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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

25<br />

EFEITOS DA PROXIMIDADE E<br />

CONECTIVIDADE A UMA FLORESTA<br />

CONTÍNUA SOBRE PEQUENOS<br />

MAMÍFEROS<br />

Mariana Ferreira Rocha, Marcelo Passamani, Ludmilla Portela<br />

Zambaldi, Vinicius Chaga Lopes & Sergio Barbiero Lage<br />

INTRODUÇÃO<br />

A fragmentação de habitat pode ser entendida<br />

como um “processo no qual uma grande quantidade<br />

de habitat é transformada em remanescentes de<br />

menor tamanho, isolados uns dos outros por uma<br />

matriz de habitat diferente do original” (Wilcove<br />

et al., 1986). Seguindo este conceito, podem<br />

ser identificados quatro efeitos diretos desse<br />

processo: I) aumento do número de fragmentos<br />

florestais e II) consequente diminuição do tamanho<br />

dos remanescentes; III) perda da quantidade de<br />

vegetação original e IV) aumento do isolamento<br />

entre os fragmentos (Fahrig, 2003; Fernandez,<br />

2004; Bennet & Saunders, 2010). Dentre esses<br />

efeitos, a redução do tamanho e o aumento do<br />

isolamento são particularmente importantes,<br />

uma vez que provocam perdas expressivas de<br />

diversidade (Macarthur & Wilson, 1967; Laurance<br />

et al., 1998; Chiarello, 1999; Ferraz et al., 2007;<br />

Vieira et al., 2009; Garmendia et al., 2013).<br />

A Mata Atlântica no estado do Espírito Santo<br />

possui um histórico de degradação e fragmentação<br />

resultante de mais de 500 anos de exploração<br />

(Pereira, 2007; Thomaz, 2010). Inicialmente<br />

coberto por quase 90% de florestas (Pereira,<br />

2007; Thomaz, 2010), o território capixaba detém<br />

atualmente pouco mais de 10% de sua cobertura<br />

florestal original (SOS Mata Atlântica & Inpe,<br />

2014). Ainda, a maioria dos fragmentos florestais<br />

remanescentes é de pequeno tamanho e está<br />

isolada espacialmente. Essa situação é verdadeira<br />

também quando consideramos toda a extensão da<br />

Mata Atlântica no Brasil (Ribeiro et al., 2009).<br />

O bloco florestal no qual se insere a Reserva<br />

Natural Vale (RNV) é um dos poucos remanescentes<br />

contínuos do Espírito Santo. Esta reserva possui<br />

22.711 ha e representa quase 5% da área de<br />

floresta remanescente desse estado (SOS Mata<br />

Atlântica & Inpe, 2014). Juntamente com a Reserva<br />

Biológica de Sooretama e outras duas reservas<br />

particulares a elas conectadas (RPPN Mutum-<br />

Preto e RPPN Recanto das Antas), a RNV constitui<br />

um dos poucos remanescentes florestais da Mata<br />

Atlântica brasileira com mais de 10.000 ha (ver<br />

Ribeiro et al., 2009), denominado Bloco Linhares-<br />

Sooretama. Este é reconhecidamente importante<br />

para a conservação da biodiversidade, uma vez que<br />

representa um dos 14 centros com alta diversidade<br />

vegetal no Brasil (Peixoto & Silva, 1997), é a área<br />

mais rica em espécies de mamíferos de toda a<br />

Mata Atlântica (Srbek-Araujo et al., 2014) e um<br />

dos últimos refúgios no Espírito Santo para várias<br />

espécies nacionalmente ameaçadas de extinção,<br />

como a onça-pintada (Panthera onca) e o tatucanastra<br />

(Priodontes maximus) (Chiarello, 1999;<br />

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