05.02.2017 Views

RESERVA NATURAL VALE

livrofloresta

livrofloresta

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

26<br />

L.<br />

FRUGIVORIA E DISPERSÃO DE<br />

SEMENTES POR MORCEGOS NA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, SUDESTE<br />

DO BRASIL<br />

Isaac P. Lima, Marcelo R. Nogueira, Leandro R. Monteiro & Adriano<br />

Peracchi<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Brasil é considerado um país megadiverso,<br />

sendo o primeiro no mundo em diversidade de flora<br />

(Forzza et al., 2012) e o quarto em diversidade<br />

de fauna (Williams et al., 2001). Morcegos<br />

contribuem com pelo menos 178 espécies para<br />

a mastofauna brasileira (Nogueira et al., 2014) e<br />

têm em Phyllostomidae a família mais numerosa,<br />

com 92 espécies. Essa família se destaca ainda por<br />

apresentar grande diversidade ecológica, incluindo<br />

espécies que se alimentam de insetos, pequenos<br />

vertebrados, frutos, néctar, folhas, sementes e<br />

sangue (Altringham, 2011).<br />

Por meio das interações ecológicas das quais<br />

participam, morcegos proveem importantes<br />

serviços ecossistêmicos (Kunz et al., 2011),<br />

dentre os quais pode-se destacar a dispersão de<br />

sementes, definida por Stoner & Henry (2010)<br />

como a remoção das sementes e sua deposição<br />

em locais distantes das plantas parentais. Na<br />

região neotropical, morcegos consomem frutos<br />

de pelo menos 546 espécies de plantas, em 191<br />

gêneros e 62 famílias (Lobova et al., 2009).<br />

Dentre essas espécies, algumas parecem depender<br />

exclusivamente dos morcegos para sua dispersão<br />

(Sazima et al., 2003; Thies & Kalko, 2004),<br />

enquanto outras, importantes nos estágios iniciais<br />

da sucessão florestal, têm papel de destaque na<br />

dieta desses mamíferos (Muscarella & Fleming,<br />

2007). Além disso, morcegos são reconhecidos pela<br />

qualidade da dispersão que promovem, geralmente<br />

consumindo frutos maduros, os quais transportam<br />

para longe da planta-mãe, e defecando sementes<br />

em voo, frequentemente sobre áreas abertas<br />

propícias à germinação (Lobova et al., 2009). Salvo<br />

por um único gênero (Chiroderma), morcegos não<br />

danificam as sementes durante a mastigação ou<br />

em seu trato gastrointestinal (Nogueira & Peracchi,<br />

2003).<br />

Morcegos neotropicais considerados<br />

especializados na frugivoria pertencem às<br />

subfamílias Stenodermatinae, Carolliinae e<br />

Rhinophyllinae (sensu Baker et al., 2016) e<br />

ocorrem em todos os biomas brasileiros (Reis et<br />

al., 2007). A Mata Atlântica abriga significativa<br />

riqueza nesse grupo (22 espécies), embora esteja<br />

hoje bastante fragmentada – mais de 80% de seus<br />

remanescentes tem área menor do que 50 ha – e<br />

representada por apenas 12,5% de sua cobertura<br />

original (Ribeiro et al., 2009; SOS Mata Atlântica<br />

& Inpe, 2014). A Reserva Natural Vale (RNV), no<br />

estado do Espírito Santo, possui cerca de 22.711<br />

ha e é contígua à Reserva Biológica de Sooretama,<br />

que por sua vez abarca cerca de 24.000 ha<br />

(Chiarello, 2000). Essas reservas totalizam quase<br />

50.000 ha de áreas florestais, representando uma<br />

oportunidade singular para pesquisa biológica,<br />

principalmente quando se considera que maiores<br />

fragmentos de Mata Atlântica ocorrem apenas em<br />

4 3 3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!