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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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110 - CosmosIlustração atual de Marte nos seriadosJohn Carter, de Edgar Rice Burroughs.Cortesia de Ballantine Books.Konstantin Eduardovich Tsiolkovsky(1857-1935), pioneiro russo do foguete edo espaço. Professor primário de província,surdo e autodidata, deixou contribuiçõesfundamentais para a astronáutica.Visualizou uma época quando os sereshumanos seriam capazes de reconstruiros meios ambientes de outros mundos, eem 1896 escreveu sobre a comunicaçãocom inteligências extraterrestres. Em 1903descreveu, com detalhes, como umfoguete de vários estágios e decombustível líquido poderia transportarseres humanos além da atmosfera daTerra. Cortesia da Sovfoto.posição da maioria de seus canais — e nem característicaalguma. Então, como ele poderia ter traçado os mesmos canais,ano após ano? Como poderiam outros astrônomos, alguns dosquais tinham dito não terem examinado de perto os mapas deLowell até suas próprias observações, terem traçado os mesmoscanais? Uma das grandes descobertas da missão Mariner 9 emMarte foi que existem riscas e manchas na superfície marciana,muitas conectadas com os bordos altos das crateras de impacto,que alteram segundo as estações. São decorrentes de poeiracarregada pelo vento, os padrões variando de acordo com osventos sazonais. Mas as riscas não apresentam característicasde canais, e nem estão na posição deles, e nenhuma delas é,individualmente, larga o suficiente para serem vistas da Terra emprimeiro plano. É improvável que haja características reais emMarte que pareçam ligeiramente com os canais de Lowell, nasprimeiras décadas do século, e que tenham desaparecido semdeixar vestígios logo que as investigações, de perto, dasespaçonaves tornaram-se possíveis.Os canais de Marte parecem ser alguma disfunção, sobcondições de visibilidade difíceis da combinação mão/olho/cérebro humanos (ou pelo menos para alguns seres humanos;muitos outros astrônomos, observando com aparelhos igualmentebons na época e logo depois de Lowell afirmaram nãohaver canais). Dificilmente é uma explicação compreensível, etive uma suspeita incômoda de que algum aspecto essencial doproblema dos canais marcianos ainda permanece sem ser descoberto.Lowell sempre disse que a regularidade dos canais eraum sinal inconfundível da origem inteligente. Certamente isto éverdadeiro. A única pergunta não respondida é de que lado dotelescópio estava a inteligência.Os marcianos de Lowell eram bons e esperançosos, atéum pouco parecidos com deuses, bem diferentes da ameaçamalévola colocada por Wells e Welles em A Guerra dos Mundos.Ambas as idéias penetraram na imaginação pública através dossuplementos de domingo e da ficção científica. Posso me lembrar,quando criança, lendo fascinado e com a respiração presaos contos sobre Marte de Edgar Rice Burroughs. Viajei com JohnCarter, o aventureiro romântico da Virgínia, até "Barsoom", comoMarte era conhecido pelos seus habitantes. Segui rebanhos deanimais de carga com oito pés, os thoats. Pedi a mão daadorável Dejah Thoris, princesa de Helium. Protegi um lutadorverde de quatro metros de altura chamado Tars Tarkas. Vagueiem cidades espiraladas e estações bombeadoras abobadadas deBarsoom, e ao longo de baixios verdejantes nos canais de Nilosyrtise Nepenthes.Seria realmente possível, de fato e não por fantasia,aventurarmo-nos com John Carter no Reino de Helium no planetaMarte? Poderíamos sair em uma tarde de verão, nosso caminhoiluminado pelas duas luas de Barsoom, para uma grande aventuracientífica? Mesmo se as conclusões de Lowell sobre Marte,incluindo a existência dos canais fantásticos, resultassem emnada, sua descrição do planeta possui ao menos uma virtude:motivou uma geração dos oito anos, eu inclusive, a considerar arrr

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