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GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

(Zuec), “Professor Adão José Cardoso”, em<br />

Campinas/SP.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Foram examinados em coleções zoológicas<br />

604 exemplares coletados na RNV e 189 na<br />

RBS, correspondendo a um total de 50 espécies<br />

(incluindo material testemunho decorrente dos<br />

inventários realizados pelos próprios autores).<br />

Por meio dos registros constantes na literatura<br />

científica, 40 anfíbios foram listados para a RNV e/<br />

ou para a RBS. Adicionalmente, 55 espécies foram<br />

registradas diretamente nos trabalhos de campo<br />

recentemente realizados na região. Somados,<br />

esses registros totalizaram 59 espécies com<br />

presença confirmada para a RNV e seu entorno<br />

imediato (Tabela 1). A grande maioria das espécies<br />

registradas (n = 53; 90%) é endêmica do bioma<br />

Mata Atlântica. Entre os táxons confirmados para<br />

a área de estudo, o sapinho-foguete (Allobates<br />

capixaba) é classificado como Criticamente em<br />

Perigo no estado do Espírito Santo (Gasparini et<br />

al., 2007). Esta mesma espécie e a rãzinha-dofolhiço<br />

(Leptodactylus cupreus) são classificadas<br />

como Deficiente em Dados na avaliação nacional,<br />

realizada pelo ICMBio em 2014 (MMA, 2014).<br />

As espécies confirmadas para a RNV e seu<br />

entorno imediato estão distribuídas em nove<br />

famílias, sendo Hylidae a mais numerosa, com<br />

32 espécies, seguida por Leptodactylidae, com<br />

11 espécies, Microhylidae, com sete espécies,<br />

Bufonidae, com quatro espécies, e Craugastoridae,<br />

Hemiphractidae, Ceratophryidae, Odontophrynidae<br />

e Aromobatidae, representadas cada uma por uma<br />

espécie.<br />

A maior parte das espécies registradas ocorre<br />

em ambientes florestais (36 espécies; 61%), 20<br />

espécies (34%) ocorrem em áreas brejosas abertas<br />

e três (5%) são restritas aos campos nativos.<br />

Várias espécies, entretanto, ocorrem também nas<br />

zonas de contato entre os diferentes ambientes<br />

amostrados (Tabela 1).<br />

Os anfíbios anuros apresentam uma grande<br />

diversidade de modos reprodutivos, que vão<br />

da oviposição em ambientes lênticos, com a<br />

existência de uma fase larval aquática, até o<br />

desenvolvimento direto, sem a fase larval (Haddad<br />

& Prado, 2005). Dos 39 modos reprodutivos<br />

reconhecidos por Haddad & Prado (2005), 12<br />

(31%) estão presentes entre as espécies com<br />

ocorrência confirmada para a região estudada.<br />

Isso traduz proporcionalmente a alta riqueza de<br />

micro ambientes disponíveis na RNV e em seu<br />

entorno, o que possibilita condições favoráveis<br />

para a reprodução e a ocorrência das espécies ali<br />

encontradas.<br />

Nas coleções consultadas, há registros de<br />

seis espécies de anfíbios coletados no município<br />

de Linhares que ainda não foram encontradas<br />

na área da RNV: Pipa carvalhoi, Hypsiboas<br />

crepitans, Phyllomedusa rohdei, Trachycephalus<br />

nigromaculatus, Macrogenioglottus alipioi e<br />

Thoropa miliaris. O hilídeo Hypsiboas crepitans é<br />

tipicamente encontrado em ambientes lênticos<br />

em áreas abertas e seus registros atualmente<br />

correspondem a áreas mais altas do município de<br />

Linhares. Sua ocorrência na área da RNV é possível,<br />

considerando a presença de áreas abertas. A rã<br />

Thoropa miliaris habita preferencialmente lajões<br />

rochosos à margem de riachos ou filetes de<br />

água sobre rochas em ambientes florestados.<br />

Desta forma, sua ocorrência na região pode<br />

estar limitada às porções mais internas da<br />

RBS, embora possa estar presente também em<br />

locais ainda não explorados na RNV. As demais<br />

espécies mencionadas provavelmente ocorrem<br />

na RNV, que apresenta ambientes semelhantes<br />

aos encontrados em áreas nas quais elas foram<br />

registradas. Além disso, é plausível que ocorram<br />

novos registros e, talvez, a descoberta de<br />

espécies ainda não descritas com a continuidade<br />

das pesquisas de médio e longo prazo em<br />

desenvolvimento na região.<br />

Cerca de 40% das espécies de anfíbios<br />

com ocorrência registrada no Espírito Santo<br />

(Almeida et al., 2011) estão presentes no Bloco<br />

Linhares-Sooretama. Desta forma, a região<br />

representa uma área extremamente importante<br />

para a conservação dos anfíbios no estado e<br />

no Corredor Central da Mata Atlântica como<br />

um todo. Considerando o grau de devastação<br />

das regiões circundantes, o maciço florestal<br />

composto pela RNV e pela RBS representa ainda<br />

uma importante matriz para a recuperação de<br />

áreas vizinhas atualmente degradadas.<br />

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