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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

o Iguaçu e o Doce. Esse bioma foi, especialmente<br />

durante o século XX, criminosamente dizimado<br />

para dar lugar às mais diversas atividades humanas.<br />

Como resultado, da Mata Atlântica restam apenas<br />

cerca de 12% da sua extensão florestal original, em<br />

sua maior parte representada por remanescentes<br />

isolados e com tamanhos e formatos muito<br />

distintos (Ribeiro et al., 2009; Fsosma & Inpe,<br />

2014). Algumas regiões, como as florestas ao norte<br />

do rio São Francisco, não possuem mais de 4% da<br />

sua extensão original, e a funcionalidade do bioma<br />

nesta área está à beira do colapso, com as primeiras<br />

extinções sendo registradas recentemente (Pereira<br />

et al., 2014) em uma onda que não dá sinais de que<br />

vá arrefecer ou perder a intensidade.<br />

Contrastando com o elevado grau de ameaça, a<br />

Mata Atlântica é considerada uma das áreas mais<br />

diversas e ricas em espécies de todo o planeta. Silva<br />

& Casteleti (2003) estimam que na Mata Atlântica<br />

ocorram entre 1 e 8% de todas as espécies do planeta,<br />

enquanto o Ministério do Meio Ambiente (MMA,<br />

2000) lista para o bioma mais de 20.000 espécies<br />

de plantas vasculares, mais de 1.000 espécies de<br />

aves, 350 de peixes de água doce, 340 de anfíbios,<br />

250 de mamíferos e cerca de 200 espécies de<br />

répteis. Todos estes grupos apresentam também<br />

um elevado número de espécies endêmicas, além<br />

de uma grande proporção de espécies também<br />

consideradas ameaçadas de extinção. A elevada<br />

riqueza de espécies, incluindo aí o grande número<br />

de espécies exclusivas deste bioma, aliado ao seu<br />

alto grau de devastação e ameaça, colocam a Mata<br />

Atlântica como um dos biomas prioritários para a<br />

conservação da biodiversidade no planeta (Eken et<br />

al., 2004; Mittermeier et al., 2004).<br />

A riqueza e a diversidade de espécies atualmente<br />

encontradas na Mata Atlântica são o resultado<br />

visível e palpável de milhões de anos de evolução,<br />

onde eventos de isolamento e de encontro com<br />

a Amazônia, de interação com outros biomas<br />

(adjacentes ou não) e de adaptações aos distintos<br />

ambientes e às diferentes condições climáticas<br />

e topográficas, proporcionaram os elementos<br />

necessários para que milhares de espécies hoje<br />

habitem esse bioma. Como resultado das complexas<br />

histórias evolutivas ali ocorridas, a fauna e a flora<br />

da Mata Atlântica não estão uniformemente<br />

distribuídas, existindo regiões com espécies animais<br />

e vegetais particulares, únicas e insubstituíveis.<br />

As Florestas de Tabuleiro<br />

As florestas de baixada ou de tabuleiros são<br />

aquelas que se distribuem do nível do mar até cerca<br />

de 100 m de altitude e, graças à sua facilidade de<br />

acesso, foram as primeiras exploradas e desmatadas<br />

pelos colonizadores. Os pioneiros caminhos que<br />

ligavam os núcleos habitacionais no início do<br />

povoamento do Brasil pelos portugueses, com<br />

exceção da penosa subida da Serra do Mar, entre<br />

São Vicente e São Paulo, davam-se principalmente<br />

através das florestas de baixada. Desta forma, não<br />

é difícil imaginar que estas florestas também foram<br />

as mais rapidamente suprimidas, tornando-se,<br />

atualmente, extremamente raras. Após a retirada<br />

da madeira, seguiu-se a ocupação das terras por<br />

atividades agrícolas e pastagens e, em alguns locais<br />

nas baixadas, estas deram lugar, mais recentemente,<br />

a grandes projetos de reflorestamento para<br />

produção de celulose e carvão.<br />

É nesse contexto de alto grau de devastação das<br />

florestas de tabuleiro, associado a altos níveis de<br />

diversidade e endemismo, que se situa a Reserva<br />

Natural Vale (RNV). A RNV localiza-se entre os<br />

municípios de Linhares e Jaguaré, ao norte do<br />

Espírito Santo. Possui 22.711 ha de extensão e é<br />

coberta principalmente por florestas de tabuleiro,<br />

contando com uma menor porção de muçunungas e<br />

de campos nativos. É também adjacente à Reserva<br />

Biológica de Sooretama (RBS), que soma 24.000<br />

ha. Estas duas reservas, adicionadas a outras duas<br />

reservas privadas da região, a Reserva Particular do<br />

Patrimônio Natural (RPPN) Mutum-Preto (379 ha)<br />

e a RPPN Recanto das Antas (2.212 ha), formam<br />

um bloco com cerca de 50.000 ha de vegetação<br />

nativa (Srbek-Araujo et al., 2014) e constituem o<br />

maior e mais valioso remanescente de floresta de<br />

baixada do bioma Mata Atlântica.<br />

A descoberta das aves brasileiras e da<br />

região de Linhares<br />

As aves compõem o grupo mais conhecido<br />

e popular de todos os animais. Por serem em<br />

sua maioria diurnas, de fácil observação e por<br />

chamarem a atenção por causa da plumagem e<br />

diferentes cantos, sempre foram objeto de muita<br />

atenção e de muitos estudos. Não causa surpresa<br />

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