RESERVA NATURAL VALE
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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />
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MATERIAL E MÉTODOS<br />
As Annonaceae da Reserva Natural Vale (RNV)<br />
foram estudadas das coleções dos herbários BHCB,<br />
CESJ, CVRD, ESA, MBM, MBML, R, RB, RBR, SP<br />
e SPF (siglas segundo Thiers, 2015), dos quais o<br />
herbário da própria reserva, CVRD, reúne a coleção<br />
mais significativa. Também foram realizadas cinco<br />
viagens de campo entre 2010 e 2011 para coleta<br />
e preparação de material mais abrangente e rico.<br />
Além de exsicatas, foram tiradas fotografias e<br />
flores e frutos foram preservados em álcool 70%<br />
para melhor análise dos caracteres e confecção de<br />
desenhos científicos. O material, tanto em álcool<br />
quanto herborizado, está depositado no herbário<br />
da Universidade de São Paulo (SPF) e duplicatas<br />
nos herbários CVRD, MBML e RB. Os desenhos<br />
foram elaborados por Klei Sousa e Isabel Martinelli.<br />
Os nomes populares são os utilizados pelos<br />
funcionários da reserva para a identificação das<br />
espécies e muitos são criações locais, utilizados no<br />
reconhecimento e comercialização de mudas. Os<br />
nomes vulgares foram obtidos das exsicatas e de<br />
Geovane Siqueira (com. pes.).<br />
A lista de espécies que ocorrem na reserva<br />
(Tabela 1) foi organizada com base em Lopes &<br />
Mello-Silva (2014a), onde descrições, chaves<br />
de identificação e listas completas de materiais<br />
examinados podem ser obtidas. Outras informações<br />
sobre as espécies podem ser obtidas em Fries<br />
(1931, 1939), Johnson & Murray (1995), Lobão<br />
et al. (2005, 2011, 2012), Lopes et al. (2013,<br />
2014), Maas & Westra (1985, 2003), Maas et<br />
al. (1992, 2002, 2003, 2007, 2015), Murray<br />
(1993) e Rainer (2001). Um material testemunho<br />
foi selecionado para cada espécie.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Riqueza de Espécies<br />
Na Reserva Natural Vale ocorrem 11 gêneros<br />
e 27 espécies de Annonaceae, das quais 18 são<br />
endêmicas da Mata Atlântica e quatro, (Duguetia<br />
sooretamae, Oxandra unibracteata, Unonopsis<br />
aurantiaca e U. renatoi) endêmicas da reserva (Tabela<br />
1). Apresentamos as espécies que ocorrem na RNV,<br />
seguida de seus nomes populares, fotografias e<br />
ilustrações, bem como comentários sobre sua área<br />
de ocorrência e características marcantes.<br />
Descrição das espécies<br />
Anaxagorea dolichocarpa, conhecida na<br />
Reserva como ariticum-bravo e detoni, possui<br />
ampla distribuição, ocorrendo da Colômbia até<br />
o sudeste do Brasil (Maas & Westra, 1985). Na<br />
reserva, habita a Mata de Tabuleiro e a mata<br />
de várzea. Seus frutos são bastante peculiares<br />
porque cada carpídio tem forma de taco de golfe.<br />
Floresce de setembro a dezembro (Figuras 1A,<br />
3A-C).<br />
Annona acutiflora, conhecida como ariticum, é<br />
pequena árvore que ocorre na Mata Atlântica da<br />
Bahia ao Rio de Janeiro, mas não é muito comum<br />
(Lobão et al., 2005). Na RNV, habita a Mata de<br />
Tabuleiro e a muçununga. Seu nome científico é<br />
referência ao ápice das pétalas externas, que é<br />
bastante agudo, condição rara no gênero. Floresce<br />
de setembro a dezembro e frutifica em fevereiro<br />
(Figura 1B, 3D).<br />
Annona cacans, a graviola-do-mato, ocorre do<br />
nordeste do Brasil ao Paraguai, na Mata Atlântica,<br />
e na reserva ocorre na Mata de Tabuleiro (Rainer,<br />
2001). Outro nome popular atribuído a essa<br />
espécie em outras localidades é araticum-cagão<br />
por causa das propriedades laxativas do fruto.<br />
É a espécie de maior porte entre as Annona do<br />
leste do Brasil, atingindo 25 metros de altura.<br />
Floresce em dezembro e frutifica em fevereiro<br />
(Figura 3E).<br />
Annona dolabripetala, a pinha-da-mata, é<br />
bastante comum, principalmente em florestas<br />
secundárias, e pode ser encontrada na borda<br />
de matas e em pastos, da Bahia ao Paraná e<br />
de Minas Gerais ao Mato Grosso (Maas et al.,<br />
1992). Na reserva ocorre nas bordas da Mata<br />
de Tabuleiro. Suas flores em forma de hélice<br />
são características e diferentes daquelas das<br />
outras espécies de Annona da reserva. Floresce<br />
de agosto a dezembro e frutifica de dezembro a<br />
maio (Figuras 1C, 3F).<br />
Annona glabra é conhecida como araticumdo-brejo<br />
porque ocorre em ambientes alagadiços,<br />
como mangues, florestas de várzeas e restingas.<br />
Tem ampla distribuição, ocorrendo próximo ao<br />
litoral atlântico, dos Estados Unidos ao estado de<br />
Santa Catarina, no Brasil (Fries, 1931; Lopes &<br />
Mello-Silva, 2014b; Maas et al., 2002). Floresce<br />
em outubro e frutifica em dezembro (Figuras 1D,<br />
3G, H).