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RESERVA NATURAL VALE

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ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

estudos. Além disso, a extensão e a diversidade de<br />

ambientes nas áreas de coletas em cada área podem<br />

ser diferentes e as coletas em alguns estudos<br />

são subrepresentadas para algumas famílias<br />

(Clarke et al., 2001; Zappi et al., 2011). Com<br />

estas ponderações, foram selecionadas algumas<br />

áreas neotropicais para uma análise comparativa<br />

dos resultados encontrados na RNV (Tabela 1),<br />

considerando apenas as Angiospermas.<br />

Nesta comparação, uma riqueza de Angiospermas<br />

de cerca de 2.000 espécies é encontrada na RNV<br />

em Linhares/ES, na Reserva Ducke em Manaus/<br />

AM e na região central do Peru. Zappi et al.(2011)<br />

inferem que no Parque Cristalino/MT é possível<br />

que a riqueza de plantas vasculares atinja 2.000<br />

espécies. Embora a região central do Peru tenha<br />

maior riqueza entre as áreas comparadas (2.363<br />

espécies de Angiospermas), deve ser considerado<br />

que as coletas foram realizadas em 300 mil ha, com<br />

quatro tipos climáticos distintos e alta diversidade<br />

de ambientes (Vásquez et al., 2005). Se forem<br />

consideradas amostras nesta escala, como na Serra<br />

do Mar de SP/RJ ou em todo o norte do Espírito<br />

Santo, é possível que uma riqueza similar poderia<br />

ser alcançada nestes trechos. Porém, nesta área<br />

do Peru, apesar de sua grande extensão quando<br />

comparada às demais, foram analisadas apenas<br />

16.376 coletas botânicas e vários estudos têm<br />

mostrado a elevada riqueza das florestas peruanas<br />

(Gentry, 1988; Phillips et al., 1994).<br />

Na RNV (com cerca de 23 mil ha) e na Reserva<br />

Ducke (cerca de 10 mil ha), embora o tamanho seja<br />

reduzido, não é desprezível o fato de que em ambas<br />

a topografia é muito plana, facilitando a atividade<br />

de coleta. Outras áreas, como no Parque Estadual<br />

Carlos Botelho (SP) ou nas florestas de Iwokrama nas<br />

Guianas, a topografia acidentada é um dificultador<br />

para a coleta de plantas. A influência do esforço de<br />

coleta na Reserva Ducke pode ser constatada com<br />

base em atualizações no número de espécies para<br />

esta área nos últimos 15 anos. Uma publicação do<br />

Projeto Flora da Amazônia (Prance, 1990) indicava<br />

uma riqueza de 825 espécies. Posteriormente,<br />

Ribeiro et al. (1994) indicaram uma riqueza de<br />

1.453 espécies e Hopkins (2005) citou 2.079<br />

espécies de plantas vasculares para a Reserva<br />

Ducke, ou seja, um acréscimo de 150% em duas<br />

décadas. Esses dados mostram que a obtenção de<br />

dados representativos de floras, mesmo em áreas<br />

“pequenas” e planas é uma atividade de longo prazo.<br />

Também deve ser considerado que existem<br />

áreas com alta riqueza concentrada em pequenas<br />

áreas, mas pequeno esforço em escala regional.<br />

Por exemplo, uma comparação mais criteriosa<br />

de amostragem, com esforço e metodologia<br />

padronizados (A. H. Gentry Forest Transect Data<br />

Set) mostra que a riqueza da flora com diâmetro<br />

à altura do peito maior ou igual a 4,8 cm em áreas<br />

de 1 ha, no sul da Bahia (Serra do Conduru), está<br />

entre as mais altas dos neotrópicos, inclusive maior<br />

que a RNV e Reserva Ducke (Martini et al., 2007).<br />

Outros estudos têm confirmado a alta riqueza de<br />

espécies em Serra Grande, no Sul da Bahia (Thomas<br />

et al., 2008) e na região serrana do Espírito Santo<br />

(Thomaz & Monteiro, 1997; Saiter et al., 2011). A<br />

região serrana de Santa Teresa, no Espírito Santo, é<br />

apontada como área de alta riqueza ou endemismo<br />

para alguns grupos de plantas, como Angiospermas<br />

(Werneck et al., 2011), Myrtaceae (Sobral, 2007;<br />

Murray-Smith et al., 2009) e Monimiaceae (Lyrio,<br />

2014). Maior intensidade de coleta juntamente<br />

com análises que incluam fatores ambientais e<br />

biogeográficos, são necessárias para entender a<br />

elevada riqueza e endemismo destas regiões.<br />

Uma análise da Tabela 1 mostra que Fabaceae,<br />

Myrtaceae, Rubiaceae e Orchidaceae têm destaque<br />

em termos de riqueza de espécies em florestas<br />

Neotropicais: por exemplo, na Floresta Atlântica<br />

do norte do Espírito Santo (este estudo), da<br />

Bahia (Amorim et al., 2008), na região sul de São<br />

Paulo (Lima et al., 2011), na Floresta Amazônica<br />

do Mato Grosso (Zappi et al., 2011), de Manaus<br />

(Hopkins (2005) e da Guiana (Clarke et al., 2001).<br />

Destaca-se a notável contribuição de Orchidaceae<br />

na Reserva de Macaé de Cima, RJ (Lima & Guedes-<br />

Bruni, 1997), no Parque Estadual da Ilha do<br />

Cardoso, SP (Barros et al., 1991) e em Serra Negra,<br />

MG (Salimene et al., 2013), com riqueza superior<br />

a Fabaceae. Isso é esperado, já que esta é a família<br />

mais diversa na Floresta Atlântica (Stehmann et<br />

al., 2009). Por outro lado, podem ser notadas<br />

algumas exceções, como a baixa contribuição<br />

de Orchidaceae no médio rio Doce (Lombardi &<br />

Gonçalves, 2000) e na Floresta Amazônica do<br />

Mato Grosso (Zappi et al., 2011), provavelmente<br />

em função de um menor esforço de coleta nesta<br />

família. Geralmente a riqueza de Orchidaceae está<br />

associada a ambientes com alta pluviosidade ou<br />

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