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RESERVA NATURAL VALE

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GIARETTA ET AL.<br />

MYRTACEAE<br />

A floresta de Muçununga ocupa cerca de<br />

8% da área da RNV e constitui enclaves de solo<br />

predominantemente arenoso em meio à Mata Alta.<br />

Na floresta de Muçununga da RNV, Myrtaceae se<br />

sobressai quanto à densidade, mas também pela<br />

elevada riqueza (Simonelli et al., 2008). Foram<br />

registradas para essa formação, um total de 38<br />

espécies, sendo cinco exclusivas dessas florestas:<br />

Campomanesia anemonea, Eugenia neosilvestris,<br />

Marlierea neuwiediana, Marlierea obversa, Myrciaria<br />

tenella).<br />

O Campo Nativo se estende por<br />

aproximadamente 6% da área da RNV, possui<br />

solo arenoso como na Muçununga, entretanto,<br />

as condições edáficas do primeiro diferem pela<br />

pequena profundidade da camada arenosa,<br />

criando condições de inundação onde predomina<br />

uma vegetação herbácea com arbustos esparsos<br />

(Araujo et al., 2008; Ferreira et al., 2014). Dentre<br />

os arbustos, cujo sombreamento cria condições<br />

microclimáticas favoráveis para outras espécies<br />

e, ainda, gera suporte para orquídeas e bromélias,<br />

Myrtaceae contribui com 15 espécies nesta<br />

formação, sendo as mais frequentes Calyptranthes<br />

brasiliensis e Psidium brownianum.<br />

As áreas permanentemente ou sazonalmente<br />

inundadas apresentam um total de seis espécies,<br />

sendo Eugenia unana e Myrceugenia campestris<br />

exclusivas dessa formação. Vale destacar que as<br />

únicas espécies registradas para todas as formações<br />

vegetacionais ocorrentes na RNV foram Myrcia<br />

racemosa e Psidium brownianum.<br />

Giaretta et al. (2015), a partir de espécimes<br />

de Myrtaceae do Espírito Santo depositados em<br />

herbários, chegaram à conclusão de que as áreas<br />

com maior diversidade e endemismo são também<br />

aquelas mais bem coletadas, sugerindo que<br />

parâmetros potenciais de riqueza e endemismo<br />

ainda permanecem inexplorados em áreas pouco<br />

amostradas. Neste sentido, com base no número<br />

de coletas, a RNV se estabelece como a área<br />

florestal mais conhecida do estado e, mesmo<br />

assim, atualmente ainda são descritas espécies<br />

antes desconhecidas para a ciência (p. ex. Coelho,<br />

2010; Lopes et al., 2013; Sobral & Souza,<br />

2015). Giaretta et al. (2015) ainda assinalaram<br />

18 espécies endêmicas para o estado, das quais<br />

Campomanesia espiritosantensis, Myrcia follii, M.<br />

limae e M. riodocensis, também ocorrentes na RNV,<br />

foram apontadas com base em diferentes critérios<br />

como mais vulneráveis à extinção.<br />

Dada a elevada diversidade na RNV, incluindo o<br />

entorno e a Reserva Biológica de Sooretama, essa<br />

área é reconhecida como de extrema importância<br />

para a conservação (Espírito Santo, 2010). No<br />

Livro Vermelho da Flora do Brasil, das 18 espécies<br />

listadas por Proença et al. (2013) como ameaçadas<br />

de extinção, 10 espécies ocorrem na RNV, das<br />

quais cinco são endêmicas do Espírito Santo.<br />

Em razão da distribuição restrita, essas espécies<br />

estão mais susceptíveis a processos que podem<br />

levar à redução de suas populações e mesmo à<br />

extinção. Além disso, o intenso grau de ameaça<br />

causado pela histórica substituição de florestas por<br />

sistemas agropastoris e silvicultura com espécies<br />

exóticas promoveram a redução e declínio da<br />

qualidade de habitat, intensificado pela invasão<br />

de espécies exóticas nos remanescentes naturais.<br />

Dessa maneira, em um cenário de mudanças<br />

climáticas globais e cujos fatores que ameaçam a<br />

biodiversidade são constantes, o papel da RNV em<br />

abrigar, conservar e promover o conhecimento da<br />

biodiversidade da Mata de Tabuleiro capixaba se<br />

torna cada vez mais estratégico.<br />

Os resultados aqui apresentados confirmam a<br />

grande riqueza de espécies da família Myrtaceae na<br />

RNV e, ao mesmo tempo, revela a sua importância<br />

para a conservação da família na Floresta Atlântica.<br />

Embora nos últimos anos esforços tenham sido<br />

empregados para caracterização da família na RNV,<br />

inventários locais ainda são de extrema importância,<br />

bem como estudos mais aprofundados sobre as<br />

espécies.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Araujo, D.S.D.; Pereira, O.J. & Peixoto, A.L. 2008. Campos<br />

Nativos at the Linhares Forest Reserve, Espírito Santo,<br />

Brazil. In: Thomas, W.W. (ed.). The Atlantic Costal<br />

Forest of Northeastern Brazil. The New York Botanical<br />

Garden Press, New York. 371-385p.<br />

Barroso, G.M. & Peixoto, A.L. 1990. Espécies novas de<br />

Myrcia DC. e Marlierea Cambes. (Myrtaceae). Acta<br />

Botanica Brasilica 4(2): 3-19.<br />

Barroso, G.M. & Peixoto, A.L. 1991a. Novas espécies<br />

para o gênero Plinia (Myrtaceae). Atas da Sociedade<br />

Botânica do Brasil – secção Rio de Janeiro 3(12): 97-<br />

104.<br />

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