RESERVA NATURAL VALE
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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />
et al. (2001) para amostragem de distâncias.<br />
Os transectos foram percorridos por um único<br />
observador, com uma caminhada de ida pela<br />
manhã, iniciando-se ao nascer do sol (entre<br />
05:30 h e 06:30 h, de acordo com a época do<br />
ano), com tempo de espera no final do transecto<br />
de aproximadamente três horas, e retorno pelo<br />
mesmo transecto no período da tarde (iniciado<br />
entre 13:00 h e 14:00 h). A ordem de execução<br />
da amostragem dos transectos foi alternada a cada<br />
mês. A velocidade utilizada durante a realização<br />
das transecções foi de aproximadamente 1 km/h.<br />
Ao todo foram percorridos 908 km igualmente<br />
distribuídos nos quatro transectos amostrados.<br />
A cada dia de amostragem, após a definição<br />
do transecto a ser percorrido, a coleta de dados<br />
era executada da seguinte forma: quando um<br />
animal era avistado, era marcado o local onde o<br />
mesmo se encontrava para mensurar sua distância<br />
perpendicular em relação à trilha (em metros),<br />
com o auxílio de uma trena de 50 m, no caso de<br />
espécies terrestres. Para as espécies arborícolas,<br />
era mensurado o ângulo de avistamento do animal<br />
em relação ao transecto (u em graus), com o<br />
auxílio de um clinômetro, e aferidas com uma trena<br />
métrica a distância do avistamento em relação<br />
ao observador (em metros). Com base nestes<br />
valores, a distância perpendicular do animal até o<br />
transecto é calculada por trigonometria (Buckland<br />
et al., 2001). Para as espécies que ocorrem em<br />
grupos sociais, foi considerada apenas a posição do<br />
primeiro indivíduo detectado do grupo (Buckland et<br />
al., 2004). Posteriormente, com base no tamanho<br />
médio dos grupos avistados e com o auxílio de<br />
dados disponíveis na literatura, foi possível corrigir<br />
as estimativas geradas (Buckland et al., 2004).<br />
Para cálculo da abundância e da densidade<br />
das espécies, foram consideradas somente as<br />
áreas florestais da RNV (tabuleiro, muçununga<br />
e ecótono), uma vez que nenhum mamífero de<br />
médio e grande porte foi detectado nas áreas de<br />
campo nativo da RNV. Dessa forma, em função<br />
da remoção dos trechos percorridos em áreas de<br />
campo nativo, um dos transectos passou a possuir<br />
3,5 km de comprimento. As áreas de campo nativo<br />
foram também descontadas do tamanho total da<br />
Reserva para as estimativas de densidade, uma vez<br />
que houve quebra de uma das premissas do método<br />
de amostragem de distâncias e isso poderia gerar<br />
ruídos nas análises (neste caso, a detecção deve ser<br />
100% na linha do transecto; Buckland et al., 2001).<br />
Para as análises foi utilizado o programa Distance<br />
versão 6.2 (Buckland et al., 2001). O programa<br />
Distance utiliza as distâncias perpendiculares<br />
(animal-trilha) para estimar a faixa efetivamente<br />
amostrada na área de estudo (chamada “effective<br />
strip width” ou ESW) e modelar a função de<br />
detecção que melhor se adequa à probabilidade de<br />
detecção de um animal numa dada distância da trilha,<br />
gerando as respectivas estimativas de abundância<br />
e densidade (Laake et al., 1994; Buckland et<br />
al., 2001). O melhor modelo de detecção foi<br />
selecionado pelo Critério de Informação de Akaike<br />
(AIC) que se origina da minimização da informação<br />
(ou distância) de Kullback-Leibler (K-L) como<br />
base para a seleção de modelos (Akaike, 1973). A<br />
informação K-L é uma medida de distância entre o<br />
modelo verdadeiro e um modelo candidato, mas o<br />
modelo verdadeiro quase sempre é uma abstração,<br />
sendo desejável a obtenção de um bom modelo que<br />
represente satisfatoriamente a realidade. Burnham<br />
& Anderson (2002) recomendam usar o AIC para<br />
selecionar modelos somente quando o número<br />
de observações é igual ou maior do que 40. Esse<br />
número mínimo de observações permite obter<br />
estimativas acuradas.<br />
Para os gêneros Mazama e Dasypus, ambos<br />
representados na RNV por duas espécies com<br />
morfologia semelhante (Srbek-Araujo & Chiarello,<br />
2013), foram consideradas inicialmente apenas as<br />
observações cuja identificação da espécie pôde ser<br />
realizada com segurança a partir da detecção de<br />
peculiaridades de cada espécie. Para os registros<br />
que não puderam ser identificados com segurança,<br />
foi utilizado método proposto por Ferreguetti et<br />
al. (2015) visando a inclusão dessas observações.<br />
Este método consiste na utilização da proporção<br />
dos indivíduos identificados para cada espécie<br />
para atribuir uma classificação taxonômica às<br />
observações não identificadas a partir de 1.000<br />
aleatorizações e empregando-se uma função<br />
de loop no pacote “Distance” do Programa R<br />
(Development Core Team, 2008; Miller, 2012).<br />
Este procedimento produz estimativas corrigidas<br />
baseadas no erro de detectabilidade de cada<br />
espécie (Ferreguetti et al., 2015).<br />
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