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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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Toadas para um Planeta Vermelho - 107acabar com a idéia de vida neles, como impossível ouimprovável. É curioso recordar alguns dos hábitos mentaisdestes dias que já se foram. Quando muito, os homensterrenos imaginaram que haveria outros homens em Marte,talvez inferiores a eles, e prontos a dar boas-vindas a umempreendimento missionário. Embora atravessando oabismo do espaço, mentes que seriam para as nossas,como as nossas o são para as dos animais que perecem,intelectos vastos, frios e antipáticos, consideravam estaTerra com olhos invejosos e traçaram lenta e seguramenteseus planos contra nós.Estas linhas de abertura do clássico de 1897 da ficçãocientífica, de H. G. Wells, A Guerra dos Mundos, mantêm seu poderde atração até hoje.* Em toda a nossa história, tem havido medo ouesperança de que haja vida além da Terra. Nos últimos cem anos,esta premonição se centralizou em um ponto vermelho e brilhantede luz no céu noturno. Três anos antes de A Guerra dos Mundos tersido publicada, Percival Lowell, de Boston, fundou o principalobservatório onde foram desenvolvidas as pretensões maiselaboradas para defender a vida em Marte. Lowell dedicou-se àastronomia quando jovem, entrou para Harvard, desempenhou umanomeação diplomática semi-oficial na Coréia, e engajou-se nasbuscas comuns da riqueza. Antes de falecer em 1916, forneceucontribuições importantes para o nosso conhecimento da natureza eevolução dos planetas, e dedução do universo em expansão, e deum modo decisivo para a descoberta do planeta Plutão, querecebeu este nome em sua lembrança. As primeiras duas letras donome Plutão são as iniciais de Percival Lowell. Seu símbolo é P, ummonograma planetário.Mas o amor de Lowell foi o planeta Marte. Contagiou-se coma notícia, em 1877, de um astrônomo italiano, Giovanni Schiaparelli,dos canali em Marte. Schiaparelli registrara, em uma aproximaçãode Marte com a Terra, uma intrincada rede de linhas retas simples eduplas riscando áreas brilhantes do planeta. Canali em italianosignifica canais, palavra que implica um projeto inteligente. Amartemania tomou conta da Europa e da América, e Lowelldescobriu-se arrebatado por ela.Em 1892, com a visão falhando, Schiaparelli anunciou queestava deixando a observação de Marte. Lowell resolveu continuaro trabalho. Desejou um lugar de observação de primeira classe, nãoperturbado por nuvens ou luzes citadinas, e marcado por um bomseeing, termo astronômico para atmosfera estável através da qual otremular de uma imagem astronômica, ao telescópio, é minimizado.O seeing prejudicado é produzido por uma turbulência em pequenaescala na atmosfera acima do telescópio, sendo a razão pela qualas estrelas tremeluzem. Lowell construiu seu observatório bemlonge de casa, em MarsPercival Lowell, aos cinqüenta e noveanos, em Flagstaff. Fotografia do LowellObservatory.Mapa de Marte, posterior ao de Schiaparelli,por Brown. As linhas retas e curvassão os "canais". Schiaparelli nomeoumuitas formas e locais segundo lugaresclássicos e míticos, fornecendo uma basepara a nomenclatura marciana moderna,incluindo Chryse e Utopia, locais de pousodas Vikings 1 e 2.*Em 1938, em uma versão para o rádio produzida por Orson Welles, irradiou-se daInglaterra para o leste dos Estados Unidos uma invasão marciana que amedrontoumilhões de pessoas na América de pós-guerra, por acreditarem estarem osmarcianos realmente atacando.

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