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COSMOS

cosmos_de_carl_sagan

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uma das nossas civilizações representam meramente as diferentesatividades do ser humano. Um visitante extraterrestre, observandoas diferenças entre os seres humanos e suas sociedades,descobriria que essas diferenças são trivais quando comparadas àssimilaridades. O Cosmos pode ser densamente povoado de seresinteligentes, mas a lição darwiniana é clara: não haverá sereshumanos em outros locais. Somente aqui, neste pequeno planeta.Somos uma espécie tão rara quanto perigosa. Se um ser humanodiscordar de você, deixe-o viver. Em cem bilhões de galáxias, nãoencontrará nenhum outro.A história humana pode ser vista como um lento despertardo saber que somos membros de um grande grupo. Inicialmentenossas lealdades eram conosco e com nossa família mais chegada,depois a grupos de caçadores errantes, então a tribos, pequenospovoados, cidades, estados, nações. Ampliamos o círculo daquelesque amamos. Organizamos agora o que é modestamente descritocomo superpotências, o que inclui grupos de pessoas de origensétnica e cultural diferentes trabalhando de alguma forma juntas,uma experiência sem dúvida humanizante e de caráter construtivo.Se quisermos sobreviver, nossas lealdades deverão se ampliarainda mais para incluir toda a comunidade humana, o planeta Terrainteiro. Muitos daqueles que governam as nações não aceitarãoessa idéia, recearão a perda do poder. Ouviremos muito a respeitode traição e deslealdade. As nações-estado ricas deverão partilharos seus bens com os pobres. Mas a escolha, como H. G. Wellsdisse uma vez em um contexto diferente, é claramente o universoou nada.Há alguns milhões de anos, não havia seres humanos.Quem estará aqui quando se passarem outros milhões de anos?Em todos os 4,6 bilhões de anos da história do nosso planeta, nadajamais o deixou. Mas agora pequenas espaçonaves exploratóriasnão-tripuladas da Terra movem-se, cintilantes e distintas, pelosistema solar. Fizemos um reconhecimento preliminar de vintemundos, entre eles os planetas visíveis a olho nu, todas essas luzesnoturnas errantes que incitaram nossos ancestrais a compreendêlase admirá-las. Se sobrevivermos, nossa época ficará famosa porduas razões: o momento perigoso de adolescência tecnológica quedirigimos para evitar a autodestruição e por ser a época em queiniciamos nossa viagem às estrelas.A escolha é rígida e irônica. As mesmas torres de lançamentode foguetes utilizados para lançar as sondas aos planetassão suspensas para enviar ogivas nucleares às nações. As fontesde poder radioativo na Viking e na Voyager derivam da mesmatecnologia que compõe as armas nucleares. As técnicas de rádio ede radar empregadas para orientar e guiar os mísseis balísticos edefender contra os ataques são também utilizadas para monitorizare comandar a espaçonave nos planetas e para captar os sinais dascivilizações próximas a outras estrelas. Se utilizarmos essastecnologias para nos destruirmos, certamente não nosaventuraremos aos planetas e estrelas. O inverso também éverdadeiro. Se continuarmos rumo aos planetas e estrelas, nossoschauvinismos serão abalados ainda mais. Ganharemos umaperspectiva cósmica. Reconheceremos que nossas exploraçõesQuem Responde pela Terra - 339

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