o texto literário no ensino de espanhol como língua ... - UERN
o texto literário no ensino de espanhol como língua ... - UERN
o texto literário no ensino de espanhol como língua ... - UERN
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Nesse sentido, observamos que os <strong>texto</strong>s <strong>literário</strong>s estão intimamente ligados à<br />
cultura, que tem <strong>como</strong> um <strong>de</strong> seus instrumentos a <strong>língua</strong>, e, sendo assim, a literatura<br />
acompanha as mudanças da cultura <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina socieda<strong>de</strong>.<br />
1.4.1 Múltiplas visões da literatura: o foco na poesia<br />
O fato <strong>de</strong> <strong>texto</strong>s serem tidos <strong>como</strong> <strong>literário</strong>s, leva-<strong>no</strong>s aqui a perguntarmo-<strong>no</strong>s: o que<br />
é literatura? Para uma <strong>de</strong>finição concreta é necessário abordar a sua natureza, estabelecer<br />
suas funções e diferenciações específicas das <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> arte. Logo, <strong>de</strong>finir literatura<br />
não é simples, uma vez que a literatura tem adquirido diferentes concepções <strong>no</strong> transcorrer do<br />
tempo.<br />
Inúmeras são as tentativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a literatura, as quais remontam à Grécia Antiga.<br />
Contudo, mesmo <strong>no</strong>s dias atuais, não há um consenso quanto a uma <strong>de</strong>finição comum. As<br />
concepções e, principalmente, as indagações em tor<strong>no</strong> da literatura emanam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Aristóteles,<br />
já na sua obra Arte poética, na qual propõe o conceito <strong>de</strong> mímese 1 , <strong>como</strong> principal modo <strong>de</strong><br />
explicar o fenôme<strong>no</strong> <strong>literário</strong>.<br />
Em linhas gerais, po<strong>de</strong>ríamos tomar <strong>como</strong> <strong>de</strong>finição para literatura, aquilo que <strong>no</strong>s<br />
propõe Compag<strong>no</strong>n (2006, p. 37), a qual <strong>como</strong> arte vale-se da linguagem <strong>como</strong> ponto <strong>de</strong><br />
partida ou elemento <strong>de</strong> expressão. Sendo algumas características <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> linguagem<br />
poética: a polissemia, a ficcionalida<strong>de</strong> e o estranhamento que po<strong>de</strong> ocasionar <strong>no</strong> seu leitor.<br />
Então, po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r “a literatura <strong>como</strong> um consenso, mas que produz também a<br />
dissensão, o <strong>no</strong>vo, a ruptura”. Da mesma maneira que há dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a literatura,<br />
encontramo-la também para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> poesia, especialmente, se consi<strong>de</strong>rarmos as<br />
diferentes correntes <strong>de</strong> estudos: estruturalistas, semiológicos, sociológicos etc. O campo é<br />
repleto <strong>de</strong> confins instáveis e, <strong>de</strong>sse modo, cabe ao estudioso adotar uma posição nesses<br />
estudos.<br />
Na Arte Poética, Aristóteles (1998, p. 244), apresenta duas razões possíveis que<br />
<strong>de</strong>ram origem à poesia. A primeira seria a imitação, a qual é inerente ao ser huma<strong>no</strong> e o<br />
possibilita não só o acesso aos conhecimentos <strong>como</strong> também a experiência do prazer. A<br />
segunda seria o gosto pelos elementos rítmicos do poema, o encanto pela harmonia, adquirida<br />
por meio da métrica, da rima, do ritmo etc. Nesse sentido, a concepção aristotélica <strong>no</strong>s oferece<br />
1 Nesta pesquisa, partimos do conceito <strong>de</strong> mímese <strong>como</strong> uma representação <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s diversas, <strong>no</strong> momento<br />
em que o <strong>texto</strong> poético e o leitor interagem e são atribuídos ou (re) construídos sentidos.<br />
28