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COSMOS

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Histórias de Viajantes - 141Avareza e a Inveja, deusas do comércio. Os holandeses, cujaeconomia era baseada no lucro privativo, mesmo assim compreenderamque a busca desenfreada do lucro colocava em risco aalma da nação.Um símbolo menos alegórico pode ser encontrado embaixode Atlas e a Justiça, no piso da Câmara Municipal. É um grandemapa embutido, datando do final do século XVII ou princípio doXVIII, mostrando do oeste da África ao Oceano Pacífico. O mundointeiro era a arena da Holanda. E, neste mapa, com uma modéstiadesarmante os holandeses se omitiram, utilizando somente o antigonome latino Belgium na sua parte da Europa.Era um ano típico, muitos navios saíam com destino aomundo inteiro. Descendo a costa oeste da África, através o quechamavam de Mar Etíope, iam até o sul, passavam pelo Estreito deMadagascar e atingiam a extremidade sul da índia, e dali iam a umdos principais focos de seu interesse, as Ilhas Spice, hojeIndonésia. Algumas expedições partiam dali para uma terrachamada Nova Holanda, hoje Austrália. Poucos se aventurarampelo Estreito de Málaga, passando pelas Filipinas em direção àChina. Sabemos de um relato datado da metade do século XVII, deuma "Embaixada da Companhia das índias Orientais dasProvíncias Unidas dos Países Baixos, para o Grande Tártaro,Cham, Imperador da China". Os burgueses, embaixadores ecapitães holandeses ficavam de olhos arregalados de espanto faceà civilização na cidade imperial de Pequim.*Até então a Holanda jamais tinha possuído tal poder mundial.Um país pequeno, forçado a viver do seu talento, sua políticaexterna encerrou um forte elemento pacificador. Pela sua tolerânciacom as opiniões heterodoxas, era um paraíso para os intelectuaisque se refugiavam da censura e controle do pensamento existentesem toda a Europa — quase como os Estados Unidos que sebeneficiaram enormemente na década de 1930 com o êxodo deintelectuais que fugiam da Europa dominada pelo nazismo. AHolanda do século XVII foi o lar do grande filósofo judeu Spinozaque Einstein admirava; de Descartes, um elemento-chave nahistória da matemática e da filosofia, e de John Locke, cientistapolítico que influenciou um grupo de revolucionários de inclinaçõesfilosóficas chamados Paine, Hamilton, Adams, Franklin e Jefferson.Nunca antes a Holanda tinha sido agraciada por uma galáxia deartistas e cientistas, filósofos e matemáticos. Foi a época dosmestres da pintura Rembrandt, Vermeer e Frans Hals; deLeeuwenhoek, o inventor do microscópio; de Grotius, o fundador dodireito internacional; de Willebrord Snellius, que descobriu a lei darefração da luz.Seguindo a tradição holandesa de estimular a liberdade depensamento, a Universidade de Leiden ofereceu a cadeira deprofessor a um cientista italiano chamado Galileo, que tinha sidoforçado pela igreja católica, sob tortura, a renegar sua visãoGalileo Galilei (1564-1642). Nesta pinturade Jean-Leon Huens, Galileo se encontratentando convencer eclesiásticos céti-cosde que havia montanhas na Lua e que oplaneta Júpiter possuía várias luas. Ahierarquia católica permaneceu descrente.Em 1633 Galileo foi obrigado a suportar umjulgamento por "violenta suspeita deheresia". Condenado por uma evidência deum documento forjado, Galileo passou osúltimos oito anos de sua vida sob prisãodomiciliar, em sua pequena casa nosarredores de Florença. Foi o primeiro autilizar um telescópio para estudar os céus.Pintura de Jean-Leon Huens,© NationalGeographic Society.* Sabemos até os presentes que trouxeram para a corte. A imperatriz foi agraciadacom "seis pequenas arcas de diversas pinturas", e o imperador recebeu "doisfardos de canela".

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