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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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Uma Voz na Fuga Cósmica - 27este processo chama-se seleção natural. Aquela vida que foi alteradafundamentalmente ao longo das eras está inteiramente livredas alterações que fizemos nos animais selvagens e nos vegetaisdurante o curto exercício dos seres humanos na Terra e das evidênciasfósseis. Os registros fósseis nos revelam claramente criaturasque existiam em grandes quantidades e que agora desaparecerampor completo.* Há muito mais espécies que se tornaram extintasna história da Terra do que as que existem hoje; elas são osexperimentos completados da evolução.As alterações genéticas induzidas pela domesticação ocorreramcom muita rapidez. O coelho não foi domesticado senão noinício dos tempos medievais (foi criado por monges franceses nacrença de que os coelhinhos recém-nascidos eram peixes e, conseqüentemente,isentos das proibições contra a carne a ser consumidaem determinados dias do calendário litúrgico); o café foiutilizado no século XV; a beterraba no XIX; e o mink ainda se encontranos estágios iniciais da domesticação. Em menos de dez milanos, a domesticação aumentou o peso da lã dos carneiros de menosde um quilograma de pêlos ásperos para dez ou vinte quilogramasde lanugem fina; ou o volume do leite produzido pelo gadodurante o período de lactação, de algumas centenas para um milhãode centímetros cúbicos. Se a seleção artificial pode levar aalterações tão importantes em um período de tempo, do que serácapaz a seleção natural, trabalhando por bilhões de anos? A respostaé toda a beleza e diversidade do mundo biológico. A evoluçãoé um fato, não uma teoria.Que o mecanismo da evolução é a seleção natural é a grandedescoberta associada aos nomes de Charles Darwin e AlfredRussel Wallace. Há mais de um século, eles salientaram que a naturezaé prolífica, que nascem muito mais plantas e animais do queos que apresentam possibilidade de sobrevivência, e que, portanto,o ambiente seleciona as variedades que são, por acidente, melhoradaptadas para a sobrevivência. As mutações — alterações súbitasna hereditariedade — procriam a verdade. Fornecem a matériaprimada evolução. O ambiente seleciona algumas mais propícias àsobrevivência, resultando em uma série de transformações lentas euma forma de vida para outra, a origem de novas espécies.**Disse Darwin, no seu livro A Origem das Espécies:*Embora a opinião religiosa tradicional do Ocidente mantenha, com estoicismo, ocontrário, como por exemplo, a opinião de 1770 de John Wesley: "À morte nunca épermitida a destruição (mesmo) das espécies mais insignificantes".**No livro sagrado dos maias, o Popol Vuh, as várias formas de vida são descritascomo tentativas fracassadas dos deuses, com uma predileção por experiências compessoas. As iniciais ficaram muito aquém do esperado, criando os animais inferiores;a penúltima, uma falha menor, fez os macacos. Na mitologia chinesa, os sereshumanos surgiram dos piolhos de um deus chamado P'an Ku. No século XVIII, deBuffon propôs que a Terra era muito mais antiga do que as Escrituras sugeriam,que as formas da vida, de alguma maneira, tinham lentamente se alterado atravésdos milênios, mas que os símios eram os descendentes esquecidos do homem.Embora estas noções não reflitam com precisão o processo evolucionário descritopor Darwin e Wallace, são uma antecipação dele, como o foram as visões de Demócrito,Empédocles e outros primeiros cientistas jônicos que serão discutidos noCapítulo VII.

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