05.02.2017 Views

RESERVA NATURAL VALE

livrofloresta

livrofloresta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

284<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As Annonaceae da Reserva Natural Vale (RNV)<br />

foram estudadas das coleções dos herbários BHCB,<br />

CESJ, CVRD, ESA, MBM, MBML, R, RB, RBR, SP<br />

e SPF (siglas segundo Thiers, 2015), dos quais o<br />

herbário da própria reserva, CVRD, reúne a coleção<br />

mais significativa. Também foram realizadas cinco<br />

viagens de campo entre 2010 e 2011 para coleta<br />

e preparação de material mais abrangente e rico.<br />

Além de exsicatas, foram tiradas fotografias e<br />

flores e frutos foram preservados em álcool 70%<br />

para melhor análise dos caracteres e confecção de<br />

desenhos científicos. O material, tanto em álcool<br />

quanto herborizado, está depositado no herbário<br />

da Universidade de São Paulo (SPF) e duplicatas<br />

nos herbários CVRD, MBML e RB. Os desenhos<br />

foram elaborados por Klei Sousa e Isabel Martinelli.<br />

Os nomes populares são os utilizados pelos<br />

funcionários da reserva para a identificação das<br />

espécies e muitos são criações locais, utilizados no<br />

reconhecimento e comercialização de mudas. Os<br />

nomes vulgares foram obtidos das exsicatas e de<br />

Geovane Siqueira (com. pes.).<br />

A lista de espécies que ocorrem na reserva<br />

(Tabela 1) foi organizada com base em Lopes &<br />

Mello-Silva (2014a), onde descrições, chaves<br />

de identificação e listas completas de materiais<br />

examinados podem ser obtidas. Outras informações<br />

sobre as espécies podem ser obtidas em Fries<br />

(1931, 1939), Johnson & Murray (1995), Lobão<br />

et al. (2005, 2011, 2012), Lopes et al. (2013,<br />

2014), Maas & Westra (1985, 2003), Maas et<br />

al. (1992, 2002, 2003, 2007, 2015), Murray<br />

(1993) e Rainer (2001). Um material testemunho<br />

foi selecionado para cada espécie.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Riqueza de Espécies<br />

Na Reserva Natural Vale ocorrem 11 gêneros<br />

e 27 espécies de Annonaceae, das quais 18 são<br />

endêmicas da Mata Atlântica e quatro, (Duguetia<br />

sooretamae, Oxandra unibracteata, Unonopsis<br />

aurantiaca e U. renatoi) endêmicas da reserva (Tabela<br />

1). Apresentamos as espécies que ocorrem na RNV,<br />

seguida de seus nomes populares, fotografias e<br />

ilustrações, bem como comentários sobre sua área<br />

de ocorrência e características marcantes.<br />

Descrição das espécies<br />

Anaxagorea dolichocarpa, conhecida na<br />

Reserva como ariticum-bravo e detoni, possui<br />

ampla distribuição, ocorrendo da Colômbia até<br />

o sudeste do Brasil (Maas & Westra, 1985). Na<br />

reserva, habita a Mata de Tabuleiro e a mata<br />

de várzea. Seus frutos são bastante peculiares<br />

porque cada carpídio tem forma de taco de golfe.<br />

Floresce de setembro a dezembro (Figuras 1A,<br />

3A-C).<br />

Annona acutiflora, conhecida como ariticum, é<br />

pequena árvore que ocorre na Mata Atlântica da<br />

Bahia ao Rio de Janeiro, mas não é muito comum<br />

(Lobão et al., 2005). Na RNV, habita a Mata de<br />

Tabuleiro e a muçununga. Seu nome científico é<br />

referência ao ápice das pétalas externas, que é<br />

bastante agudo, condição rara no gênero. Floresce<br />

de setembro a dezembro e frutifica em fevereiro<br />

(Figura 1B, 3D).<br />

Annona cacans, a graviola-do-mato, ocorre do<br />

nordeste do Brasil ao Paraguai, na Mata Atlântica,<br />

e na reserva ocorre na Mata de Tabuleiro (Rainer,<br />

2001). Outro nome popular atribuído a essa<br />

espécie em outras localidades é araticum-cagão<br />

por causa das propriedades laxativas do fruto.<br />

É a espécie de maior porte entre as Annona do<br />

leste do Brasil, atingindo 25 metros de altura.<br />

Floresce em dezembro e frutifica em fevereiro<br />

(Figura 3E).<br />

Annona dolabripetala, a pinha-da-mata, é<br />

bastante comum, principalmente em florestas<br />

secundárias, e pode ser encontrada na borda<br />

de matas e em pastos, da Bahia ao Paraná e<br />

de Minas Gerais ao Mato Grosso (Maas et al.,<br />

1992). Na reserva ocorre nas bordas da Mata<br />

de Tabuleiro. Suas flores em forma de hélice<br />

são características e diferentes daquelas das<br />

outras espécies de Annona da reserva. Floresce<br />

de agosto a dezembro e frutifica de dezembro a<br />

maio (Figuras 1C, 3F).<br />

Annona glabra é conhecida como araticumdo-brejo<br />

porque ocorre em ambientes alagadiços,<br />

como mangues, florestas de várzeas e restingas.<br />

Tem ampla distribuição, ocorrendo próximo ao<br />

litoral atlântico, dos Estados Unidos ao estado de<br />

Santa Catarina, no Brasil (Fries, 1931; Lopes &<br />

Mello-Silva, 2014b; Maas et al., 2002). Floresce<br />

em outubro e frutifica em dezembro (Figuras 1D,<br />

3G, H).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!