o texto literário no ensino de espanhol como língua ... - UERN
o texto literário no ensino de espanhol como língua ... - UERN
o texto literário no ensino de espanhol como língua ... - UERN
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
discursivos trabalhados, mais amplo será o <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> textual-<br />
discursiva” (p. 11), por isso a autora posiciona-se a favor do uso também <strong>de</strong> <strong>texto</strong>s <strong>literário</strong>s,<br />
numa perspectiva discursiva, já que assim ele é focalizado em relação ao con<strong>texto</strong> histórico-<br />
social em que é produzido. Para a autora:<br />
Também, é preciso pensar que o fato <strong>de</strong> proporcionar ao leitor prazer ou<br />
experiências singulares com a linguagem – não vinculadas a objetivos<br />
funcionais específicos faz parte das condições <strong>de</strong> produção do discurso<br />
<strong>literário</strong>. Dado que prazer e interesse propiciam concentração, tais <strong>texto</strong>s são<br />
pedagogicamente valiosos, sobretudo se abordados <strong>de</strong> uma perspectiva não<strong>no</strong>rmativista.<br />
Esses argumentos vão na direção <strong>de</strong> re-admitir <strong>texto</strong>s <strong>literário</strong>s<br />
nas aulas <strong>de</strong> <strong>língua</strong>. (SERRANI, 2005, p. 12).<br />
Corroboramos com a autora, na medida em que enten<strong>de</strong>mos que os <strong>texto</strong>s <strong>literário</strong>s,<br />
ao proporcionarem o prazer da leitura, são proveitosos <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>língua</strong> estrangeira. Com<br />
sua afirmação, Serrani (2005), polemiza o fato <strong>de</strong> que os enfoques <strong>no</strong>cionais – funcionais –<br />
enfoque do ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>língua</strong>s que dá priorida<strong>de</strong> à interação <strong>como</strong> meio e objetivo da<br />
aprendizagem – ten<strong>de</strong>m a não favorecer o uso do <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>língua</strong> tanto<br />
estrangeira, quanto materna, pois esse enfoque consi<strong>de</strong>ra o <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> <strong>como</strong> não<br />
comunicativo, argumentando que tem relativamente pouca aplicação em usos funcionais da<br />
linguagem.<br />
A pesquisa <strong>de</strong> Santoro (2007) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a diluição da dicotomia <strong>língua</strong>/literatura ao se<br />
referir à gran<strong>de</strong> “questão da relação [...], entre o <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> e a <strong>língua</strong> <strong>de</strong> que é feito”.<br />
Segundo ela, “a <strong>língua</strong> não seria pensável sem a literatura e a literatura não seria possível sem<br />
a <strong>língua</strong>”, especificamente <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>língua</strong> estrangeira, pois, para a autora,<br />
<strong>língua</strong>/literatura “ambas encontram-se <strong>no</strong> <strong>texto</strong> <strong>literário</strong>”. E ainda que: “o <strong>texto</strong> <strong>literário</strong><br />
enquanto a realização <strong>de</strong> todas as possibilida<strong>de</strong>s da linguagem <strong>de</strong>veria ser essencial <strong>no</strong>s cursos<br />
<strong>de</strong> <strong>língua</strong>” (SANTORO, 2007, p. 11-12).<br />
Para a autora, as abordagens do <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> na perspectiva do método tradicional<br />
apresentam-<strong>no</strong> <strong>como</strong> mo<strong>de</strong>lo perfeito <strong>de</strong> escrita a seguir, a imitar. Nessa perspectiva, essa<br />
construção é compreendida <strong>como</strong> objeto <strong>de</strong> “veneração”, portanto, inalcançável. Isso talvez<br />
justifique o fato <strong>de</strong> o ensi<strong>no</strong> da literatura nas aulas <strong>de</strong> <strong>língua</strong> estrangeira se dar <strong>no</strong>s níveis<br />
avançados, já que, nesse sentido, “a <strong>língua</strong> (fácil) antece<strong>de</strong> a literatura (difícil)” (SANTORO,<br />
2007, p. 19). Na abordagem comunicativa – visão adotada <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>língua</strong>s que prima<br />
pelo foco <strong>no</strong> sentido, ou seja, <strong>no</strong> significado, na interação entre os falantes, sua intenção e<br />
funções linguísticas – o <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> não é consi<strong>de</strong>rado “comunicativo”. Diferentemente,<br />
24