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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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Céu e Inferno - 85ser cerca de dez mil anos entre colisões que deverão formarcrateras tão grandes como um quilômetro de largura em nossoplaneta. E, já que se pensa que a Cratera do Meteoro no Arizonaé uma cratera de impacto de um quilômetro, tenha vinte ou trintamil anos, as observações na Terra estão de acordo com essescálculos imperfeitos.O impacto real de um pequeno cometa ou asteróide com aLua deverá provocar uma explosão momentânea suficientementebrilhante para ser visível da Terra. Podemos imaginar nossosantecessores contemplando-a displicentemente em uma noite, hácem mil anos, e notando uma estranha nuvem surgindo da suaparte não iluminada, repentinamente atingida pelos raios solares.Não esperamos que um evento desses tenha acontecido naantigüidade. As probabilidades são de uma em cem. Contudo, háum relato histórico que talvez descreva um impacto na Lua vistoda Terra a olho nu: no entardecer de 25 de junho de 1178, cincomonges ingleses registraram algo extraordinário, que foiposteriormente descrito na crônica de Gervase de Canterbury,geralmente considerado um repórter digno de confiança doseventos políticos e culturais da sua época, pois havia entrevistadoas testemunhas oculares que afirmaram, sob juramento, averacidade da sua história. A crônica é esta:Era uma Lua Nova brilhante, e como de costume nestafase seus cornos estavam inclinados para o leste. Derepente o corno superior dividiu-se em dois. No pontomédio da divisão, brotou uma tocha flamejante, lançandofogo, carvões em brasa e faíscas.Os astrônomos Derral Mulholland e Odile Calame calcularamque um impacto lunar produziria uma nuvem de poeirasubindo da superfície com uma aparência correspondente muitosemelhante ao registro dos monges de Canterbury.Se houve um impacto destes há somente 800 anos, acratera ainda deve ser visível. A erosão na Lua é tão ineficiente,pela ausência de ar e água, que mesmo as crateras menores depoucos bilhões de anos são ainda comparativamente bem preservadas.Da descrição registrada por Gervase, é possível apontarcom precisão o setor da Lua ao qual se referem as observações.Os impactos produzem raios, rastros lineares de pó finolançado durante a explosão. Estes raios estão associados a craterasmais recentes da Lua, por exemplo, as que receberam osnomes de Aristarco, Copérnico e Kepler. Enquanto as craterasresistem à erosão, na Lua, os raios, sendo excepcionalmentefinos, não. À medida que o tempo passa, a chegada de micrometeoritos—poeira fina do espaço — mexe e cobre os raios, e elesdesaparecem gradualmente. Estes raios são uma assinatura deum impacto recente.O meteoriticista Jack Hartung mostrou que uma pequenacratera muito recente, de aparência nova, com um sistema deraios evidente está exatamente na região da Lua referida pelosmonges de Canterbury. Foi chamada de Giordano Bruno, nomede um erudito católico romano do século XVI que sustentava aexistência de uma infinidade de mundos e muitos deles habitados.Por este e outros crimes, foi queimado na fogueira no ano de1600.A cratera raiada de Bruno (ao alto) na Lua.Foto Apollo Orbiter. Cortesia da NASA.

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