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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

florísticas com outras regiões. Apoiados nessa<br />

realidade, propomos aqui uma revisão sobre o<br />

tema e aproveitamos para acrescentar algumas<br />

de nossas impressões, na expectativa de que elas<br />

possam contribuir para uma melhor interpretação<br />

do cenário fitogeográfico regional.<br />

Começamos reunindo informações sobre o<br />

ambiente de tabuleiros na região de Linhares e<br />

passamos a uma discussão sobre a relação florística<br />

da floresta de Linhares com as florestas do sul<br />

da Bahia (ou Hileia Baiana), do médio vale do rio<br />

Doce e do sul do Espírito Santo e norte do Rio de<br />

Janeiro (ou Falha de Campos dos Goytacazes). Por<br />

fim, as características dessas relações florísticas<br />

também serviram para a busca de justificativas<br />

para a elevada diversidade florística da floresta de<br />

Linhares.<br />

O AMBIENTE DE TABULEIROS EM LINHARES<br />

Os tabuleiros costeiros que ocorrem em<br />

Linhares correspondem a planícies sedimentares<br />

originadas no Plioceno (Formação Barreiras) que<br />

são entrecortadas por vales amplos e rasos. As<br />

altitudes variam entre 28 e 65 m e predominam<br />

solos Podzólicos Vermelho-Amarelo, distróficos,<br />

com horizonte B textural de atividade baixa (não<br />

hidromórfico) e horizonte A moderado com textura<br />

variável de argilosa a areno-argilosa (Jesus et al.,<br />

1992). O clima é quente e úmido, com verões<br />

chuvosos e invernos secos, sendo classificado<br />

como Awi de acordo com o sistema de Köppen<br />

(Jesus, 1987).<br />

Dados meteorológicos de uma série histórica de<br />

24 anos (1986-2010) mostram que a temperatura<br />

média anual é de aproximadamente 24 o C e a<br />

precipitação média anual é de 1.212 mm (dados<br />

extraídos de http://hidrometeorologia.incaper.<br />

es.gov.br). Fevereiro é o mês mais quente, com<br />

média de 26,5 o C, e julho o mais frio, com média<br />

de 21,7 o C (dados extraídos de http://pt.climatedata.org/).<br />

As médias mensais de precipitação<br />

variam, aproximadamente, entre 190 mm em<br />

dezembro e 35 mm em junho (dados extraídos<br />

de http://pt.climate-data.org/). Cerca de 80% da<br />

precipitação anual está distribuída entre outubro<br />

e março (Engel & Martins, 2005; Jesus & Rolim,<br />

2005). O balanço hídrico permite reconhecer uma<br />

estação úmida de verão (dezembro a fevereiro)<br />

e uma estação seca de outono-inverno (maio<br />

a meados de setembro) separadas entre si por<br />

estações de transição (Peixoto et al., 1995; Engel<br />

& Martins, 2005).<br />

Sabe-se também que a precipitação anual na<br />

floresta de Linhares tem variado entre 800 a 2.000<br />

mm nas últimas quatro décadas (ver dados em Jesus<br />

& Rolim, 2005 e em http://hidrometeorologia.<br />

incaper.es.gov.br) e que a precipitação acumulada<br />

na estação seca, por vezes, pode cair para menos<br />

de 50 mm em anos de estiagem extrema causada<br />

por eventos de El-Niño (Jesus & Rolim, 2005;<br />

Rolim et al., 2005). O balanço hídrico também<br />

pode ser prejudicado quando veranicos causados<br />

por bloqueios atmosféricos derrubam os totais de<br />

precipitação na estação úmida (para detalhes, ver<br />

Cupolillo et al., 2008).<br />

AS AFINIDADES FLORÍSTICAS COM A HILEIA<br />

BAIANA E A AMAZÔNIA<br />

Embora tenha sido muitas vezes citada na<br />

literatura fitogeográfica, a relação florística entre<br />

a floresta de Linhares e a floresta de terras baixas<br />

do sul da Bahia ainda é um tema que carece de<br />

maior investigação. A ideia de que a floresta de<br />

Linhares seria parte integrante do que Andrade-<br />

Lima (1966) chamou de Domínio da Hileia Baiana<br />

(a floresta pluvial costeira da Bahia que apresenta<br />

fisionomia semelhante à Floresta Amazônica, ou<br />

Hileia Amazônica) encontra suporte nas discussões<br />

de Rizzini (1979), Peixoto (1982), Peixoto &<br />

Gentry (1990) e Barroso & Peixoto (1991)<br />

sobre as similaridades de composição, estrutura e<br />

diversidade entre tais regiões. Evidentemente, a<br />

floresta de Linhares está geograficamente próxima<br />

da Hileia Baiana e as duas se assemelham no que se<br />

refere à elevada diversidade florística e à presença<br />

de majestosas sapucaias (Lecythis spp.), jequitibás<br />

(Cariniana spp.) e pequis-vinagreiros (Caryocar<br />

edule Casar.) emergindo sobre um dossel com<br />

cerca de 30 metros de altura.<br />

Entretanto, alguns estudos têm sugerido<br />

que, em termos florísticos, a floresta de Linhares<br />

pode não ser mais semelhante à Hileia Baiana do<br />

que às outras partes no leste do Brasil. Jesus &<br />

Rolim (2005) e Rolim et al. (2006), por exemplo,<br />

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