RESERVA NATURAL VALE
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FERREGUETTI ET AL.<br />
MAMÍFEROS: ABUNDÂNCIA E DENSIDADE<br />
apresentando assim um comportamento menos<br />
discreto do que os outros primatas (Shettleworth,<br />
1998).<br />
populacional de guigós pode estar relacionado<br />
à dieta principalmente frugívora deste grupo<br />
(Heiduck, 1997). Frutos são itens alimentares mais<br />
Com relação aos demais primatas, S. robustus raros, irregularmente distribuídos no espaço e no<br />
também apresentou tamanho populacional tempo, e mais disponíveis na estação úmida, o que<br />
e densidade elevados. Esse fator pode estar<br />
relacionado com sua dieta, uma vez que os<br />
pode resultar em um menor tamanho populacional<br />
para as espécies dependentes desse recurso<br />
macacos-prego apresentam uma elevada (Morellato & Leitão-Filho, 1992). O guigó é uma<br />
plasticidade, podendo se alimentar de frutos,<br />
brotos, pedúnculos, flores, bases foliares, néctar<br />
e presa animal, incluindo invertebrados, aves,<br />
ovos, anfíbios, répteis e pequenos mamíferos<br />
(Izawa, 1978; Izawa, 1979; Freese & Openheimer,<br />
1981; Brown et al., 1984; Fedigan, 1990). A<br />
detecção desta espécie durante a transecção<br />
também é favorecida, ressaltando que, durante<br />
o forrageamento, os primatas do gênero Sapajus<br />
utilizam todos os estratos arbóreos, podendo<br />
recorrer também ao chão da floresta (Martins,<br />
2010). Além disso, os membros do grupo podem se<br />
espalhar num raio superior a 100 metros, mantendo<br />
contato vocal (Freese & Openheimer, 1981).<br />
Chiarello (2000a) estimou tamanho populacional<br />
de 4.439 - 5.741 indivíduos de S. robustus<br />
para a RNV; enquanto Martins (2010) estimou<br />
abundância entre 1.275 – 2.325 indivíduos desta<br />
espécie para a Reserva, aumentando em cinco<br />
vezes o esforço feito no estudo anterior. Porém,<br />
ambos os autores mantiveram as amostragens<br />
nas estradas da RNV. O presente estudo estimou<br />
tamanho populacional intermediário a esses dois<br />
trabalhos (3.965 ± 458 indivíduos), destacando<br />
diferenças na metodologia empregada em cada<br />
estudo. Deve-se considerar, entretanto, que os<br />
principais motivos para a diferença de resultados<br />
entre os estudos citados possam estar também<br />
relacionados à flutuação temporal e/ou espacial<br />
na população (Ezard et al., 2009). Apesar disso, é<br />
importante manter o monitoramento do macacoprego-de-crista<br />
na RNV para avaliar se a população<br />
está ou não sofrendo flutuações significativas, uma<br />
vez que a Reserva é considerada um hotspot para<br />
a conservação de S. robustus (Pinto et al., 2009).<br />
espécie de hábitos crípticos, de difícil detecção e que<br />
forma pequenos grupos familiares que se deslocam<br />
rápido e sutilmente (Mason, 1974; Kinzey, 1983),<br />
dificultando sua detecção durante a transecção.<br />
O gênero Alouatta é principalmente arborícola,<br />
utilizando mais frequentemente o dossel superior e<br />
árvores emergentes (Crockett & Eisenberd, 1987),<br />
o que dificulta a detecção da espécie. O guigó<br />
geralmente ocorre em menor densidade, conforme<br />
observado no presente estudo e por Chiarello &<br />
Melo (2001), que estimaram 0,06 indivíduo/ha na<br />
RNV. A densidade de bugios estimada nesse estudo<br />
é compatível com o encontrado em outras áreas<br />
protegidas consideradas conservadas (Chiarello,<br />
1993; Peres, 1997; Aguiar et al., 2003; Chiarello,<br />
2003). Porém, a abundância de bugios estimada<br />
no presente estudo foi cerca de oito vezes maior<br />
do que a estimada por Chiarello & Melo (2001),<br />
que foi de 157 – 227 indivíduos. Considera-se<br />
que a baixa detecção dessas espécies não interfere<br />
negativamente nas estimativas aqui geradas, uma<br />
vez que o método de amostragem de distâncias<br />
conta com o pressuposto de que a detecção é<br />
sempre imperfeita (Buckland et al., 2001). Além<br />
disso, considera-se que os dados obtidos não<br />
estão subestimados, uma vez que as premissas do<br />
método foram alcançadas (tamanho da amostra,<br />
número de observações e detecções 100% na linha<br />
do transecto).<br />
As espécies da família Tayassuidae, T. pecari e<br />
P. tajacu, apresentam ampla distribuição, sendo<br />
onívoros, habitantes de florestas e que vivem em<br />
grandes grupos sociais (Monteiro & Autino, 2004).<br />
Os catetos ocorrem em uma maior variedade de<br />
habitat, sobrevivendo mesmo em áreas perturbadas<br />
Os outros dois primatas registrados no presente (Sowls, 1997). Essa adaptação a diversos<br />
estudo, C. personatus e A. guariba, tiveram tamanho<br />
populacional estimado comparativamente menor<br />
entre os primatas, o que também foi registrado<br />
por Chiarello (1995, 2000a). O baixo tamanho<br />
ambientes justificaria a abundância dos catetos<br />
ter sido cerca de 38% maior do que a abundância<br />
dos queixadas, uma vez que a RNV apresenta<br />
fitofisionomias não florestais (p.ex. campos nativos)<br />
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