14.08.2015 Views

COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

cosmos_de_carl_sagan

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

26 - CosmosMesmo antes da batalha de Danno-ura, os pescadores relutavamem comer tais caranguejos. Atirando-os de volta ao mar, eles iniciaramum processo evolucionário: Se é um caranguejo com umacarapaça comum, os homens o comerão. Sua linhagem deixarápoucos descendentes. Se a carapaça tiver os traços de uma face,eles o devolverão ao mar, deixando mais descendentes. Os caranguejospossuíam um revestimento substancial nos padrõesdas suas carapaças. Enquanto as gerações de pescadores e decaranguejos se sucediam, os portadores de carapaças com padrõesque mais se assemelhavam à face de um samurai sobreviviamaté que, eventualmente, produziu-se não apenas uma facehumana, não apenas uma face japonesa, mas a visão de um feroze ameaçador samurai. Tudo isto não diz respeito ao que os caranguejosquerem. A seleção é imposta exteriormente. Quantomaior a semelhança com um samurai, melhores as chances desobrevivência. Casualmente começaram a existir muitos caranguejos-samurais.Este processo é chamado de seleção artificial. No caso docaranguejo Heike, foi efetuada, em parte inconscientemente, pelospescadores, e certamente sem nenhuma contemplação sériapelos caranguejos. Os homens têm, de modo deliberado, selecionadoque tipos de plantas e animais devem viver e quais devemmorrer, por milhares de anos. Estamos rodeados desde a infânciapor frutas, árvores, vegetais e animais domésticos úteis e familiares.De onde eles vieram? Existiram livremente em estado agrestee então foram induzidos a adotar uma vida menos extenuante emuma fazenda? Não. A verdade é bem diferente. A maioria deles éfeita por nós.Dez mil anos atrás, não havia vacas leiteiras ou cães decaça ou cereais de espigas grandes. Quando domesticamos osancestrais destas plantas e animais — algumas vezes bem diferentesdas de agora — controlamos as suas proles. Asseguramonosde que certas variedades, que apresentavam propriedadesconsideradas desejáveis, eram reproduzidas preferencialmente.Quando precisávamos de um cão para ajudar a tomar conta dorebanho, selecionávamos crias inteligentes e dóceis, e que tinhamalgum talento preexistente para guardar o gado, o que é comumem animais que caçam em matilha. Os enormes úberes distendidosdo gado leiteiro são o resultado de um interesse humano emleite e queijo. Nossos cereais, ou milho, têm sido selecionados pordez mil gerações para serem mais saborosos e nutritivos do queseus minguados ancestrais; na verdade, eles se encontram tãoalterados que não podem nem reproduzir sem a intervenção humana.A essência da seleção artificial — para um caranguejoHeike, um cão, vaca ou espiga — é: Muitos traços físicos e comportamentaisde plantas e animais são herdados. Eles se reproduzem.Os seres humanos, por qualquer que seja a razão, encorajama reprodução de algumas variedades e desencorajam a deoutras. A variedade selecionada preferencialmente reproduz ecasualmente se torna abundante; a não selecionada se torna rarae talvez extinta.Mas se os seres humanos podem criar novas variedadesde plantas e animais, não o poderá também a natureza? Sim, errrr

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!