RESERVA NATURAL VALE
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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />
possuem importância agrícola. Nesta subordem<br />
encontram-se os afídeos (Aphidoidea), cochonilhas<br />
(Coccoidea), moscas brancas (Aleyrodoidea) e<br />
psilídeos (Psylloidea) (Grazia et al., 2012). Os afídeos<br />
ou pulgões constituem o grupo mais importante de<br />
vetores, responsáveis pela transmissão de cerca de<br />
1/4 dos gêneros de vírus de plantas, representando<br />
71% dos vetores da subordem (Costa, 2003).<br />
Os Heteroptera, conhecidos como percevejos,<br />
possuem a metade das asas anteriores coriácea e<br />
metade membranosa (hemiélitros), apresentam<br />
diferentes hábitos de vida podendo ser fitossuccivos,<br />
predadores e hematófagos. Estão distribuídos em<br />
quase todos os continentes e na maioria das ilhas,<br />
ocupando os mais diversos habitats terrestres,<br />
semiaquáticos e aquáticos, sugerindo longa história<br />
evolutiva do grupo (Grazia et al., 2012). Os<br />
heterópteros possuem hábitos variados na cadeia<br />
alimentar, apresentam grande especificidade para<br />
plantas hospedeiras e presas, além do alto grau<br />
de endemicidade. Essas características os tornam<br />
ideais como agentes bioindicadores de diferentes<br />
aspectos na natureza. Os representantes de<br />
Miridae, por exemplo, têm sido alvo de pesquisas<br />
sobre diversidade faunística (Paula & Ferreira,<br />
1998; 2000), potenciais insetos para controle<br />
biológico (Henry, 2000; Wheeler, 2000a), agentes<br />
ou potenciais agentes causadores de danos às<br />
plantas cultivadas (Ferreira et al., 2001; Wheeler,<br />
2000b) e vetores de viroses (Costa, 2003).<br />
A expressiva quantidade de novos registros tem<br />
indicado mudanças comportamentais de muitas<br />
espécies que vêm se adaptando a novos habitats<br />
e plantas hospedeiras. Esta dinâmica visivelmente<br />
crescente acompanha as mudanças tecnológicas<br />
nos tratamentos agrícolas, manejo de recursos<br />
e mudanças climáticas. As causas, efeitos e<br />
consequências destas mudanças requerem maiores<br />
investimentos nos estudos sobre biodiversidade<br />
entomofaunística no território brasileiro.<br />
COLEÇÃO ENTOMOLÓGICA DA RNV<br />
A RNV possui uma coleção de insetos adultos<br />
obtidos em sua área de domínio, montados em<br />
alfinetes e em ótimo estado de conservação. O<br />
seu acervo possui 12.597 exemplares, inseridos<br />
em 17 ordens, 206 famílias e 5.278 espécies/<br />
morfoespécies. Destas, 1.441 (27,3%) possuem<br />
identificação específica e 248 (4,7%) até gênero.<br />
As famílias de Coleoptera e Hemiptera utilizadas<br />
nesse capítulo são aquelas reconhecidas por Casari<br />
& Ide (2012) e Grazia et al. (2012).<br />
A coleção de insetos da ordem Coleoptera<br />
na RNV é representada com 2.885 espécimes,<br />
distribuídos em 39 famílias, com 1.153 espécies/<br />
morfoespécies. Entretanto, apenas 130 (11,3%)<br />
possuem identificação específica e 61 (5,3%),<br />
genérica (Tabela 1).<br />
A coleção da RNV possui 453 espécies/<br />
morfoespécies da ordem Hemiptera, com 1.125<br />
espécimes. Os heterópteros são 785 espécimes,<br />
distribuídos em 18 famílias e 335 espécies/<br />
morfoespécies. Destas, 76 (22,7%) possuem<br />
identificação específica e 36 (10,8%), genérica. Os<br />
auquenorrincos são 340 espécimes, distribuídos em<br />
10 famílias e 118 espécies/morfoespécies. Destas,<br />
10 (8,5%), possuem identificação específica e 1<br />
(0,9%) genérica (Tabela 2). Não há espécimes de<br />
Sternorrhyncha.<br />
Além do acervo da RNV foram consultados<br />
outros acervos e coleções, que resultaram numa<br />
lista de 296 espécies de 19 famílias da ordem<br />
Coleoptera (Tabela 3) e 182 espécies de 20 famílias<br />
da ordem Hemiptera (Tabela 4), com ocorrências já<br />
registradas na Reserva Natural Vale.<br />
ESPÉCIES DE COLEOPTERA E HEMIPTERA<br />
DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />
A riqueza e diversidade de insetos na Reserva<br />
Natural Vale vem contribuindo de forma intensa<br />
para diferentes áreas do conhecimento dos insetos.<br />
Foram descobertas e descritas várias espécies<br />
novas; foram feitas redescrições de algumas<br />
espécies que careciam de uma série de indivíduos<br />
preservados ou de uma descrição baseada em<br />
indivíduos machos e fêmeas. Além disso, foram<br />
relatadas novas ocorrências de espécies para o<br />
bioma Mata Atlântica e novos registros de espécies<br />
para o Brasil, contribuindo para o conhecimento da<br />
biodiversidade do estado do Espírito Santo.<br />
A espécie Beharus cylindripes (Fabricius, 1803),<br />
da subfamília Apiomerinae (Reduviidae), teve seu<br />
primeiro registro de ocorrência no Brasil realizado<br />
com espécimes coletados no fragmento da Mata<br />
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