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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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Histórias de Viajantes - 139Júpiter é rodeado por uma cobertura de partículas muitocarregadas invisíveis, porém extremamente perigosas. A espaçonavetem que atravessar o limite externo deste cinturão deradiação para poder examinar de perto o planeta e suas luas, econtinuar sua missão em Saturno e além dele. As partículascarregadas podem danificar os delicados instrumentos e frigir oseletrônicos. Júpiter é também circundado por um anel de debrissólidos, descoberto quatro meses antes pela Voyager 1, e que aVoyager 2 teria que atravessar. Uma colisão com um pequenoseixo poderia ter feito a nave saltar loucamente, fora de controle,sua antena incapaz de contatar a Terra, e seus dados perdidospara sempre. Um pouco antes do Encontro, os controladores damissão estavam apreensivos. Houve alguns alarmes eemergências, mas a inteligência associada dos seres humanos naTerra e dos robôs no espaço suplantou o desastre.Lançada a 20 de agosto de 1977, moveu-se em umatrajetória em arco depois de Marte, através do cinturão deasteróides, para aproximar-se do sistema de Júpiter e percorrer ocaminho entre o planeta e suas quatorze ou mais luas. A passagemda Voyager por Júpiter acelerou-a em direção ao encontro de Saturno.A gravidade deste a impelirá para Urano. Após Urano, aVoyager mergulhará além de Netuno, deixando o sistema solar etornando-se uma espaçonave interestelar, fadada a vagar parasempre no grande oceano entre as estrelas.Estas viagens de exploração e descoberta são as últimas deuma longa série que caracterizou e distinguiu a história humana.Nos séculos XV e XVI podíamos viajar da Espanha aos Açores empoucos dias — o mesmo tempo necessário agora para ir da Terra àLua. Levávamos, naquela época, alguns meses para atravessar oOceano Atlântico e atingir o que era conhecido como o NovoMundo, as Américas. Hoje levamos alguns meses para atravessar ooceano do sistema solar interior e realizar uma descida em Marteou Vênus, que são, verdadeira e literalmente, novos mundos ànossa espera. Nos séculos XVII e XVIII podíamos viajar da Holandaà China em um ano ou dois, o tempo que a Voyager levou para irda Terra a Júpiter.* O custo anual foi relativamente maior do que oatual, mas em ambos os casos menos de um por cento do que oProduto Nacional Bruto. Naves espaciais atuais, com sua tripulaçãode robôs, são os precursores, a vanguarda das futuras expediçõeshumanas aos planetas. Já teremos trilhado o caminho antes.A época entre os séculos XV e XVII representa um pontodecisivo, importante, em nossa história. Ficou claro que poderíamosnos aventurar em todas as partes do planeta. Embarcações à vela,valentes e intrépidas, de meia dúzia de nações européiasdispersaram-se nos oceanos. Havia muita motivação para estasviagens: ambição, avidez, orgulho nacional, fanatismo religioso,degradação, curiosidade científica, sede de aventura e a inutilidaderrrSala de Controle no Jet Propulsion Laboratory,NASA.*Ou, utilizando uma comparação diferente, um ovo fertilizado leva, para descer datrompa de Falópio e implantar-se no útero, o mesmo tempo que a Apoio 11 levouem sua viagem à Lua; para desenvolver-se em um bebê, a termo, o tempo que aViking levou em sua viagem à Marte. O tempo de duração da vida humana normal émaior do que o requerido pela Voyager para aventurar-se além da órbita de Plutão.

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