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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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322 - Cosmosmodo que o acontecimento foi insignificante. Mas, a primeiro demarço de 1954, um teste de armas termonucleares em Bikini, nasilhas Marshall, detonou com uma potência mais elevada do que oesperado. Uma grande nuvem radioativa foi depositada nopequeno atol de Rongalap, a 150 quilômetros de distância, ondeos habitantes comparavam a explosão ao nascer do Sol noOcidente. Poucas horas depois, caiu sobre Rongalap, como neve,uma cinza radioativa. A dose média recebida foi somente de 175rads, um pouco menos da dose necessária para matar umapessoa mediana. Estando longe do local da explosão, nãomorreram muitas pessoas. Naturalmente o estrôncio radioativoque eles comeram concentrou-se em seus ossos e o iodo radioativoem suas tiróides. Dois terços das crianças e um terço dosadultos desenvolveram posteriormente anormalidades da tiróide,retardamento mental ou tumores malignos. Em compensação, osilhéus de Marshall receberam cuidados de peritos médicos.A potência da bomba de Hiroshima era somente treze quilotons,o equivalente a treze mil toneladas de TNT. A potência doteste de Bikini foi de quinze megatons. Em uma troca nucleartotal, no paroxismo da guerra termonuclear, o equivalente a ummilhão de bombas de Hiroshima será derramado por todo omundo. Considerando-se a taxa de mortalidade de Hiroshima —algumas centenas de milhares de pessoas mortas por armaequivalente a treze quilotons, aquela troca seria suficiente paramatar cem bilhões de pessoas. Mas haverá menos de cincobilhões de pessoas no planeta nos últimos anos do século vinte.Naturalmente nessa troca, nem todos seriam mortos pelas rajadasde vento e pela tempestade de fogo, pela radiação e peloacontecimento em si, embora este vá durar mais tempo: 90% doestrôncio 90 cairão em 96 anos; 90% do césio 137, em 100 anos;90% do iodo 131, em somente um mês.Os sobreviventes testemunhariam conseqüências maissutis da guerra. Uma troca nuclear total queimaria o hidrogênio nacamada superior, convertendo-o em óxidos de nitrogênio que, porsua vez, destroem uma quantidade significativa de ozônio na altaatmosfera, admitindo-se uma intensa dose de radiaçãoultravioleta solar.* O fluxo maior de ultravioleta perduraria poranos. Produziria câncer de pele, de preferência em pessoas depele clara. Ainda mais importante, afetaria a ecologia do nossoplaneta de uma maneira desconhecida. A luz ultravioleta destróias colheitas. Muitos microrganismos seriam mortos, não sabemosquais ou quantos, ou quais seriam as conseqüências. Osorganismos mortos podem, até onde sabemos, estar na base deuma vasta pirâmide ecológica, no topo da qual cambaleamos.A poeira despejada no ar em uma troca nuclear total refletiria aluz solar e esfriaria um pouco a Terra. Mesmo um pequenoresfriamento pode ter conseqüências desastrosas na agriculrrrrrrrr*0 processo é semelhante à destruição da camada de ozônio, embora seja muitomais perigoso pelos propelentes de fluorocarbono contidos em latas de spraysem aerosol, os quais foram banidos em um acordo de várias nações; também ésimilar ao mencionado na explicação da extinção dos dinossauros por umaexplosão em supernova há algumas dúzias de anos-luz.

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