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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

barato que consegue cobrir grandes áreas em um<br />

curto período de tempo, sendo necessário que as<br />

espécies alvo possam ser diretamente observadas,<br />

que não haja erros de identificação e que se<br />

obtenha um número suficiente de observações,<br />

sendo 60 para espécies comuns e 40 para espécies<br />

consideradas raras (Buckland et al., 2001). Esse<br />

método tem sido frequentemente utilizado para<br />

avaliar populações de mamíferos de médio e de<br />

grande porte em florestas tropicais (Chiarello,<br />

1999; Peres, 1999; Chiarello, 2000b; Gonzalez-<br />

Soliz et al., 2001; Galetti et al., 2009; Martins,<br />

2010; Desbiez et al., 2010; Gopalaswamy et al.,<br />

2012; Norris et al., 2012).<br />

Há discussões sobre qual seria o delineamento<br />

amostral mais adequado para obtenção de<br />

resultados robustos em estimativas populacionais<br />

da fauna silvestre utilizando o método de<br />

amostragem de distâncias, as quais incluem<br />

discussões sobre qual a extensão ideal dos<br />

transectos e se deve haver independência entre<br />

os transectos (Peres, 1999; Magnusson, 2001;<br />

Ferrari, 2002). Magnusson (2001) argumenta que<br />

um único transecto, de preferência retilíneo, e de<br />

no mínimo 100 km seria o ideal para estimativas<br />

de populações da fauna silvestre. Com isso, evitase<br />

percorrer trilhas de pequeno comprimento<br />

repetidas vezes, o que pode superestimar a<br />

abundância de espécies que habitam a parte da<br />

floresta próximo ao transecto ou que utilizam o<br />

local devido à presença de árvores em frutificação.<br />

Por outro lado, alguns pesquisadores defendem o<br />

uso de transectos de pequeno comprimento (1–<br />

10 km) e, no caso de um transecto ser percorrido<br />

duas vezes no mesmo dia, um intervalo mínimo de<br />

uma hora deve ser estipulado entre as amostragens<br />

para que encontros com o mesmo indivíduo ou<br />

grupo de animais seja evitado e, dessa maneira,<br />

seja garantida a independência das amostragens<br />

(Peres, 1999; Ferrari, 2002). Além disso,<br />

transectos muito longos (100 km) só podem ser<br />

instalados em florestas contínuas, como é o caso<br />

da Floresta Amazônica, enquanto em um contexto<br />

de paisagem fragmentada, como observado na<br />

Mata Atlântica, existe uma grande dificuldade em<br />

encontrar locais que comportem um transecto<br />

dessa extensão. Assim, diversos transectos de<br />

menor comprimento podem viabilizar os estudos,<br />

principalmente em áreas com relevo acidentado<br />

e com limitações logísticas, o que dificultaria a<br />

abertura de trilhas retilíneas e extensas (Ferrari,<br />

2002). Adicionalmente, considera-se que em<br />

um delineamento amostral com diferentes trilhas<br />

de menor tamanho, há maior probabilidade de<br />

se amostrar a heterogeneidade local e verificar<br />

variações temporais e sazonais a partir do emprego<br />

de um menor esforço amostral por estação (Janson<br />

& Terborgh, 1980; Ferrari, 2002).<br />

Não se deve esquecer, entretanto, que há duas<br />

fontes de variação na contagem de espécimes em<br />

campo: a variação temporal e a variação espacial. A<br />

primeira pode ser captada a partir de levantamentos<br />

repetidos nos mesmos transectos, desde que a<br />

independência entre as amostragens seja garantida<br />

(os animais se movem o tempo todo e não se<br />

pode esperar que contagens no mesmo transecto<br />

resultem em números de avistamentos e distâncias<br />

perpendiculares idênticas às contagens anteriores).<br />

A segunda fonte de variação, por sua vez, é captada<br />

pela distribuição espacial dos transectos na área<br />

foco do levantamento populacional. Sob estes<br />

aspectos, a repetição de contagens nos mesmos<br />

transectos pode ser vantajosa, mesmo que implique<br />

em aumento na variância das estimativas (Buckland<br />

et al., 2001), o que pode ser facilmente resolvido<br />

com tamanhos amostrais maiores (reunião de um<br />

maior número de registros) (Buckland et al., 2001).<br />

A Reserva Natural Vale (RNV) está composta<br />

por um mosaico de habitat formado por três tipos<br />

principais de fitofisionomias (Floresta de Tabuleiro,<br />

Muçununga e Campo Nativo), além das áreas<br />

de transição entre estas formações (ecótono)<br />

(adaptado de Jesus, 1987; Peixoto & Gentry,<br />

1990), o que a torna um importante sítio para a<br />

conservação em razão de sua heterogeneidade<br />

singular. As primeiras estimativas de abundância<br />

e densidade de mamíferos de médio e grande<br />

porte realizadas na RNV foram geradas por<br />

Chiarello (1999, 2000a), há mais de 15 anos.<br />

Embora abranjam um pequeno número de<br />

espécies, os dados gerados nestes estudos podem<br />

ser considerados como o ponto de partida do<br />

monitoramento populacional de algumas das<br />

espécies de mamíferos de médio e grande porte<br />

presentes na RNV. Além destes dados, há outros dois<br />

estudos populacionais mais recentes desenvolvidos<br />

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