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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

250<br />

do Espírito Santo entre as famílias mais ricas na<br />

vegetação de restinga (Pereira & Araujo, 2000),<br />

Matas de Tabuleiro (Jesus & Rolim, 2005) e florestas<br />

de encosta (Saiter et al., 2011). As restingas<br />

possuem menor ou maior extensão da planície<br />

arenosa ao longo do litoral capixaba, contudo, a<br />

diversidade de Myrtaceae na vegetação de restinga<br />

está homogeneamente distribuída (Giaretta et al.,<br />

2015). Nas florestas de altitude (submontana e<br />

montana – 50 a 1.500 m a.m.) da região de Santa<br />

Teresa foram registrados os maiores índices de<br />

riqueza observada de Myrtaceae bem como nas<br />

Matas de Tabuleiro na região de Linhares, ambas<br />

apontadas como as áreas mais notáveis quanto à<br />

diversidade de Myrtaceae no estado (Giaretta et<br />

al., 2015).<br />

Na RNV, uma das maiores áreas protegidas de<br />

Floresta Atlântica no estado do Espírito Santo,<br />

Myrtaceae tem sido indicada entre as famílias com<br />

maior riqueza de espécies (Peixoto & Gentry, 1990;<br />

Jesus & Rolim, 2005; Rolim et al., 2006). Com o<br />

conhecimento científico atual pode-se afirmar que<br />

a RNV detém o maior contingente de espécies<br />

de Myrtaceae em unidades de conservação<br />

do Espírito Santo (Giaretta et al., 2015). Estão<br />

depositados no herbário CVRD 1.195 espécimes<br />

até a presente data, dos quais 977 são de coletas<br />

realizadas na própria Reserva, geralmente com<br />

duplicatas em outras coleções tanto do Brasil como<br />

do exterior, que correspondem a 108 espécies em<br />

11 gêneros. Eugenia e Myrcia são os gêneros mais<br />

representativos, compreendendo juntos cerca de<br />

65% das espécies (Tabela 1).<br />

Essa importante coleção é resultado de estudos<br />

de inventários florestais, florísticos e de estrutura<br />

desenvolvidos na RNV e reflete o extenso trabalho<br />

de coleta sistematizada realizado em toda a área<br />

pela própria RNV como também por estudiosos da<br />

família. A coleção do herbário CVRD compreende<br />

mais da metade (55%) de todos os registros de<br />

Myrtaceae em áreas protegidas do estado e além do<br />

valor documental, tem enorme valor taxonômico,<br />

pois vem sendo estudada por especialistas de<br />

diferentes instituições desde o início de sua<br />

constituição, quer através de duplicatas que foram<br />

enviadas aos herbários do Brasil e do exterior para<br />

identificação, quer através de expedições realizadas<br />

por muitos deles à RNV.<br />

Assim, a evolução dos estudos da flora de<br />

Myrtaceae da RNV está ligada à evolução do próprio<br />

crescimento e qualificação da coleção (Figura 3). O<br />

herbário foi fundado em 1963 para documentar<br />

espécies arbóreas oriundas de inventário florestal<br />

então realizado (Germano Filho et al., 2000). A<br />

maior parte dos espécimes iniciais da coleção foram<br />

danificados, porém, encontram-se duplicatas em<br />

outros herbários tanto no Brasil como no exterior,<br />

tendo destaque entre os coletores A.M. Lino e J.<br />

Spada, diretamente vinculados à RNV. A coleção<br />

tomou impulso a partir de 1978, com coletas<br />

sistematizadas, ainda nesta fase, para documentar a<br />

flora arbórea local, expandindo-se, posteriormente,<br />

a todas as formas de crescimento de plantas,<br />

tendo destaque os coletores da própria RNV, I.A.<br />

Silva, G.L. Farias, D.A. Folli e mais recentemente G.<br />

Siqueira. Em 1979, foi indexado entre os herbários<br />

do mundo, no Index Herbariorum (http://sciweb.<br />

nybg.org/science2/IndexHerbariorum.asp), com o<br />

acrônimo CVRD.<br />

Figura 3: Espécimes de Myrtaceae depositados no<br />

herbário da Reserva Natural Vale (CVRD) no período de<br />

1930 a 2015.<br />

Os primeiros registros de coleta de Myrtaceae<br />

na região datam de 1934, quando João Geraldo<br />

Kuhlmann coletou espécimes de Eugenia astringens<br />

na Lagoa do Juparanã, Linhares (Kuhlmann, 111) e<br />

Myrcia amazonica entre o Córrego Grande e a Lagoa<br />

do Durão, em Linhares (Kuhlmann, 165). Em 1947,<br />

Álvaro Aguirre, conservacionista e idealizador da<br />

Reserva Biológica de Sooretama, coletou espécime<br />

de Myrciaria floribunda no “Refúgio Sooretama”,<br />

em Linhares (Aguirre, RB 60632). Na década de<br />

1960, Aparício Pereira Duarte coletou espécimes<br />

de Calyptranthes brasiliensis “de Linhares para<br />

São Mateus” (Duarte, 9152) e Dimitri Sucre, em<br />

1969, coletou quatro espécimes na Reserva de

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