RESERVA NATURAL VALE
livrofloresta
livrofloresta
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />
nos afloramentos graníticos no sul do estado<br />
(Couto, 2013). Por outro lado, diversos trabalhos<br />
contribuíram com o conhecimento de famílias<br />
botânicas importantes para as comunidades<br />
epifíticas capixabas, como Orchidaceae (Fraga &<br />
Peixoto, 2004; Pereira & Ribeiro, 2004; Rodrigues<br />
& Simonelli, 2007), Bromeliaceae (Wendt et al.,<br />
2010; Couto et al., 2013) e Araceae (Coelho,<br />
2010).<br />
A região norte do estado, onde ocorre a Floresta<br />
Atlântica de Tabuleiro (Rizzini, 1963), é citada como<br />
um dos 14 centros de diversidade e endemismo de<br />
plantas do Brasil (Peixoto & Silva, 1997; Peixoto et<br />
al., 2008). Outras fisionomias vegetais importantes,<br />
como a floresta de muçununga (Simonelli et al.,<br />
2008) e os campos nativos (Araújo et al., 2008;<br />
Ferreira et al., 2014) também ocorrem nesta região,<br />
mas nenhum estudo sobre a composição de epífitas<br />
foi direcionado a estas fisionomias. Assim, neste<br />
trabalho, com base na coleção do Herbário CVRD,<br />
é apresentada a composição florística de epífitas<br />
vasculares nas fisionomias de floresta de tabuleiro,<br />
floresta de muçununga, campos nativos e várzeas<br />
da Reserva Natural Vale, no norte do Espírito Santo.<br />
MATERIAIS & MÉTODOS<br />
Área de Estudo<br />
A Reserva Natural Vale (RNV) localiza-se<br />
no norte do Espírito Santo, sobre terrenos com<br />
pequena variação de altitude, geralmente entre 30<br />
e 60 m. O clima é considerado estacional, embora<br />
a vegetação florestal possa ser classificada como<br />
Floresta Estacional Perenifólia. Para o período de<br />
janeiro de 1975 a dezembro de 2004, a precipitação<br />
média anual foi igual a 1.227 mm (desvio padrão ±<br />
273 mm), a temperatura média anual foi de 23,3<br />
o<br />
C, variando muito pouco ao longo do ano, entre<br />
20,0 o C e 26,2 o C (médias das mínimas e máximas<br />
anuais). A umidade relativa média anual foi de<br />
85,8%, também variando muito pouco ao longo do<br />
ano, entre 82,2% e 89,2% (Rolim et al., 2016a).<br />
Na RNV ocorrem quatro tipos principais de<br />
fisionomias vegetais. A de maior extenção é a<br />
floresta de tabuleiro, uma fisionomia florestal<br />
madura e bem conservada em sua maior parte,<br />
onde as árvores chegam a atingir mais de 35 m de<br />
altura (Jesus & Rolim, 2005; Peixoto et al., 2008).<br />
As florestas de muçununga ocorrem geralmente<br />
como enclaves no interior da floresta de tabuleiro,<br />
sobre depósitos arenosos (espodossolos), onde o<br />
dossel ocorre a cerca de 10 m de altura e ocorre<br />
grande penetração de luz no sub-bosque (Simonelli<br />
et al., 2008). Nesta fisionomia, os solos são pobres<br />
e existe um grande estresse hídrico, os quais<br />
são limitantes para o crescimento das árvores<br />
(Saporetti-Júnior et al., 2012).<br />
Os campos nativos ou “nativo” são uma fisionomia<br />
variando de herbácea a arbustiva, ocorrendo<br />
também sobre solos arenosos e pobres em terrenos<br />
do terciário, semelhante à vegetação de restinga<br />
que ocorre sobre terrenos do quaternário (Araujo<br />
et al., 2008). Esta fisionomia é considerada por<br />
alguns uma variação da muçununga, assim como<br />
a variação que ocorre entre fisionomias de cerrado<br />
(Meira-Neto et al., 2005). A variação fisionômica<br />
nos campos nativos é provavelmente condicionada<br />
pela frequência e duração do alagamento do<br />
solo em épocas chuvosas (Ferreira et al., 2014).<br />
As áreas permanentemente inundadas, aqui<br />
denominadas várzeas, também apresentam um<br />
gradiente fisionômico difícil de definir, podendo<br />
variar de herbáceas a arbóreas com dossel a 12 m<br />
de altura (Peixoto et al., 2008).<br />
Coleta de Dados<br />
Foram utilizados dois procedimentos de<br />
identificação das espécies. Para as famílias de<br />
samambaias, licófitas e Araceae, todas as coletas<br />
foram analisadas por especialistas (ver Sylvestre<br />
et al., 2016, neste volume; Coelho, 2016, neste<br />
volume). Para as demais famílias, foi feita uma<br />
consulta às exsicatas do Herbário CVRD, da Reserva<br />
Natural Vale, depositadas até a data de 5 de abril de<br />
2015, não sendo realizadas campanhas específicas<br />
de coletas para este trabalho. Todos os registros<br />
foram analisados e foram excluídas as coletas<br />
indeterminadas e aquelas realizadas fora dos limites<br />
da RNV. As famílias botânicas de Angiospermas<br />
foram classificadas de acordo com o sistema APG III<br />
(2009): samambaias seguiram Smith et al. (2006)<br />
e Lycopodiaceae seguiu Øllgaard & Windisch<br />
(2014).<br />
A lista de espécies foi submetida à checagem<br />
de nomes através da ferramenta Plantminer<br />
(Carvalho et al., 2010) o qual faz uma correção<br />
270