />
as vespas apoideas, Sphecidae é o grupo mais<br />
abundante em coleções, certamente pelo fato<br />
destas vespas serem grandes e vistosas, além de<br />
comumente nidificarem em áreas abertas e mesmo<br />
antropizadas.<br />
O objetivo do presente estudo é diagnosticar o<br />
atual conhecimento da fauna de abelhas e vespas<br />
apoideas que ocorrem na Reserva Natural Vale,<br />
levando-se em consideração a riqueza e relevância<br />
dessa fauna no contexto regional e da Mata<br />
Atlântica como um todo.<br />
METODOLOGIA<br />
Para o levantamento das espécies de abelhas<br />
e vespas apoideas presentes na Reserva Natural<br />
Vale e arredores, incluindo a vizinha e contígua<br />
Reserva Biológica de Sooretama, foram utilizados<br />
dados da literatura especializada, além do<br />
estudo de exemplares depositados nas seguintes<br />
coleções entomológicas: Coleção Entomológica<br />
da Reserva Natural Vale (CERNV), Coleção de<br />
Insetos Hymenoptera do Centro de Coleções<br />
Taxonômicas da Universidade Federal de Minas<br />
Gerais (UFMG), Laboratório de Taxonomia de<br />
Abelhas da Universidade Federal de Uberlândia<br />
(UFU), Coleção Entomológica da Universidade de<br />
São Paulo em Ribeirão Preto (RPSP), Museu de<br />
Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP),<br />
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio<br />
de Janeiro (MNRJ), e Coleção Entomológica do<br />
Instituto Oswaldo Cruz (Ceioc).<br />
A criação do município de Sooretama é recente,<br />
tendo sido este município emancipado de Linhares<br />
através da Lei Estadual 4.693, de 31 de março de<br />
1994 (Câmara Municipal de Sooretama, 2015). Por<br />
esta razão, parte do material obtido anteriormente<br />
ao ano de 1994 e etiquetado como proveniente de<br />
Linhares pode ter sido coletado no território que<br />
hoje pertence à Sooretama. Pela contiguidade das<br />
áreas de mata dos dois municípios, assumimos aqui<br />
que as espécies oriundas de Sooretama também<br />
devam ocorrer na Reserva Natural Vale, razão<br />
pela qual os resultados abaixo incluem espécies<br />
coletadas em toda a região.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Sessenta e cinco espécies de abelhas pertencentes<br />
às famílias Andrenidae (1), Apidae (55), Colletidae<br />
(2), Halictidae (5) e Megachilidae (2) foram<br />
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