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EM BUSCA DE UM ENSINO COMPLEMENTAR E DE QUALIDADE: O PROJETO DESAFIO DIGITAL Eduardo Morgado emorgado@fc.unesp.br Depto Computação - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp Maria Ângela Dias dos Santos mangela@fc.unesp.br Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp Barbara De Franco barbara.franco@ltia.fc.unesp.br Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp Daniel Igarashi da Cruz igarashi@ltia.fc.unesp.br Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp RESUMO O grande desenvolvimento da área de tecnologia da informação abre novas oportunidades profissionais e novos postos de trabalho, que muitas vezes, não são preenchidos por falta de mão-de-obra qualificada ou, até mesmo de candidatos informados. Esta situação afeta, notadamente, os jovens de baixa renda, egressos das escolas públicas de Ensino Médio. O projeto Desafio Digital procurou explorar o potencial de ensino à distância e de novas metodologias educacionais para localizar talentos e despertar o interesse pelas carreiras técnicas da tecnologia da informação junto aos alunos do Ensino Médio. Buscando parâmetros que pudessem definir uma política pública de capacitação de baixo custo, facilmente replicável, o estudo definiu uma metodologia baseada em ambiente de interação web, incluindo tutoria à distância. Durante o programa de cursos, os alunos participaram de atividades divididas em quatro etapas: Básico sobre Sistema Operacional e Suíte Office, Desenvolvimento de Websites; Programação de Games e Robótica Educacional. Em termos práticos, o programa buscou desenvolver o raciocínio lógico, conceitos de algoritmos e programação visual, dentro de um ambiente lúdico, interessante e auto-motivador. Uma importante inovação desse estudo foi o uso de metalinguagens no lugar de linguagens comerciais, uma vez que o que se buscava era o aprendizado conceitual dos fundamentos teóricos das tecnologias computacionais. Todo o suporte e atendimento aos alunos foram oferecidos através do portal do projeto, garantindo custos mínimos de operação e, conseqüentemente, alta escalabilidade. Dos alunos que finalizaram o programa, a maioria considerou o modelo de ensino simples e eficaz. Eles também declararam interesse em seguir carreira na área de tecnologia, situação aproveitada por empresas que ofereceram vagas para estágios ou cursos complementares. O projeto Desafio Digital foi patrocinado pela Intel Educação Brasil, Microsoft Educação Brasil e foi apoiado pela Prefeitura Municipal de Araraquara e pelo Laboratório de Tecnologia Aplicada da Unesp de Bauru. PALAVRAS-CHAVE Ensino profissionalizante, tecnologias educacionais, educação à distância. 1. INTRODUÇÃO Conferência IADIS Ibero-Americana WWW/Internet 2007 O projeto Desafio Digital foi realizado em Araraquara, uma cidade média no centro do estado de São Paulo (Br), considerada hoje um pólo tecnológico por abrigar importantes empresas da área de TI e por oferecer facilidades que têm atraído várias outras empresas de hardware e software para a cidade. De acordo com o censo do IBGE de 2000, Araraquara tem 199.657 habitantes, 8.924 alunos cursando o Ensino Médio e 12.068 estudantes matriculados no Ensino Superior. Segundo o Cadastro Nacional de Cursos de Educação 3
ISBN: 978–972–8924–45-4 © 2007 IADIS Profissional de nível Técnico do Sistema de Informação da Educação Profissional (SIEP/CNCT), existem duas instituições de ensino superior na cidade e 85 cursos técnicos, dos quais 14% concentram-se na área de TI. Ao longo de 2006, a prefeitura da cidade passou a enfrentar problemas com a falta de mão-de-obra local especializada na área de TI e com a falta de interesse dos alunos egressos do Ensino Médio pela área. Esses dois problemas interferem diretamente na capacidade do município atrair novas empresas e conseqüentemente, nos planos de expansão do polo tecnológico. Procurando solucionar esses problemas, mantendo a atratividade da cidade e, adicionamente, garantindo que esses novos postos de trabalho, sempre de melhor remuneração, pudessem ser ocupados pela população local, evitando que as empresas “importassem” trabalhadores; a Secretaria de Desenvolvimento Econômico buscou o apoio da Microsoft Educação, da Intel Educação e da Unesp, para que desenvolvessem um programa inovador para ampliar as oportunidades para os alunos de baixa renda da rede pública de Ensino Médio local, nascendo então o Programa Desafio Digital. 2. FASES DO PROGRAMA O primeiro desafio do Programa foi a prova de seleção. Essa prova de seleção foi preparada com base em material disponibilizado no próprio Portal do Desafio Digital. O material cobria tópicos que variavam de conhecimentos gerais sobre computadores a novidades do mundo tecnológico, passando por temas sobre trabalho em equipe e liderança. O cadastro dos alunos ficou em aberto durante um mês, tempo considerado adequado para que se preparassem para o teste. A prova foi composta por 21 perguntas e cada aluno tinha apenas 25 minutos para responder – o acesso era restrito e após enviar as respostas, os alunos não podiam refazê-las. Mais de 700 alunos fizeram a prova de seleção e dentre eles foram selecionados 259, pois esta era a capacidade física dos 5 laboratórios preparados em escolas públicas municipais. É importante observar aqui, que foram selecionados alunos do Ensino Médio Público, de escolas estaduais, para realizar o experimento nas 5 escolas públicas municipais que haviam sido previamente preparadas. A primeira fase do Programa foi a capacitação Básica em Sistemas Operacionais, para a qual se usou o Programa Aluno-Monitor da Microsoft Educação. Esse programa é composto por uma etapa presencial de dois dias e um mês de atividades totalmente à distância. Foi uma fase que serviu de nivelamento de conhecimentos e de socialização, dado que os alunos eram de escolas diferentes. As atividades da segunda fase, Desenvolvimento de Websites, foram projetadas para serem totalmente à distância e para durar um mês. Os alunos foram divididos em três grupos principais, portanto, foram desenvolvidos três websites por escola. A confecção do website exigiu tempo e esforço dos alunos, pois eram muitas as funcionalidades a serem obrigatoriamente implementadas, como: blog, álbum de fotos e notícias..Por esta razão, os alunos precisaram e souberam dividir as tarefas entre eles para concluir o trabalho. A terceira fase, também totalmente à distância, foi a de Games, seguramente a mais complexa de todas e a que mais exigiu dedicação dos alunos. O objetivo da fase era criar um jogo educacional, como por exemplo, interagir com uma célula animal e conhecer todas as suas organelas. Nessa fase, os alunos foram divididos em duplas para que o envolvimento com as tarefas fosse mais intenso. Em um mês, os alunos aprenderam e trabalharam com uma nova ferramenta de programação, chamada KPL (Kids Programming Language), uma meta-linguagem criada especialmente para iniciantes em programação. Na quarta fase, além da prática da programação, a Robótica Educacional teve como objetivo oferecer um ambiente de entretenimento onde se praticasse de forma lúdica a lógica de programação. Os alunos, novamente em duplas, cumpriam missões que envolviam a movimentação de um robô através de uma metalinguagem de programação. A figura abaixo mostra o ambiente de robótica utilizado pelos alunos. 4
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