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Nada de novo no front(pdf)

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― Sim.<br />

O seu cérebro trabalha. Olha para Kropp, <strong>de</strong>sconfiado, porque não tem a<br />

me<strong>no</strong>r idéia do que quer dizer. Contudo, não se atreve muito, e recomeça com<br />

certo cuidado.<br />

― Então, não o encontraram?<br />

Kropp <strong>de</strong>ita-se na grama e pergunta: ― O senhor já esteve nas trincheiras?<br />

― Não é da sua conta ― <strong>de</strong>clara Himmelstoss. ― Exijo uma resposta.<br />

― Está certo ― retruca Kropp, levantando-se. ― Olhe para aquelas<br />

nuvenzinhas. São os antiaéreos ingleses. Ontem estivemos lá. Cinco mortos, oito<br />

feridos. Foi muito divertido. Da próxima vez, quando o senhor for co<strong>no</strong>sco, todos<br />

os soldados, antes <strong>de</strong> morrerem, aproximar-se-ão, baterão continência e<br />

perguntarão: “Por favor, po<strong>de</strong> me dar licença para que me retire? Dá licença <strong>de</strong><br />

esticar as canelas?”. Estávamos aqui esperando justamente por gente como o<br />

senhor!<br />

Senta-se <strong>de</strong> <strong><strong>no</strong>vo</strong>, e Himmelstoss <strong>de</strong>saparece como um foguete.<br />

― Três dias <strong>de</strong> prisão ― diz Kat.<br />

As conseqüências não tardam, e, à <strong>no</strong>ite, na hora da chamada há um<br />

interrogatório. Nosso tenente, Bertink, está sentado na secretaria e vai chamando<br />

um por um.<br />

Eu também tenho que <strong>de</strong>por como testemunha, e explico por que Tja<strong>de</strong>n se<br />

rebelou. A história <strong>de</strong> urinar na cama impressiona bastante. Himmelstoss é<br />

chamado e repito meu <strong>de</strong>poimento diante <strong>de</strong>le.<br />

― Isto é verda<strong>de</strong>? ― pergunta Bertink a Himmelstoss.<br />

Este se torce todo, mas, finalmente, após muitas evasivas, é obrigado a<br />

confessar, uma vez que Kropp confirma o meu <strong>de</strong>poimento.<br />

― Por que ninguém apresentou queixa na época? ― pergunta Bertink.<br />

Silenciamos; ele mesmo <strong>de</strong>ve saber o efeito que tem uma queixa na vida<br />

militar. Existe o direito <strong>de</strong> reclamar <strong>no</strong> quartel? Com certeza, ele compreen<strong>de</strong>, e,<br />

energicamente, censura Himmelstoss, explicando-lhe que a frente não é nenhuma<br />

parada. Depois, é a vez <strong>de</strong> Tja<strong>de</strong>n, que recebe um sermão mais longo e três dias<br />

<strong>de</strong> prisão. A Kropp, com uma pisca<strong>de</strong>la, ele dá um dia <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia.<br />

― Não há nada que se possa fazer ― diz-lhe pesaroso.<br />

É um bom sujeito.<br />

A prisão é bastante agradável: instalaram-na num antigo galinheiro; lá, os<br />

dois po<strong>de</strong>m receber visitas; sabemos como fazê-lo. Antigamente, éramos<br />

amarrados a uma árvore, mas agora isso é proibido. Às vezes, somos tratados<br />

como seres huma<strong>no</strong>s.<br />

Uma hora <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Kropp e Tja<strong>de</strong>n terem se acomodado atrás <strong>de</strong> suas<br />

gra<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arame farpado, vamos visitá-los. Tja<strong>de</strong>n recebe-<strong>no</strong>s com um so<strong>no</strong>ro cócó-ró-có.<br />

Então, jogamos cartas até alta <strong>no</strong>ite. Naturalmente, Tja<strong>de</strong>n ganha, o<br />

sem-vergonha!<br />

Ao <strong>no</strong>s <strong>de</strong>spedirmos, Kat me pergunta:

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