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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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Toadas para um Planeta Vermelho - 123A Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (siglaem inglês NASA), que dirige o programa espacial dos EstadosUnidos, está sujeita a cortes orçamentários freqüentes e imprevisíveis.As atividades científicas da NASA têm muito pouco apoiodo governo, de modo que a ciência é muitas vezes o alvo quandohá necessidade de diminuir a verba. Em 1971 decidiu-se que umadas quatro experiências de microbiologia deveria ser retirada, e foiescolhida a Armadilha de Wolf. Para Vishniac foi um tremendodesapontamento, pois tinha dedicado doze anos à sua experiência.Muitos outros em seu lugar teriam evitado o Time de Biologiada Viking, mas Vishniac era um homem dedicado e tranqüilo.Decidiu então que poderia servir melhor à procura da vida em Marteviajando para o lugar na Terra mais parecido com o ambiente deMarte — os vales secos da Antártica. Alguns investigadores tinhamexaminado anteriormente o solo antártico e concluído que ospoucos micróbios que tinham conseguido encontrar não eramrealmente nativos dos vales secos, mas tinham parado lá, levadosde um outro ambiente mais clemente. Relembrando as experiênciasdo Jarro de Marte, Vishniac acreditou que a vida era tenaz e que aAntártica era perfeitamente consistente com a microbiologia. Semicróbios terrestres podiam viver em Marte, por que não naAntártica, que era de um modo geral mais quente e úmida, e tinhamais oxigênio e menos luz ultravioleta? Em outras palavras,descobrir a vida nos vales secos antárticos ampliaria,correspondentemente, as chances de vida em Marte. Vishniacacreditou que as técnicas experimentais previamente utilizadas nadedução da não-existência de micróbios originários da Antárticaeram falhas. Os nutrientes, apropriados ao ambiente confortável deum laboratório de microbiologia da universidade, não eram destinadosà árida vastidão polar.Então, a 8 de novembro de 1973, Vishniac, com um novoequipamento de microbiologia, e um geólogo foram transportadosde helicóptero da estação de McMurdo para uma área próxima aoMonte Balder, um vale seco na serra de Asgard. Seu método eraimplantar pequenas estações microbiológicas no solo antártico eretornar um mês depois para recuperá-las. A 10 de dezembro de1973, ele saiu para recolher amostras no Monte Balder; sua saídafoi fotografada a três quilômetros de distância. Foi a última vez quealguém o viu vivo. Dezoito horas mais tarde seu corpo foidescoberto na base de um penhasco de gelo. Ele tinha vagado emuma área não explorada anteriormente, escorregado no gelo,rolado e arremessado a uma distância de 150 metros. Talvezalguma coisa tenha chamado sua atenção, talvez um habitatadequado aos micróbios, ou um pedaço de verde que ninguémtinha visto antes. Nunca saberemos. No pequeno livro marrom deanotações que levava naquele dia, o último registro dizia: "Estação202 — recolhida. Dez de dezembro de 1973. Hora: 22.30.Temperatura do solo: -10°. Temperatura do ar: -16 o ." Era umatemperatura típica de verão em Marte.Muitas das estações microbiológicas de Vishniac aindaestão na Antártica, mas as amostras que voltaram foram examinadas,utilizando-se seus métodos, por seus amigos e colegasrrrrrrrTerreno plano na Chryse Planitia, ondea Viking 1 aterrissou. O pouso se deu apoucos quilômetros da área assinaladapela cruz, após a viagem interplanetáriade algumas centenas de milhões de quilômetros.Cortesia da NASA.Pouso simulado, no Vale da Morte, Califórnia,da Viking em Marte. Os estágiosfinais de descida são freados pelocombustível dos retrofoguetes.

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