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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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Viajando no Espaço e no Tempo - 201Os problemas da simultaneidade não se aplicam ao somcomo com a luz porque o som se propaga através de algum meiomaterial, geralmente o ar. A onda de som que nos atinge, quandoum amigo nos fala, é o movimento das moléculas do ar. Mas a luzviaja no vácuo. Há restrições em como as moléculas do ar podemsemover que não se aplicam ao vácuo. A luz do Sol nos atingeatravessando o espaço vazio existente entre nós, mas não importao quão cuidadosamente estivermos ouvindo, pois não escutaremoso crepitar das manchas solares ou o trovão dos flares. Pensava-se,antes da relatividade, que a luz se propagava em um meio especialpermeado em todo o espaço, chamado "éter luminífero". Mas afamosa experiência de Michelson-Morley demonstrou que este éternão existe.Algumas vezes ouvimos falar de coisas que viajam maisrápido do que a luz. Ocasionalmente refere-se a algo chamado "avelocidade do pensamento", uma noção excepcionalmente tola, jáque sabemos que a velocidade dos impulsos dos neurônios emnosso cérebro é quase que a mesma de uma carroça puxada porum burro. Os seres humanos tendo sido espertos o suficiente paraconscientizar-se da relatividade, mostram que sabem pensar bem,mas acho que não podemos jactar-nos sobre a rapidez dopensamento. Os impulsos elétricos em um computador, entretanto,viajam próximo à velocidade da luz.A relatividade especial, totalmente desenvolvida por Einsteinem seus vinte e poucos anos, é sustentada por cada experiênciafeita para testá-la. Talvez amanhã alguém invente uma teoriaconsistente com tudo o mais que sabemos que envolvemparadoxos, de tal modo como a simultaneidade, evitando asconstruções de referência privilegiada, e ainda permita uma viagemmais rápida do que a luz. Duvido muito. A proibição de Einsteincontra uma viagem destas pode chocar-se com o nosso bomsenso. Mas por que confiamos no nosso bom senso? Por que anossa experiência a 10 quilômetros por hora constrangeria as leisda natureza a 300.000 quilômetros por segundo? A relatividadeestabelece limites sobre até onde os seres humanos poderão ir.Não requer que o universo esteja em perfeita harmonia com aambição humana. A relatividade especial remove a nossacapacidade de agarrar um caminho para chegar às estrelas, a naveque pode mover-se mais rápido do que a luz. Atormentadoramentesugere um outro método inesperado.Seguindo George Gamow, imaginemos um local onde avelocidade da luz não seja 300.000 quilômetros por segundo, massim 40 quilômetros por hora, realmente cumpridos. (Não hácastigos por romper as leis da natureza porque não há crimes: anatureza é auto-reguladora e arruma os fatos de modo que asproibições são impossíveis de serem transgredidas.) Imagine-mosque você esteja se aproximando da velocidade da luz em umaprancha motorizada. (A relatividade é rica em frases iniciando-se:Imaginemos... Einstein chamava este tipo de exercício deGedanken experiment, um experimento idealizado através dopensamento). À medida que a sua velocidade aumenta, vocêcomeça a ver nos cantos os objetos passando. Enquanto você estárigidamente olhando em frente, as coisas que estão atrás de vocêrrrPlaca de trânsito sucinta, erigida na cidadeitaliana de Vinci. Lê-se: "Bemvindosa Vinci. Limite da velocidade daluz, 40 quilômetros [por hora]". Foto deAnn Druyan.

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