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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Natural Vale (RNV) e a Reserva Biológica de<br />

Sooretama, que constituem um bloco quase<br />

contínuo de mata e representam 9,46% da área<br />

florestal original de Mata Atlântica do Estado<br />

(Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2005;<br />

Srbek-Araujo & Chiarello, 2008). A RNV possui<br />

cerca de 23 mil hectares de área preservada no<br />

domínio da Floresta Estacional Perenifólia (Jesus<br />

& Rolim, 2005). Nelas são encontradas quatro<br />

formações naturais distintas de vegetação: floresta<br />

alta, floresta de muçununga, formações de áreas<br />

alagadas ou alagáveis (herbáceas e florestais) e<br />

os campos nativos, determinados principalmente<br />

por fatores geológicos e edafoclimáticos (Peixoto<br />

et al., 2008). Essa heterogeneidade de vegetação<br />

permite a formação de vários ecossistemas<br />

propícios ao desenvolvimento e preservação de<br />

grande riqueza de espécies de insetos. Apesar de<br />

alguns estudos realizados na RNV terem mostrado<br />

que sua entomofauna é muito diversa, incluindo<br />

várias espécies endêmicas e ameaçadas de<br />

extinção, muito pouco se conhece a seu respeito<br />

(Martins et al., 2014).<br />

Este capítulo tem como objetivo apresentar a<br />

entomofauna das ordens Coleoptera e Hemiptera<br />

registrada na Reserva Natural Vale.<br />

Coleoptera<br />

A ordem Coleoptera é a mais diversa entre os<br />

seres vivos, representa aproximadamente 1/5 dos<br />

organismos descritos e ocorre em praticamente<br />

todos os ecossistemas terrestres e boa parte dos<br />

aquáticos existentes no planeta (Bouchard et<br />

al., 2009). Os representantes desta ordem são<br />

popularmente conhecidos como besouros. Estão<br />

distribuídos em aproximadamente 166 famílias,<br />

das quais 105 ocorrem no Brasil (Casari & Ide,<br />

2012). A maioria dos seus espécimes vive sobre a<br />

vegetação e na superfície do solo; mas também são<br />

encontrados enterrados no solo, em meio aquático,<br />

semiaquático e como espécies comensais em<br />

ninhos de insetos sociais. Esses insetos possuem<br />

metamorfose completa (ovo, larva, pupa e adulto),<br />

apresentam regime alimentar dos mais variados,<br />

tanto na forma larval como adulta. A maioria das<br />

espécies é herbívora, podendo se alimentar de<br />

folhas, flores, frutos, pólen, raízes, sementes e<br />

troncos. Muitas espécies possuem importância<br />

econômica como pragas agrícolas ou florestais e<br />

muitas delas são registradas atacando produtos<br />

armazenados.<br />

Os besouros estão entre os principais insetos<br />

antófilos, se alimentando de pólen e néctar e<br />

consequentemente favorecendo a polinização.<br />

Desta forma, é importante conhecer as espécies<br />

de besouros para melhor entender sua eficiência<br />

nos papéis que desempenham nas comunidades e<br />

que garantem a sustentabilidade dos ecossistemas.<br />

O conhecimento das espécies ou seja, a taxonomia<br />

deste grupo não é uniforme, com algumas famílias<br />

investigadas por muitos pesquisadores e outras<br />

ainda carentes de estudos (Vanin & Ide, 2002).<br />

A ordem Coleoptera também vem sendo<br />

apontada como importante indicadora de qualidade<br />

ambiental em sistemas agropecuários e florestais.<br />

Estudos têm oferecido discussões sobre os impactos<br />

de manejo agrícola e florestal na comunidade dos<br />

besouros terrestres. Isso se deve à importância dos<br />

seus papéis nos processos biológicos do solo para a<br />

sustentabilidade dos sistemas de produção. Assim, a<br />

coleopterofauna, por constituir componente primário<br />

biológico, deve ser manejada de forma correta para<br />

sua preservação, tanto nos ecossistemas naturais,<br />

quanto nos agroecossistemas (Menezes & Aquino,<br />

2005).<br />

Existe uma relação muito importante entre os<br />

coleópteros e madeira em decomposição. Esse<br />

habitat representa abrigo, alimento e local de<br />

criação para grande variedade de espécies, como<br />

os da família Passalidae, que podem consumir de<br />

1/4 a 1/3 de parte de troncos em decomposição<br />

(Miss & Deloya, 2007).<br />

A superfamília Scarabaeoidea se destaca por<br />

ser alvo de diversas linhas de pesquisas e se tornou<br />

modelo de estudos em anatomia, bioacústica,<br />

biodiversidade, biogeografia, citogenética, ecologia,<br />

etologia, evolução biológica, filogenia, fisiologia,<br />

entre outros (Onore et al., 2003).<br />

Algumas espécies da família Scarabaeidae são<br />

conhecidas como besouros rola-bosta pelo hábito<br />

de enterrarem seus ovos com esferas de fezes<br />

e outros elementos orgânicos como fonte de<br />

alimento (Vaz-de-Mello, 2000). Os excrementos<br />

de vertebrados, animais mortos e frutos em<br />

decomposição são fontes de nutrientes ricas em<br />

nitrogênio para as larvas (Halffter & Matthews,<br />

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