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Viajamos durante alguns dias. No céu, aparecem os primeiros aviões.<br />
Cruzamos com trens <strong>de</strong> carga. Canhões e mais canhões. Tomamos o trem militar.<br />
Procuro meu regimento. Ninguém sabe ao certo on<strong>de</strong> está. Passo a <strong>no</strong>ite em um<br />
lugar qualquer; <strong>de</strong> manhã recebo alimento e umas vagas instruções. Assim,<br />
ponho-me a caminho <strong>no</strong>vamente com mochila e fuzil.<br />
Quando chego, não há mais nenhum dos <strong>no</strong>ssos na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>struída pelo<br />
bombar<strong>de</strong>io. Ouço dizer que <strong>no</strong>s transformamos em uma das divisões volantes,<br />
que são mandadas para os lugares on<strong>de</strong> houver mais perigo. Isso não é muito<br />
alentador. Falam-me das gran<strong>de</strong>s perdas que tivemos e procuro Kat e Albert.<br />
Ninguém sabe nada a seu respeito.<br />
Continuo a busca, vagando <strong>de</strong> um lado para o outro, é uma estranha<br />
sensação. Mais uma <strong>no</strong>ite, e <strong>de</strong>pois outra: acampo como um índio. Então,<br />
finalmente, consigo uma informação precisa e, à tar<strong>de</strong>, apresento-me na secretaria<br />
da minha Companhia.<br />
O sargento-mor me <strong>de</strong>tém lá. A Companhia volta à retaguarda daqui a dois<br />
dias, e não vale mais a pena mandarme para a frente.<br />
― Que tal a licença? ― pergunta ele. ― Tudo bem?<br />
― Mais ou me<strong>no</strong>s ― digo.<br />
― Sim, sim ― suspira. ― Se não fosse preciso voltar! Isto sempre estraga<br />
a segunda meta<strong>de</strong> da licença.<br />
Fico sem fazer nada, até a manhã em que a Companhia chega, cinzenta,<br />
imunda, cansada e triste. Então dou um salto e precipito-me para eles, procuro<br />
com os olhos, lá está Tja<strong>de</strong>n, lá está Müller, e lá estão também Kat e Kropp.<br />
Arrumamos <strong>no</strong>ssos colchões <strong>de</strong> palha um ao lado do outro. Ao olhar para eles,<br />
sinto-me culpado, e, <strong>no</strong> entanto, não há motivo para isto. Antes <strong>de</strong> dormirmos,<br />
tiro o resto dos bolinhos <strong>de</strong> batata e da geléia, para que eles recebam a sua parte.<br />
Os dois bolinhos da extremida<strong>de</strong> estão um pouco mofados, mas ainda se<br />
po<strong>de</strong> comê-los. Eu os pego para mim e dou os mais frescos para Kat e Kropp.<br />
Kat mastiga e pergunta:<br />
― Foi a sua mãe quem fez?<br />
Respondo afirmativamente com a cabeça.<br />
― Bom ― diz ele -, isto se vê logo pelo gosto.<br />
Sinto vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar. Não me reconheço mais.<br />
Mas tudo vai melhorar, agora que encontrei Kat, Albert e os outros. Meu<br />
lugar é aqui.<br />
― Você teve sorte ― murmurou Kropp, antes <strong>de</strong> adormecer. ― Dizem que<br />
vamos para a Rússia.<br />
Para a Rússia?! Mas lá não chega a haver guerra.<br />
Ao longe, a frente troveja. As pare<strong>de</strong>s da barraca estremecem.<br />
Faz-se uma limpeza em regra <strong>no</strong> equipamento. Uma inspeção suce<strong>de</strong> à