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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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Histórias de Viajantes - 145Huygens fez ainda mais. O principal problema da navegaçãomarítima naquela época era a determinação da longitude. A latitudeera facilmente achada pelas estrelas, quanto mais ao sulestivessem, mais constelações austrais seriam visíveis. Mas alongitude requeria anotações precisas de tempo. Um relógio debordo perfeito daria a hora em seu porto de origem; o nascer e opôr-do-sol e das estrelas especificaria a hora local a bordo, e adiferença entre as duas seria a longitude. Huygens inventou orelógio de pêndulo (seu princípio tinha sido descoberto anteriormentepor Galileo), que foi então aperfeiçoado, embora nãointeiramente bem-sucedido, para calcular a posição no meio dogrande oceano. Seus esforços introduziram uma precisão semprecedentes nas observações astronômicas e em outros camposcientíficos, e estimularam outros aperfeiçoamentos em relógiosnáuticos. Inventou a mola da balança em espiral, utilizada aindahoje em alguns relógios; forneceu contribuições fundamentais paraa mecânica, p.ex. o cálculo da força centrífuga e, partindo de umapesquisa sobre o jogo de dados, chegou à teoria da probabilidade.Aperfeiçoou a bomba a ar, que revolucionou posteriormente aindústria da mineração, e a "lanterna mágica", o antepassado doprojetor de slides. Também inventou algo chamado "máquina depólvora", que influenciou o desenvolvimento de outra máquina, a devapor.Huygens estava encantado com o fato da opinião copernicana,da Terra como um planeta que gira em torno do Sol, seramplamente aceita, mesmo pelo povo da Holanda. Realmente,disse ele, Copérnico foi reconhecido por todos os astrônomos,exceto por aqueles que " eram um pouco sem talento ou estavamsob superstições impostas pela autoridade meramente humana".Na Idade Média os filósofos cristãos gostavam de argumentar quejá que os céus giravam em torno da Terra uma vez a cada dia,dificilmente seriam infinitos e, portanto, um número infinito demundos ou um grande número deles (ou até um outro) eraimpossível. A descoberta de que era a Terra quem girava e não oSol encerrava implicações importantes para a unidade dela e para apossibilidade de vida em outros lugares. Copérnico sustentava quenão somente o sistema solar, mas também o universo inteiro eraheliocêntrico, e Kepler negava que as estrelas possuíssemsistemas planetários. A primeira pessoa a tornar explícita a idéia deum grande, talvez até infinito, número de outros mundos em órbitaem torno de outros sóis parece ter sido Giordano Bruno. Outrospensavam que a pluralidade de mundos era conseqüência dasidéias de Copérnico e Kepler, e ficaram horrorizados. No início doséculo XVIII, Robert Merton contestava que a hipótese heliocêntricaimplicava em uma multidão de outros sistemas planetários, sendoeste um argumento do tipo chamado reductio ad absurdum(Apêndice 1), demonstrando o erro da suposição inicial. Escreveuum argumento que pode ter soado como inconsistente,Detalhe do Systema Saturnium, de ChristiaanHuygens, publicado em 1659. Mostrasua explicação (correta) para as mudançasna aparência dos anéis de Saturno nodecorrer dos anos, de acordo com ageometria relativa das alterações da Terrae de Saturno. Na posição B, os anéis, coma espessura de uma folha de papel, desaparecemquando vistos de perfil. Na posiçãoA exibem sua extensão máxima visívelda Terra, configuração que provocouem Galileo, que se utilizava de um telescópiosignificativamente inferior, umaprofunda aflição e abatimento.Pois se o firmamento tiver a grandeza incomparável, como atêm os gigantes de Copérnico... tão vasto e repleto deincontáveis estrelas, como se fossem infinitas em quantidade...por que não podemos supor... que estas estrelasrrrrr

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