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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

19<br />

Santos<br />

BORBOLETAS DA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, LINHARES/ES<br />

André V. L. Freitas, Keith S. Brown Jr., Olaf H. H. Mielke, Jessie P.<br />

& João Vasconcellos-Neto<br />

INTRODUÇÃO<br />

Das mais de 19.000 espécies de borboletas<br />

conhecidas no planeta, quase 8.000 ocorrem na<br />

região Neotropical, sendo cerca de 3.200 no Brasil.<br />

Destas, 2.000 são encontradas no bioma Mata<br />

Atlântica (Brown, 1991; Brown & Freitas, 1999;<br />

Lamas, 2004). Originalmente, este bioma está<br />

distribuído do Rio Grande do Norte ao Rio Grande<br />

do Sul, abrangendo a faixa litorânea até mais de<br />

1.000 km ao interior do continente, desde o nível<br />

do mar até montanhas com mais de 2.000 m de<br />

altitude. Como resultado de sua ampla extensão,<br />

diferenças nas comunidades de borboletas são<br />

encontradas em virtude de regimes climáticos e<br />

fisionomias distintas (Brown & Freitas, 2000b).<br />

Na região norte do Espírito Santo e sul da<br />

Bahia, uma formação florestal característica ocorre<br />

ao longo do litoral, conhecida como “Matas de<br />

Tabuleiros” (também chamada de “Hiléia Bahiana”,<br />

veja Andrade-Lima, 1966). Essas florestas crescem<br />

em solos oligotróficos e relevo relativamente plano,<br />

com altitudes não superiores a 200 m (Peixoto<br />

et al., 1995, 2008). São extremamente ricas e<br />

possuem alto índice de endemismo de espécies<br />

lenhosas (Peixoto et al., 2008).<br />

Essa situação de alta diversidade específica e<br />

elevados índices de endemismo é corroborada por<br />

diversos grupos biológicos, incluindo as borboletas.<br />

Estudos anteriores já definiram essa região como um<br />

importante centro de endemismo de borboletas na<br />

Mata Atlântica, chamado de “Centro de Endemismo<br />

Bahia” (sensu Brown, 1977).<br />

Nas últimas quatro décadas, muitos inventários<br />

foram realizados em diversas áreas de floresta e<br />

restinga entre o rio Doce e a região de Camacan,<br />

no sul da Bahia. A partir destes inventários<br />

preliminares, foi obtida uma lista de mais de 800<br />

espécies de borboletas (Brown & Freitas, dados não<br />

publicados), incluindo pelo menos 11 espécies da<br />

lista das borboletas ameaçadas de extinção no Brasil<br />

(Machado et al., 2008). A integridade faunística<br />

dessa região e sua distinção das demais localidades<br />

da Mata Atlântica é muito clara, e foi demonstrada<br />

com base em alguns grupos de borboletas, como<br />

a tribo Ithomiini (Nymphalidae) (Brown & Freitas,<br />

2000b).<br />

Dentre as áreas mais intensamente amostradas,<br />

destacam-se as florestas da Reserva Natural Vale,<br />

em Linhares/ES. O presente capítulo tem como<br />

objetivo descrever a fauna de borboletas dessa<br />

reserva e discutir sua composição e afinidades com<br />

outras áreas de Mata Atlântica.<br />

ÁREA DE ESTUDO E MÉTODOS DE<br />

AMOSTRAGEM<br />

Todos os inventários foram realizados dentro da<br />

área da Reserva Natural Vale (RNV), em Linhares,<br />

Espírito Santo. Uma descrição detalhada da área pode<br />

ser encontrada no capítulo 11 (Rolim et al., 2016).<br />

Os inventários foram realizados entre 1986 e<br />

1994, somando cerca de 35 dias de amostragem<br />

(mais de 180 horas efetivas de trabalho de campo),<br />

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