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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

estaminódio alongado e exserto, e cápsulas<br />

loculicidas, achatadas perpendicularmente ao septo<br />

(Gentry, 1992a; Figura 2A–C).<br />

O clado Aliança Tabebuia inclui 14 gêneros e<br />

147 espécies de árvores e arbustos com folhas<br />

digitadas e cápsulas loculicidas (Olmstead et al.,<br />

2009; Figura 2D–O). Dois terços das espécies<br />

deste grupo estão alocadas nos gêneros<br />

Handroanthus Mattos e Tabebuia Gomes ex<br />

DC. Além destes, seis outros gêneros também<br />

ocorrem no Brasil: Crescentia L., Cybistax Mart.<br />

ex Meisn., Godmania Hemsl., Paratecoma Kuhlm.,<br />

Sparattosperma Mart. ex Meisn. e Zeyheria<br />

Mart. (Lohmann, 2015).<br />

Representantes destes três clados de<br />

Bignoniaceae ocorrem na Reserva Natural Vale<br />

(RNV), onde a família está entre as dez mais<br />

diversas famílias de angiospermas (CVRD,<br />

1998). Este grande potencial atraiu a atenção<br />

de especialistas, como Alwyn Gentry (entre<br />

1985 e 1987) e Lúcia Lohmann (em 2001),<br />

que realizaram coletas focadas nesta família e<br />

impulsionaram significativamente o conhecimento<br />

das Bignoniaceae na região, levando a um total<br />

de 51 espécies e 26 gêneros conhecidos para a<br />

RNV (CVRD, 2002). Desde então, novas coletas<br />

foram realizadas aprimorando ainda mais o<br />

conhecimento sobre a flora local. O alto número<br />

de gêneros e espécies de Bignoniaceae na RNV fez<br />

com que esta reserva fosse selecionada como um<br />

dos quatro principais sítios de amostragem para<br />

a filogenia da tribo Bignonieae (Lohmann, 2006).<br />

Assim, a Reserva atualmente representa uma<br />

área chave para estudos ecológicos e evolutivos<br />

em Bignoniaceae. Neste contexto, a minuciosa<br />

caracterização da flora da família na RNV é<br />

fundamental para embasar estes estudos.<br />

METODOLOGIA<br />

Este estudo foi baseado na lista de espécies<br />

de Bignoniaceae compilada por Lohmann em<br />

2001 e publicada como parte da lista florística<br />

de espécies da CVRD (2002). Através desta lista<br />

e das informações fenológicas disponíveis nas<br />

etiquetas dos materiais depositados em herbário,<br />

foram planejadas novas expedições de campo e<br />

consultas aos acervos CVRD, MBML, MO, NY,<br />

RB, SPF e VIES (siglas segundo Thiers, 2015),<br />

visando detectar novos registros para a área.<br />

Foram realizadas sete expedições de coleta<br />

entre 2007 e 2011, distribuídas ao longo do<br />

ano todo, a fim de cobrir o período de floração<br />

e frutificação de todas as espécies. Ao todo,<br />

foram coletadas 272 novas amostras, as quais<br />

foram fotografadas em campo ou laboratório. As<br />

fotografias de material vivo incluíram detalhes<br />

dos folíolos, flores, frutos e sementes, bem como<br />

fotos do hábito das diversas espécies. Estas fotos<br />

estão sendo utilizadas para a produção de um<br />

guia de campo para identificação das espécies de<br />

Bignoniaceae da Reserva Natural Vale (Zuntini &<br />

Lohmann, em preparação).<br />

Este trabalho segue as classificações<br />

recentes da tribo Bignonieae (Lohmann & Taylor,<br />

2014) e Aliança Tabebuia (Grose & Olmstead,<br />

2007). Além disso, especialistas e tratamentos<br />

taxonômicos para gêneros específicos foram<br />

também consultados, visando a checagem de<br />

identificações e esclarecimentos taxonômicos,<br />

especialmente no caso de espécies de difícil<br />

circunscrição; estes trabalhos estão citados ao<br />

longo do texto.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Levantamento das espécies de<br />

Bignoniaceae da Reserva Natural Vale (RNV)<br />

Foram registrados 25 gêneros e 62 espécies<br />

de Bignoniaceae para a Reserva Natural Vale<br />

(Tabela 1). Destes, 18 gêneros e 44 espécies<br />

são representantes de Bignonieae, um gênero e<br />

duas espécies de Jacarandeae e seis gêneros e<br />

16 espécies do clado Aliança Tabebuia (Figuras<br />

1-2). A diversidade de Bignoniaceae encontrada<br />

na RNV representa quase metade das 115<br />

espécies da família ocorrentes no estado do<br />

Espírito Santo (Lohmann, 2015) e cerca de um<br />

terço das 199 espécies documentadas para a<br />

Mata Atlântica (Lohmann & Tarabay, 2009).<br />

Dentre os gêneros de lianas, os mais diversos<br />

são Adenocalymma Mart. ex Meisn. (9 spp.),<br />

Fridericia Mart. (5 spp.) e Mansoa DC. (4 spp.),<br />

enquanto Handroanthus (7 spp.) e Tabebuia (5<br />

spp.) são os gêneros arbóreos mais diversos<br />

(Tabela 1).<br />

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