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SRBEK-ARAUJO & KIERULFF<br />

MAMÍFEROS: GRUPOS FUNCIONAIS<br />

comunicam as espécies. As diferenças são medidas<br />

pelas distâncias sinalizadas na escala inferior (eixo<br />

x), variando de zero, entre as espécies que se<br />

sobrepõem, até mais de 0,5, indicando as espécies<br />

mais diferentes entre si.<br />

O Grupo Funcional 1 foi definido como<br />

CARNÍVOROS, incluindo predadores estritos de<br />

invertebrados ou de vertebrados, abrangendo os<br />

subgrupos Mirmecófago, Carnívoro e Piscívoro.<br />

CARNÍVOROS representa o grupo com maior<br />

número de espécies, sendo a organização interna<br />

dos subgrupos Mirmecófago e Carnívoro definida<br />

por diferenças no hábito locomotor e/ou no horário<br />

de atividade das espécies. Piscívoro foi o subgrupo<br />

mais distante entre os CARNÍVOROS, estando<br />

composto por uma única espécie (lontra, Lontra<br />

longicaudis).<br />

O Grupo Funcional 2 foi intitulado<br />

GENERALISTAS, uma vez que abrange espécies<br />

com dieta mais variada, estando representado<br />

pelos subgrupos Insetívoro/Onívoro e Frugívoro/<br />

Onívoro. GENERALISTAS representa o segundo<br />

grupo mais diverso, estando formado por dois<br />

subgrupos funcionais com duas ou mais espécies<br />

com grande sobreposição dos caracteres<br />

analisados. Em GENERALISTAS, as espécies mais<br />

próximas diferiram em relação ao tamanho (tatus<br />

entre si) e ao horário de atividade [macaco-prego<br />

(Sapajus robustus) x jupará (Potos flavus); “quati<br />

(Nasua nasua) + irara (Eira barbara)” x mãopelada<br />

(Procyon cancrivorus)], havendo uma forte<br />

sobreposição entre quati e irara.<br />

O Grupo Funcional 3 foi denominado<br />

HERBÍVOROS ARBORÍCOLAS, incluindo espécies<br />

herbívoras que exploram verticalmente o<br />

ambiente, abrangendo os subgrupos Folívoro,<br />

Folívoro/Frugívoro e Frugívoro/Insetívoro/<br />

Gomívoro. Entre os HERBÍVOROS ARBORÍCOLAS,<br />

os subgrupos Folívoro e Frugívoro/Insetívoro/<br />

Gomívoro estão representados por uma única<br />

espécie cada (respectivamente: preguiça-comum,<br />

Bradypus variegatus; mico-da-cara-branca,<br />

Callithrix geoffroyi), sendo Frugívoro/Insetívoro/<br />

Gomívoro o subgrupo mais distante em relação<br />

às outras espécies inseridas em HERBÍVOROS<br />

ARBORÍCOLAS. Neste grupo destaca-se também<br />

a forte sobreposição entre o ouriço-preto<br />

(Chaetomys subspinosus) e ouriço-cacheiro<br />

(Coendou insidiosus), classificados por Paglia et<br />

al. (2012) como Folívoro/Frugívoro e Frugívoro/<br />

Folívoro, respectivamente.<br />

O Grupo Funcional 4 foi definido como<br />

GRANÍVOROS, estando representado por espécies<br />

que se alimentam principalmente de sementes,<br />

entre outros itens de origem vegetal, e que estão<br />

inseridas no subgrupo Frugívoro/Granívoro.<br />

GRANÍVOROS constitui o grupo menos diverso,<br />

com apenas duas espécies com diferenciação<br />

relacionada ao tamanho e ao hábito locomotor,<br />

sendo o esquilo, Guerlinguetus ingrami, como<br />

arborícola; e a cutia, Dasyprocta leporina, como<br />

terrícola (Paglia et al., 2012).<br />

Finalmente, o Grupo Funcional 5, intitulado<br />

HERBÍVOROS TERRÍCOLAS, abrange espécies<br />

herbívoras que forrageiam na serrapilheira e/ou<br />

nos estratos mais baixos do sub-bosque, estando<br />

composto pelos subgrupos Frugívoro/Herbívoro<br />

e Herbívoro (pastador). Entre os HERBÍVOROS<br />

TERRÍCOLAS, as espécies mais próximas diferiram<br />

em relação ao tamanho e/ou horário de atividade,<br />

embora entre os Frugívoros/Herbívoros tenha<br />

havido uma grande sobreposição entre catitu<br />

(Pecari tajacu) e veado-catingueiro (Mazama<br />

gouazoubira).<br />

Segundo Lawton & Brown (1993), a análise<br />

de grupos funcionais assume que os membros<br />

de um mesmo agrupamento são funcionalmente<br />

idênticos, podendo haver completa redundância<br />

entre as espécies dentro dos grupos. Neste sentido,<br />

seria improvável que, em comunidades compostas<br />

por táxons funcionalmente redundantes, a perda<br />

aleatória de espécies resultasse em diminuição<br />

significativa da diversidade funcional (Mayfield<br />

et al., 2010). Entretanto, na prática, observase<br />

que as comunidades geralmente apresentam<br />

redundância limitada e a extinção aleatória de<br />

algumas espécies pode resultar, na verdade,<br />

em perda significativa de diversidade funcional<br />

(Petchey & Gaston, 2002). Os dados obtidos para a<br />

comunidade de mamíferos de médio e grande porte<br />

presente na RNV demonstram que nem sempre a<br />

redundância entre as espécies que compõem um<br />

mesmo grupo é completa, conforme apontado<br />

também por Ciancaruso et al. (2009). Além da<br />

diferenciação associada à dieta, ao peso, ao hábito<br />

locomotor e ao horário de atividade, mesmo para<br />

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