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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

29<br />

Fabio<br />

A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE<br />

BRASILEIRA E OS DESAFIOS PARA<br />

A CONSERVAÇÃO, PARA A CIÊNCIA<br />

E PARA O SETOR PRIVADO<br />

R. Scarano & Paula Ceotto<br />

CRISE PLANETÁRIA E A NECESSIDADE DE<br />

MUDANÇA<br />

O planeta tem metas auspiciosas para os<br />

próximos 15 anos. Em 2030, espera-se ter<br />

alcançado pobreza zero como um dos objetivos de<br />

desenvolvimento sustentável das Nações Unidas<br />

(Griggs et al., 2013); em 2020, o objetivo é o de se<br />

ter extinção zero de espécies por causas não naturais,<br />

conforme definido pela Convenção de Diversidade<br />

Biológica das Nações Unidas (Mittermeier et al.,<br />

2010); e no fim de 2015, a conferência das partes<br />

da Convenção Quadro de Mudanças Climáticas,<br />

em Paris, concordou em não ultrapassarmos em<br />

1,5 graus Celsius de aquecimento global até 2030<br />

(Scarano, 2014a; Geden 2015). Essas metas,<br />

realistas ou não, indicam o claro reconhecimento<br />

pelas lideranças globais do momento de crise que<br />

o planeta atravessa e da necessidade de se agir<br />

decisivamente em direção à mitigação dessa crise.<br />

A crise planetária é sem precedentes, complexa,<br />

multifacetada e causada por variáveis interrelacionadas.<br />

A crise alimentar, a crise hídrica, a<br />

crise da biodiversidade, a crise climática, possuem<br />

estreita ligação com a crise econômica, a crise de<br />

liderança política, a crise de segurança pública e até<br />

de saúde pública. Somadas, essas várias crises já<br />

parecem implicar uma crise de valores. A sociedade<br />

chega a um ponto - como descreve Sardar (2002)<br />

ao discutir a fase pós-moderna que a ciência<br />

atravessa - no qual “os fatos são incertos, os<br />

interesses são altos, os valores estão em disputa, e<br />

a urgência é grande”.<br />

Esse período de mudanças que a sociedade<br />

atravessa parece clamar por um novo paradigma<br />

de desenvolvimento. O relatório da Avaliação<br />

Ecossistêmica do Milênio (MEA, 2005) concluiu<br />

que o componente ambiental da crise decorre de<br />

demandas sociais resultantes da combinação entre<br />

um padrão de consumo insustentável, especialmente<br />

nos países desenvolvidos, com a persistência da<br />

pobreza em países em desenvolvimento. Ainda<br />

que a relação entre desenvolvimento e degradação<br />

da natureza não seja linear - visto que tanto há<br />

países desenvolvidos que conseguiram manter sua<br />

natureza relativamente bem preservada, como há<br />

países com baixos índices de desenvolvimento e<br />

pouquíssima natureza preservada - historicamente,<br />

o desenvolvimento socioeconômico deu-se<br />

em detrimento da conservação da natureza na<br />

maioria dos países. Assim, parece existir uma<br />

relação mutuamente excludente (ou trade-off, em<br />

inglês) entre desenvolvimento socioeconômico e<br />

conservação da natureza. Com isso, predomina<br />

uma percepção que conservar a natureza implica<br />

obstáculo ao desenvolvimento e geração de renda,<br />

e vice-versa. O desenvolvimento que se dá às<br />

custas da degradação da natureza é insustentável,<br />

especialmente na sociedade contemporânea,<br />

para a qual o consumismo se tornou um valor<br />

e as demandas de consumo aumentam em<br />

relação exponencial com o aumento populacional<br />

(Bauman, 2011). As mudanças de uso da terra,<br />

em grande parte decorrente das demandas de<br />

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