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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

dos grupos funcionais representados na região e<br />

pontua as principais ameaças que podem levar à<br />

extinção local de espécies e, consequentemente, de<br />

funções ecológicas a elas relacionadas, a exemplo<br />

do que tem sido observado em outras localidades<br />

da Mata Atlântica.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Os mamíferos de médio e grande porte<br />

compreendem espécies com mais de 1 kg, tendo<br />

sido também incluídos no presente estudo o micoda-cara-branca<br />

(Callithrix geoffroyi = 230-350<br />

g; Paglia et al., 2012) e o esquilo (Guerlinguetus<br />

ingrami = 125-216 g; Paglia et al., 2012) (Tabela<br />

1). Apesar de apresentarem porte reduzido, estes<br />

táxons não são tradicionalmente classificados<br />

como pequenos mamíferos (Fonseca, 1989), uma<br />

vez que sua amostragem é habitualmente realizada<br />

por meio de métodos empregados no estudo de<br />

espécies de médio e grande porte.<br />

Para a avaliação da comunidade de médios<br />

e grandes mamíferos foi montada uma matriz<br />

de “espécies x características” considerando as<br />

seguintes variáveis: dieta, peso, hábito locomotor<br />

(ocupação espacial) e horário de atividade. Dados<br />

referentes à dieta, ao peso e ao hábito locomotor<br />

das espécies foram obtidos em Paglia et al.<br />

(2012). As categorias de dieta consideradas no<br />

presente estudo são apresentadas nos resultados.<br />

Os valores de peso foram agrupados em oito<br />

categorias de tamanho: < 1 kg, 1-2 kg, 2-5<br />

kg, 5-10 kg, 10-40 kg, 40-60 kg, 60-100<br />

kg e > 100 kg. Quanto ao hábito locomotor, as<br />

espécies analisadas foram classificadas como<br />

arborícolas, escansoriais, terrícolas, semifossoriais<br />

ou semiaquáticas, conforme apresentado em<br />

Paglia et al. (2012), exceto Procyon cancrivorus<br />

que foi classificada como terrícola no presente<br />

estudo. O horário de atividade foi baseado em<br />

dados obtidos na RNV, entre 2005 e 2014, a<br />

partir de armadilhas fotográficas (Projeto Felinos<br />

- A.C. Srbek-Araujo, dados não publicados). As<br />

espécies analisadas foram classificadas em seis<br />

categorias de horário de atividade baseadas na<br />

porcentagem de registros em cada período: diurno<br />

(≥90% diurno), preferencialmente diurno (70-<br />

89% diurno), diurno/crepuscular (50% diurno e<br />

50% crepuscular), diurno/noturno (cerca de 50%<br />

diurno e 50% noturno), noturno (≥90% noturno)<br />

e preferencialmente noturno (70-89% noturno).<br />

Para as espécies para as quais não há registros<br />

fotográficos disponíveis para a RNV (Priodontes<br />

maximus, Bradypus variegatus, Alouatta guariba,<br />

Callicebus personatus, Potos flavus, Lontra<br />

longicaudis, Leopardus guttulus, Chaetomys<br />

subspinosus e Coendou insidiosus), o horário de<br />

atividade foi definido com base em informações<br />

reunidas em Reis et al. (2006).<br />

A determinação do número de grupos funcionais<br />

formados pelas espécies de mamíferos de médio e<br />

grande porte presentes na RNV foi realizada a partir<br />

de análises multivariadas classificatórias (Análise de<br />

Cluster) baseadas em métodos hierárquicos (Tree<br />

Clustering) conforme orientações apresentadas em<br />

Petchey & Gaston (2006). Como regra de fusão<br />

foi empregado o Método do Vizinho Mais Distante<br />

(Complete Linkage) que determina a distância dos<br />

agrupamentos com base na maior distância entre<br />

quaisquer duas espécies em diferentes subgrupos<br />

(Statsoft, 2004). Como medida de distância foi<br />

adotado o Método da Porcentagem de Desacordo<br />

(Percent Disagreement) que é considerado ideal<br />

para análises que incluem dados categóricos<br />

(Statsoft, 2004). As análises estatísticas foram<br />

realizadas no Programa Statistica versão 7.1<br />

(Statsoft, 2004).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Grupos Funcionais<br />

A comunidade de mamíferos de médio e grande<br />

porte presente na RNV está organizada em cinco<br />

grupos funcionais principais, compostos por 1 a 3<br />

subgrupos funcionais e 2 a 11 espécies ao todo<br />

(Figura 1). A Figura 1 apresenta as associações<br />

entre as espécies de acordo com a dieta, o peso,<br />

o hábito locomotor e o horário de atividade.<br />

A dieta representou a característica funcional<br />

principal na definição dos grupos e subgrupos,<br />

enquanto as outras características analisadas<br />

contribuíram especialmente na organização interna<br />

dos agrupamentos. Quanto mais semelhantes são<br />

as espécies, mais próximas elas se apresentam<br />

no diagrama, sendo a distância representada<br />

pelo número e pelo comprimento das linhas que<br />

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